Os Traidores - Série Crianças de Moscou

70*

Na atual condição,  Olga não tinha porque mentir, não fazia sentido. Mas para sua surpresa, Dom estava calmo e pareceu acreditar.

—É filha do Hugh?

—Adotiva, dele e da Vonda! —Ela respondeu e juntou as mãos em frente ao corpo. Estava tremendo e mal podia se conter.

—Como pode provar? —Ele perguntou, ainda com o Rifle apontado para a cabeça dela.  Desde que tinham saido do porão e ido para sala, o homem não tinha vacilado um instante sequer,  a arma engatilhada, estava sempre virada diretamente para Olga, provando que bastava um erro para a morte.

—Eu... —Ela pensou —Uma foto,  me devolve meu celular que eu mostro!

Dom a olhou com desconfiança

—Eu não tentaria nada, não sou louca!

Escolhendo acreditar,  o homem deu dois passos para trás e pegou o aparelho posto sobre a mesa de centro.  Jogou o telefone na direção dela e analisou enquanto ela mexia

—Aqui! —Olga mostrou a selfie, dela com Arina e depois uma foto tirada no natal, onde todos, menos Hera a  estavam reunidos.—Você deve lembrar da Arina!

—A pequena dos vestidos brancos! —Ele afirmou e Olga pode respirar aliviada, vendo-o abaixar a arma —Hugh te mandou aqui?

—Não, eu já disse que ele está preso. Eu vim atrás do dinheiro!

—Como sabia que ele tinha escondido aqui?

Olga suspirou —Eu só...  Falei com uns familiares e eles disseram que você estava vivo. Então isso justificava as viagens do Hugh!

—O dinheiro dele é sujo!

Olga quase riu—E quem se importa? Eu estou disposta a negociar se você me mantiver viva, dividimos!

—Vou chamar a polícia.  Não sou criminoso!

O senhor barbudo deu as costas e quando estava prestes a sair Olga o chamou

—Não quer uma vida melhor que essa?  Um barco maior ? Uma boa casa? Você ainda pode conquistar tudo isso.

Dom virou-se e olhou diretamente para Olga—Não venha a minha casa e tente mudar meu a valores.

Com coragem, Olga levantou —Pense um pouco, você seria um dos homens mais ricos da república, ou melhor, do país!

—Quieta.  Hugh maltratava anjos, não pode usar esse dinheiro!

—Não, por favor.  Para mudar de vida, você só precisa me ajudar a tirar toda a grana de um sofá mixuruca.  O que tem a perder? Esse dinheiro vive sob seu teto há bastante tempo!

Dom pareceu pensar e Olga torcia mentalmente para que ele aceitasse. Bastava um sim, para que ela pudesse voltar a Moscou,  apenas uma simples resposta para que ela retornasse a civilização com sinal no telefone e televisão, uma confirmação para sua vida voltar ao normal ou melhorar.

—O que me diz?

—Eu vou me arrepender disso! —Disse o homem

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Ivan passou o dia monitorando o celular de seu tio Pavel.  O aplicativo era na verdade bem útil, o permitia ver a localização do homem e com o upgrade de 100 euros, a versão premium o dava uma visão completa de sites visitados e últimas ligações feitas. 

Junkie tinha saído pouco depois de sua chegada e ele não via Pietro desde a noite anterior.  Quando estava sozinho o silêncio o devorava.

Entretido com o tio, que ao que tudo indicava ainda estava em sua casa e só tinha recebido uma ligação que segundo sua pequena pesquisa, era de uma empresa de seguros. Era provável que seu tio tivesse contas a quitar, era o tipo de homem descansado que não gostava de trabalhar,  por isso ele achava extremamente importante mantê-lo longe de um cargo de chefia.