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—Sabe onde está a chave do meu carro?—Ivan perguntou ao chegar em casa, desde que Arina tinha partido não achava a chave de maneira alguma—Estou cansado de usar o metrô —Tirou os sapatenis e o casaco, antes de dar alguns passos em direção ao sofá, onde o moreno estava deitado—Minha mãe está arrasada, vão prender o meu pai e...  Agora eu preciso escolher alguém para cuidar do hospital enquanto me formo...

Pietro o olhou e escolheu não responder a nenhum dos comentários, queria que Ivan reconhecesse que estava errado e ligasse para Arina e como protesto, optou pelo silêncio.

—Vai pedir algo para o jantar? Eu não estou com fome, mas... —Observou que Pietro nem parecia ouví-lo —Ei? —Suspirou—Vai me ignorar até quando?

Pietro sentou no sofá e ajeitou a postura—Não!

—Não o quê? —Ivan questionou sem entender, tinha dito tantas coisas

—Não sei onde a sua chave está!

Ivan suspirou—Ela escondeu! —Comentou e notando que Pietro nem o Olhava ele respirou fundo —Eu acho que fiz a coisa certa, tenta entender isso do meu jeito, o que faria se estivesse no meu lugar? Tudo mudou de uma hora para outra...Não quero brigar com você por causa dela.

Pietro manteve sua atenção a televisão, onde transmitiam o jogo do seu time do coração o Dinamo de kiev, por mais que gostasse de esportes, não via um jogo há algum tempo e isso se tornou uma boa desculpa —Não é briga, estou vendo o jogo!

Ivan revirou os olhos, sabia quando desistir e aquele era o momento.Seguiu para o quarto e antes que pudesse pensar muito, deitou-se na cama, que parecia muito maior do que realmente era, quando se estava sozinho.

--◇◇--
Arina não dormiu e isso era um grande fator, quando se tem uma mente tumultuada a falta de sono é mais do que prejudicial e ela, podia culpar tal fato por ter acordado completamente focada em Hera depois da conversa que teve com Olga no dia anterior.

Hera era tão esperta quanto ela, uma mulher ardilosa que agia com milhares de segundas intenções e conviver com alguém com os mesmos defeitos que você, é um castigo.

—Arina...

Voltando a realidade ele fechou a lancheira do irmão e o encarou enquanto pegava mais um pão e colocava ovo e queijo para fazer um sanduiche.

—Você vai levar todo mundo?—Nicol perguntou

Entendendo o que ele queria dizer ela afirmou—Vou levar você, o Yrik e a Lana para a escola. Vá chamá-los! —Disse ao entregar a lancheira ao menino, era trabalhoso cuidar de todos e o pior era saber que tinha de estar na faculdade em menos de duas horas. Não tinha cabeça para isso, mas era a última semana do semestre, o momento para colocar o pingo em todos os "is"

—Me empresta o carro?  Quero chegar no trabalho mais rápido!

—Lev, você não dirige desde quando bateu o carro do papai!...—Ao pronunciar "papai" sentiu uma estranheza que passava a ser rotineira, nunca mais veria sua história da mesma forma, descobrir que os pais eram pessoas tão ruins, tornou tudo mais difícil.

—Eu não vou Bater. Tirei a carteira aos dezoito e só bati o carro duas vezes em dois anos.

—Eu te deixo na loja e depois vou a faculdade, não vai precisar dirigir!

Lev revirou os olhos—A Olga deixaria!

—Olga não tem carro!

—Ela saiu bem cedo com uma daquelas mochilas que usa em viagens... Sabe para onde ela pretende ir?

Os Traidores - Série Crianças de MoscouOnde histórias criam vida. Descubra agora