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Arina tinha perdido as forças, literalmente, sentia o corpo pesado na cama, a respiração estava estranha e suas costas pareciam suar, mas, ainda que seu cérebro estivesse em alerta, seus comandos não eram transmitidos claramente ao seu corpo.

Olhava para o teto com um desanimo que era maior que a dor que irradiava por seu corpo, nada a importava, nada era tão importante quanto a prisão utópica criada por sua mente, onde se via deitada olhando para o céu, com Pietro e Ivan ao seu lado, rindo e falando bobagens típicas do mundinho particular que eles criavam quando estavam juntos.

A ilusão era tanta, que só voltou a si, quando Fyodor a tirou da cama, a pegou no colo e a jogou embaixo do chuveiro, de roupa e tudo. Seus dentes batiam uns contra os outros e seu corpo parecia receber aquela fria corrente d'água como uma agressora.

-Para! -Pediu o homem, para que ela parasse de se mexer. -Calma!-Ele insistiu enquanto a segurava nos braços, mantendo-a em baixo do chuveiro sem se importar com as próprias vestimentas.

Arina segurou na camisa dele e ainda assim não conseguia controlar os espasmos que seu corpo tinha involuntariamente.

-Febre... -Ele disse olhando para ela, com um sotaque forte e a cara amarrada-Pavel aqui quando sol nascer! -Ele afirmou-Ele vem! -Disse como se quisesse passar segurança a ela, mas Arina mal se importava. Só queria que seu corpo parece de doer e tremer

--◇◇--

Assim que amanheceu Pietro esperou que o relógio marcasse oito horas, para que pudesse deixar Junkie e o silêncio preocupado e sair do apartamento para ir ao prédio de Dmitry. Ao chegar, teve o mesmo tratamento de sempre, subiu sem precisar ser anunciado e Nikolai o recebeu

-O senhor disse que você voltaria, parece que estava certo! - Nikolai falou ao fechar a porta

Pietro o olhou com surpresa -Então vocês conversaram sobre mim? -Questionou, mas antes que Nikolai pudesse responder, Dmitry entrou na sala, com um terno cinza e xadrez.

-Meu Favorito! -Disse Dmitry -Eu sabia que em algum momento você voltaria, todos sempre voltam! -Ele bateu una palma, antes de abrir um botão do paletó e sentar na poltrona- Me diga, vai levar o que? MD? heroína? O que quer vender? Você já conhece o menu-Ele riu e tocou o queixo-Basta escolher e pagar é claro!

Pietro suspirou-Não, eu não vim para isso!

-Ele disse que não veio pegar mercadoria, Nikolai? Eu ouvi bem?

-Sim senhor!

Dmitry cruzou as pernas e olhou para o teto-Veio até aqui para me ver então?

Pietro sentou-se no sofá -Na verdade, vim para tratar de um assunto bem sério!

-Pegue vodka para a gente, Nikolai, por favor! -Dmitry pediu

-Sim senhor! -Disse Nikolai ao se dirigir a cozinha

-Dmitry eu não quero nada, não quero beber!

-Tarde demais! -Disse o homem o olhando diretamente-Vamos beber!

Nikolai colocou dois copos pequenos e transparentes na mesa de centro e os encheu, antes de distribuí-los

Pietro suspirou-Eu posso falar com você, a sós?

Dmitry anuiu ao beber -Nikolai, saia!

O capanga o olhou-Tem certeza senhor?

-Sim, eu dou conta e ele não é ameaçador! -Dmitry respondeu

Pietro deu um leve gole no copo e esperou Nikolai para finalmente começar a falar-Eu sei que não gosta de ser importunado, mas...

-Você não me importuna! -Dmitry falou ao encher seu copinho novamente

Os Traidores - Série Crianças de MoscouOnde histórias criam vida. Descubra agora