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Três corações preocupados e separados em diferentes distâncias. Essa era a explicação perfeita para o que Pietro, Arina e Ivan estavam sentindo. A noite trazia a sensação de abandono quando não estavam juntos.

Depois de tanto tempo dividindo a cama, era difícil dormir longe, Pietro tinha ido para o quarto de hóspedes devido ao primo de Ivan, que acabou ficando no sofá -após uma conversa longa - e separados eles só pensavam em Arina; Que também os tinha na cabeça, enquanto encarava o teto do quarto de seu cativeiro, cheia de inseguranças e incertezas. Não havia saída para ela e isso a assustava muito mais do que o homem que jogava damas muito bem.

Apertando o lençol e tentando dormir, ela se perdeu profundamente em recordações de momentos bobos e acabou pegando no sono. Diferente de Ivan, que por ficar sozinho naquele quarto que lhe parecia muito maior, e naquela cama sem que houvesse dois corpos ao lado do seu, teve tempo suficiente para esvaziar as gavetas e finalmente encontrar a chave do carro, que estava perdida há dias.

Pietro por sua vez se perdeu em ações e pensamentos concretos, com um caderno e uma caneta, passou a listar todas as informações e desconfianças que tinha a fim de encontrar uma prova ou algo concreto que o levasse a verdade. Ter de pensar demais e fazer uma lista, tinha se tornado uma ótima ideia devido a enxurrada de pensamentos que o rondava.

Sentar e escrever sobre a realidade o ajudava a organizar os pensamentos. Tinha acontecido tanta coisa em tão pouco tempo, que a única maneira que achou para lidar com a insônia, foi tratar do assunto que o afetava.

Exausto e com uma dor incômoda na cabeça, Pietro saiu do quarto e foi a cozinha, onde com cuidado, decidiu fazer seu chá . Abriu a geladeira, tirou duas maçãs e as cortou em quarto, tirando o miolo e as colocando na panela pequena, procurou por uma rama de canela e ao encontrar jogou-a junto das maçãs e encheu a panela com água, antes de pegar o isqueiro e ligar o fogo.

Sabendo que o chá demoraria para ficar pronto, Pietro andou até a mesa, puxou uma cadeira e sentou-se, a quietude daquela casa fazia sua cabeça girar, então, para se distrair ele passou a brincar com o isqueiro, fazendo o fogo aparecer e sumir.

—Deveria dormir!

Pietro piscou duas vezes, voltando a realidade e encarando o primo de Ivan, que se sentava no sofá

—Disse o homem que está acordado

—Touché... —Respondeu Junkie, se esticando para pegar o sobretudo na poltrona ao lado —Você guarda as palavras gentis para o Ivan, não é?

Pietro voltou a acender o isqueiro e manteve -se em silêncio. As palavras gentis realmente haviam sido reservadas a Ivan e analisando agora,  isso o deixou um pouco culpado, ele queria uma segunda chance com Arina, queria tê-la em seus braços para que se amassem e diferente de antes, ele se permitisse conhece-la.

—Acende para mim?

Pietro o olhou, mas ao invés de se aproximar, lançou o isqueiro em direção a ele, não queria conversar, só precisava que seu chá ficasse pronto.

—Você e o Ivan tem uma relação especial,  percebi quando o acalmou!

Pietro tentou suavizar a expressão após aquela afirmação, ainda que tenha recebido tal frase com um leve susto
—Somos bons amigos... —Disse após pigarrear

—Eu entendo! Delovich e eu eramos...bons amigos! —Ele levantou com o cigarro na boca e o isqueiro na mão e andou até a cozinha,  Pietro o seguiu com os olhos, quieto e querendo saber se o que foi dito pelo homem tinha o tom que ele havia entendido.

Junkie voltou a sala a sentou-se a mesa com um pires em mãos, onde em silêncio, bateu o cigarro.  Notando que homem tinha se calado de vez, Pietro arqueou a sobrancelha

Os Traidores - Série Crianças de MoscouOnde histórias criam vida. Descubra agora