32*

1K 77 9
                                    

—Sente-se e melhore a maneira de falar comigo, garoto!—Disse o doutor,ao sentar-se em sua cadeira com uma cara enfezada

—O senhor precisa me dizer onde minha mãe está!

—Você acaba de atrapalhar uma conversa muito importante, sobre a cirurgia que faremos na Dária, para falar de sua mãe?  Como saberei?  Não tenho dormido ou estado naquela casa

Hugh levantou-se—Acho que vocês precisam conversar! —Ele esticou a mão para apertar a do doutor—Depois voltamos a nossa conversa, já fico tranquilo em saber que minha filha receberá o melhor tratamento!

Górki sorriu

—Fique calmo, Ivan! —Disse Hugh ao tocar o ombro dele—Mande um beijo a minha capitã!

Ivan assentiu e o esperou sair para voltar sua atenção ao pai

—Não tenho dormido em casa desde que sua mãe chegou de viagem com ideias erradas!

Ivan deu uma risada nasal e cruzou os braços—Ideias erradas?  Chama de ideia errada ela me dizer que você me usou como substituto do filho morto de vocês?

Górki mostrou está abalado por uns segundos, mas logo sua expressão voltou ao normal—Ivan, eu não quero ser todo sentimental, mas você sabe que é meu filho, o primogênito, o único e preferido.

Ivan passou a mão no rosto, tinha chorado todo o necessário, reclamado, odiado os pais, mas agora, queria esclarecimentos. Não se importava se o pai lhe diria palavras bonitinhas, o próprio doutor tinha lhe ensinado a separar as emoções, a ter sabedoria e saber a hora de demonstrar ou não. Se às vezes,parecia apático, frio ou usava a sinceridade de forma direta demais, era culpa do pai.

—O senhor esteve lá ontem, e hoje, minha mãe sumiu, sem deixar vestígios. A mulher que estava te ameaçando, que disse ter descoberto algo sobre...

O doutor levantou a mão fazendo ele se calar—O que ela te disse? —Perguntou—Foi isso que eu perguntei a ela. Apenas isso!

Ivan puxou a cadeira para se sentar—Quer que eu acredite, que o senhor foi visitá-la amigavelmente para saber o que ela disse a mim?

O doutor sorriu, um sorriso que Ivan viu poucas vezes na vida, seu pai só o olhava e sorria daquele jeito com notícias como aquele deu assim que entrou na faculdade de medicina.

—Você não me atendeu, fiquei preocupado e sim, por me importar com você, meu filho, fui até ela. Kenia é uma mulher difícil, admito que discutimos, mas você pode perguntar aos empregados, fui embora pouco tempo depois. E se quer saber mais, tentei sim ser gentil, levei o suco para ela e disse que estava disposto a voltar para  casa e esquecer tudo. Portanto que conversássemos juntos com você, como uma família.

Ivan estava surpreso, e por mais que isso atrapalhasse seu julgamento, parte de seu ser queria acreditar no pai, sempre quis ter a admiração dele.

—Sua mãe deve ter viajado ou ido a alguma igreja. Ela tem bastante dinheiro, pode ir a qualquer lugar que queira.

—Ela saiu sem ninguém ver, como isso pode ter acontecido?  Saiu sem levar nada?

—Meu filho—Disse de uma forma tão carinhosa que Ivan estranhou —Quantas vezes em sua vida, sua mãe saiu sem avisar ninguém, por que estava precisando abrir os chakras ou sei lá quais são os termos que ela usa... Mas o fato é, quantas vezes?

Ivan pensou, sua mãe tinha dessas, uma vez sumiu por duas semanas e estava em um retiro em algum lugar da China. Mas isso tinha acontecido há mais de sete anos e Kenia tinha prometido nunca mais fazer isso, por mais que tenha feito a mesma coisa cinco meses adiante.

Os Traidores - Série Crianças de MoscouOnde histórias criam vida. Descubra agora