—Arina eu estou dizendo, Hera está saindo com um homem bem mais velho! —Disse Lev, rasgando o pão na mão enquanto comia
Arina o encarou por alguns instantes, queria dizer tudo a ele, tudo que havia descoberto, mas não o fez. O garoto poderia não aceitar bem, estava em uma fase estranha da vida que ele mascarava com diversas mudanças de estilo, ela tinha certeza que ele estava em busca de seu lugar no mundo e não podia desencanta-lo falando mal de seus pais.
—Quem te disse isso? —Questionou olhando para o cappuccino, sua alternativa já que não vendiam apenas leite quente.
Aquele assunto não importava nunca esteve interessada na vida de Hera e não começaria agora,numa lanchonete, do hospital, com seu irmão que iria rende-la da missão atual, que era ficar com Daria até àquela tarde.
—Olga, acho que ela está seguindo a Hera. Disse que a viu duas vezes essa semana com esse homem. — Passou a mão pelos cabelos ruivos ao falar
Arina riu—Era melhor quando Hera estava longe, eu não precisava buscar respostas para as coisas que ela diz!
Lev tirou mais um pedaço do pão —Está parecendo triste!
Parecia e realmente estava, pensou no homem que conheceu, e fez as contas, ele deveria ter quarenta anos, doze anos mais velho que Olga. Era irmão dela também, e por mais que seu sangue não corresse nas veias dele, tinha certeza que havia sido tratada mais como filha do que ele.
—Dormir aqui, me deixou assim.
Lev tocou a mão dela que estava solta na mesa—Eu sei que é duro, e vou dizer mesmo que a mamãe tenha gritado comigo quando expressei minha opinião
—Vá direto ao ponto!
—OK! —Ele soltou a mão dela e limpou a boca no guardanapo—A Dária nunca irá melhorar. Ela ficará assim para sempre, estão torturando ela naquela sala, prolongando a existência sofrida dela. —Viu que a irmã prestava atenção —Ela precisa que a deixemos descansar, ela come por uma sonda, ela não se mexe, não fala, não está mais nesse mundo. Deveriam desligar tudo e deixá-la partir.
Arina levantou-se irritada—Não pode falar assim. Ela é nossa irmã seu moleque.
—Eu só acho...
Arina o olhou de uma forma que o fez se calar—Você não tem o direito de achar nada. Quando entrar no quarto dela, trate de guardar suas opiniões para você e ser a porra de um bom irmão. Ouviu?
Lev assentiu —Desculpe!
Arina abriu a bolsa e tirou a carteira —Estou indo. Não quero ouvir esse tipo de coisa nunca mais!—Colocou o dinheiro na mesa —Fica com o troco.
Se afastou da lanchonete que ficava na parte de trás do hospital e seguiu pelo corredor a direita, para pegar o elevador e seguir a seu carro.
Pensativa sobre a ousadia de Lev em sugerir algo tão absurdo, começou a se perguntar se valia mesmo a pena todo o esforço que estava fazendo, já que não conseguiam combater a doença.
Balançou a cabeça para expulsar o sentimento ruim e apertou o botão que indicava a garagem.
Esperou pacientemente, enquanto o elevador descia um mísero andar e assim que saiu, passou a olhar em volta em busca de seu carro. Era sempre a mesma coisa, estacionava em um lugar e perdia o veículo, Ivan odiava isso nela.
Andando pelo estacionamento escuro ela ouviu a voz de seu sogro, não se surpreendeu dele está ali tão cedo, mas a maneira que a voz dele imprimia ordem e força lhe trouxe uma tremenda curiosidade. Deixando de procurar por seu carro, ela seguiu a voz. O encontrou rápido perto do próprio carro, ele falava ao telefone.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os Traidores - Série Crianças de Moscou
Teen FictionPietro, Ivan e Arina tinham problemas e magoas que não seriam resolvidos com facilidade. Ivan era carente Arina só queria ajudar sua família Pietro sofria ao lembrar dos abusos do passado Por isso, assim que passam a conviver juntos, todo...