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Arina tinha explicado o que já sabia. Que Dmitry, filho de seus pais, estava ameaçando, Hugh, que tinha feito algo para  que Górki o ajudasse a pagar. Faltava descobrir o que era o trunfo dessa ameaça, o que Dmitry sabia.

—Não faz sentido!

—Como assim, Ivan?  É claro que faz! —Arina cruzou os braços, incrédula, tinha contado toda a história de como chegou a suas conclusões, dito que questionou Dmitry -O que lhe garantiu um belíssimo sermão vindo de Ivan- falou da conversa estranha com o pai no estacionamento e de como chegou a essas conclusões, enquanto dirigia para casa.

—Meu pai não conheceria esse tal de Dmitry e se alguém estava o ameaçando, esse alguém é minha mãe!

Pietro o olhou—E onde ela está?

—No Camboja. Recebi um e-mail

—Ela saiu assim?  Do nada? —Pietro perguntou

Ivan assentiu—Conversei com meu pai, ele a encontrou e disse para ela me mandar um e-mail.

Arina pareceu desconfiada—Um e-mail? Ela memorizou seu e-mail?

—Acho que sim... Como posso saber?

—Tinha algo de diferente? —Pietro perguntou

Ivan olhou para eles e balançou a cabeça negativamente, não podia dizer que uma coisa sutil como ela não dizer "Boas energias a você!", fosse sinal de que algo estava errado

—Tem certeza? Eu não acredito muito nisso! —Disparou Arina

—Ela não está desaparecida! —Ivan suspirou—Só foi embora e deixou aquele livro... Ela nem é de ler poesia!

—O nome no livro, era o mesmo que estava na carteira da Hera. —Pietro disse e olhou para Ivan—Esqueci de te falar isso antes. Por isso revirei o quarto, estava procurando o papel que furtei.

—Onde está esse número? —Ivan perguntou—Posso tentar ligar!

—No livro da sua mãe! —Ele respondeu— Coloquei lá quando você viu as drogas na minha bolsa.

Ivan levantou-se e foi ao corredor, pegar o livro que havia guardado no quarto

—Deve ser algum advogado, eu disse isso a você! —Falou Arina ao tirar as botas e colocá-las embaixo da mesa.

—Como pode saber?

—Não tenho como provar, é que... não consigo encaixar a Hera nisso tudo. Ela sabe o segredo do meu pai, mas é da mãe do Ivan que estamos falando... Elas se conhecem?

Pietro parecia pensar, Arina o olhou e ainda incomodada com a história contada por Ivan, tocou o antebraço dele, agora sabia o motivo daqueles olhos verdes serem ferozes e ao mesmo tempo tristes.

—Não acha que deveria denunciar sua mãe? —Ela perguntou —Nunca pensou que ela merece pagar pelo o que fez com você?

Pietro suspirou —Eu só quero esquecer isso, só esquecer, fingir que nunca aconteceu! —Ele disse com toda sinceridade, olhando-a nos olhos.  Seu maior desejo era virar a página, estava tentando recomeçar e talvez não conseguisse dar um novo passo com tanta facilidade, mas faria o possível para tentar.

—Você é muito mais forte do que pensa! —Ela disse e beijou a mão dele

Pietro sorriu para ela e acariciou aquela mão pequena e de dedos magros que pareciam um pouco suadas.

—É um número diferente—Disse Ivan, saindo do corredor discando o número em seu aparelho

Arina e Pietro o observaram com atenção, da discagem ao primeiro "Alô" dado por ele

Os Traidores - Série Crianças de MoscouOnde histórias criam vida. Descubra agora