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Pietro lutou para conseguir fazer Ivan a ir ao hotel e não teria conseguido sem ajuda de Arina, que da mesma forma que ele havia feito no dia anterior, garantiu que o hospital estava cuidando de Pietro e que não teriam motivos para se preocupar.

Ivan relutou, mas perdeu de diversas maneiras, Arina era bem persuasiva e Pietro sabia o que dizer para deixá-lo seguro, e ainda que sentisse como se estivesse abandonando o garoto, pegou um táxi e foi ao hotel,  onde entrou imediatamente no banheiro e tomou um banho;  Livrando-se de boa parte das marcas invisíveis deixadas pelos acontecimentos do dia anterior.

A dor física e os hematomas aparentes, podiam ser facilmente tratados com remédios e escondidos com as roupas limpas, que estavam guardadas na mochila de Pietro -que havia sido resgatada de seu carro completamente destruído e guardada por Junkie-mas, as cicatrizes imperceptíveis deixadas por todo aquele dia traumático, não eram tão fáceis de curar ou esconder. Por isso, aquele banho estava sendo essencial.

—Ivan? —Arina o chamou parando na porta do banheiro,  o loiro abriu o box e ela o entregou a toalha —Está na hora do seu remédio!

Ivan passou a toalha branca e não tão macia pelo corpo, antes de responder —Eu não quero tomar!

—Como não?  Vai ficar sentindo dor o dia todo?

Ivan suspirou amarrando a toalha na cintura e pegando a camiseta preta de manga curta no gancho preso a parede, assim que tocou na peça, sentiu o perfume  de Pietro inundar suas narinas e se conteve para não cheirar, como na noite em que dormiu sozinho

—Toma! —Apoiada na muleta, ela se aproximou dele e esticou a mão com o comprimido, enquanto o assistia vestir a camisa —Se agir como o Nicol e não conseguir tomar o remédio, vou ter que esconder isso na sua comida ou bebida!

—Você precisa ficar de repouso e eu sei me cuidar! —Afirmou beijando a testa dela e se afastando para pegar outra peça no gancho

Arina balançou a cabeça negativamente e se manteve em silêncio, observando Ivan. Ele estava com os cabelos loiros molhados e pingando, acompanhou a goticola que rolou por aquele rosto pálido e chegou a vermelhidão em volta daqueles belos olhos azuis,ela seguia olhando cada detalhe, mas o nariz inchado e diversas marcas roxas em seu abdômen lhe trouxeram um sentimento ruim e a lembrança de como havia sido impotente; Tanto para tirar o homem de cima de Ivan, quanto para impedir Pietro de tomar um tiro.  Talvez fosse esse o motivo de não está se importando com a própria saúde, queria cuidar dos meninos, da mesma forma que fazia com os irmãos mais novos.

—Essa cueca não é minha! —Disse Ivan —Não uso boxer!

Arina anuiu—Você não trouxe uma muda de roupa e não pediu para o Junkie comprar, então...

Ivan a olhou—Eu não estava com cabeça para isso! —sibilou

—Tudo bem, não estou te julgando! —Disse compreensiva—Eu mesma demorei para perceber que estava de roupa íntima e camiseta no meio da confusão! —Afirmou

—Por isso pensei primeiro em te vestir!

Arina riu e puxou a toalha da cintura dele e sem nenhum aviso, passou o tecido nos cabelos loiros do menino, que pareceu envergonhado —Por favor, não me olha desse jeito, eu já vi tudo isso várias vezes!

—Você é incorrigível! —Mordeu o lábio rindo ao tocar a mão dela, guiando a toalha por sua cabeça

Ela deu língua para ele e se afastou apoiada na muleta —Coloca a roupa e vamos deitar um pouquinho!

Ivan anuiu ao vestir a cueca que não o pertencia e como se estivesse incomodado, olhou para a namorada que o encarava

—Toma seu remédio! —Arina insistiu

Os Traidores - Série Crianças de MoscouOnde histórias criam vida. Descubra agora