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Kenia soltou as mãos de Arina devagar e cantarolando,abaixou uma das grades ao lado da cama e olhou para a garota

—Tão calminha. Deveria ser assim!

—O que aplicou em mim?...

Kenia sorriu —É só para te deixar controladinha. 

Arina piscou algumas vezes,tentando voltar a realidade,mas era difícil, só podia se segurar a voz de Kenia,que era seu único contato com o que acontecia. Tudo a sua volta parecia longo, a sala em que estava agora era como um quarto enorme,com paredes distantes,que se tornaram ainda mais longínqua quando sem muita delicadeza,a sogra a tirou da cama.

Colocar aos pés naquele chão áspero,fez sua perna enfaixada doer,a dor provavelmente teria incomodado mais se não fosse o remédio.

—Foi só uma luxação, sua perna está boa!—Disse Kênia ao tirar a atadura da perna dela

—Por que está fazendo isso?—Arina perguntou e incomodada com a maneira lenta a qual estava falando,deu um tapa fraco na própria cabeça,tentando voltar ao normal

—Você tem algo que eu quero!

Arina suspirou —Do que está falando?—Perguntou enquanto Kenia a guiava ou puxava,em direção a porta do lado esquerdo do quarto

—Meu marido muito inteligente,guardou uma grande quantidade de dinheiro com seu pai!

Arina respirou fundo quando Kênia empurrou a porta e entrou ainda a segurando pela cintura.

—Eu não sei do que está falando!—Disse ela ao tocar a parede,aquele banheiro parecia enorme para conter apenas uma privada e um chuveiro improvisado,vindo de um cano saído da parede.

—Eu sei que você sabe!—Disse rindo ao abrir o fecho do sutiã de Arina,que ficava nas costas.

Arina segurou a parte frontal da peça, querendo impedir que a sogra retirasse—Eu não quero tomar banho

—Mas vai! —Disse Kênia—Eu vejo meus seios todos os dias Arina,não  tenha vergonha

Arina recuou antes que ela a encostasse —Não me toca!

—Você pode escolher, ou eu te dou banho ou algum dos meus pode lhe dar.  Aqueles homens adorariam te ajudar!

—Desgraçada...—Disse ela sentindo a perna ficar  pesada

—Não lute!

Arina apertou os olhos, não tinha forças para lutar contra a mulher a sua frente,e mal conseguia pensar em algo bom o suficiente para dizer. Sua perna dolorida pereceu falhar,o que a fez afastar os braços e apoiar-se na parede.

Kenia puxou o sutiã de Arina e o retirou, logo após abaixou a calcinha sem muita  cerimônia e deu três ou quatro passos em direção ao registro na parede para fazer a água começar a sair do cano.

—Está fria,mas não vai te matar!

Arina respirou fundo,buscando uma estratégia para recobrar a consciência e manter o controle da situação,mas não conseguia. Todos seus instintos estavam adormecidos. Era apenas uma garota vulnerável,sozinha,baixinha e agora nua e tremendo de frio. Nas mãos de uma louca que por algum motivo queria lhe dar um banho e não parava de falar.

Kenia a puxou pelo braço sem muita delicadeza e a colocou em baixo do chuveiro improvisado.A água lhe caiu como um choque,a arrepiou e a fez tremer. Por instantes, não sentiu mais a mão da sogra em seu corpo, o que a assustou. Arina olhou em volta piscando e tentando enxergar, quando sentiu o toque da mulher novamente,a tirando debaixo do chuveiro.

Os Traidores - Série Crianças de MoscouOnde histórias criam vida. Descubra agora