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Pietro não pregou os olhos em nenhum momento da noite, apenas manteve-se  ansioso pelo amanhecer, onde pode finalmente tomar uma atitude e sair do apartamento. Junkie tinha aberto seus olhos, ele não queria e não podia esperar que Ivan desse um jeito, ainda que o loiro estivesse disposto a encontrar a mãe e questioná-la.

Por isso, no início daquela tímida manhã chuvosa, ele pegou o metrô e seguiu ao hospital onde Hera estava, sabia que o horário de visitas na parte da manhã era de oito as onze, mas a ansiedade em seu peito era tamanha, que não se conteve. Mas, por ter saído cedo demais,  teve de esperar na lanchonete do hospital por uma hora ou duas horas.

Quando finalmente achou aceitável ir a recepção, recebeu sem esforço um adesivo,cujo colou no moletom, que indicava seu nome, o quarto e identificação da paciente que iria visitar.

Com medo que houvessem policiais que impedissem sua entrada, Pietro se apressou ao pegar o elevador e seguir ao andar indicado.

"Calma! " -Seu cérebro dizia,mas algo nele lutava em gritar

Andando da maneira mais normal que podia, bateu na porta e ouviu um suave "entre", fez o que Hera ordenou e se viu em um quarto pequeno e branco, com uma televisão embutida, uma poltrona reclinável e uma especie de cõmoda que tinha sobre si flores e algumas folhas que pareciam desenhos ou carta, Hera estava entada na cama,com um caderno e um lápis em mãos. 

—O que faz aqui? —A garota perguntou

Pietro não pôde deixar de notar que ela não parecia nada bem, com uma coisa que ele não conseguiu definir envolta do pescoço e ferros, fixados em ambas pernas, que ele logo deduziu estarem quebradas. A loira pálida possuía diversos arranhões nos braços e o olho esquerdo, que estava bem roxo, fez Pietro arfar.

—Como está? —Perguntou, um pouco sem graça por ser claramente indelicado, encarando a garota

—Me olhar desse jeito não responde a pergunta? —Ela questionou, apontando para si com o lápis

Pietro coçou a cabeça —Desculpe!

—Por que veio? 

—Você pediu para ver eu e o Ivan e desistiu subitamente!

—Mudei de ideia! —Ela respondeu, rabiscando algo no caderno

—Eu não acredito em você! —Ele sentou na poltrona —Acho que alguém te ameaçou!

—Você é louco!

—Arina corre perigo! —Ele disse e passou ambas mãos no rosto, estava atordoado —Você pode não gostar, mas ela é sua irmã, precisa protegê-la, não mentir sobre ela para a polícia

—Eu não menti!

—Você me ligou, no dia do acidente não lembra? Me pediu ajuda.

Hera o olhou—Não, você nos telefonou, eu atendi enquanto a Arina dirigia. 

—Isso é indiferente!

—Não, não é! —Ela respondeu —Se não lembra disso, que é sim, muito importante, como poderão acreditar que te pedimos socorro?

Pietro pensou, Hera estava certa, ele havia feito a ligação, como pôde se esquecer disso?

—Mas... Vocês estavam desesperadas,  eu lembro!

—Saia! —Ela disse e apontou para ele com o lápis —Vou chamar a enfermeira!

Pietro levantou-se —Hera, conversa comigo, por favor...  Eu estou desesperado há dias!

—Por isso o leve hematoma no rosto?

Pietro nem se lembrava disso, o dia de sua quase recaída,  era o mesmo do desaparecimento de Arina, o que tornava sua memória um pouco complicada.  Tinha discutido com Ivan, ligado para Arina, ido até Yeva, apanhado de um brutamontes...  Tantas coisas que tinham sido deixadas de lado. 

Os Traidores - Série Crianças de MoscouOnde histórias criam vida. Descubra agora