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Pietro foi a casa de Dmitry, antes de anoitecer, estava prestes a tirar um peso enorme nas costas. Ivan tinha lhe dado o dinheiro e ele não podia esperar.

—Favorito, você já vendeu tudo? —Disse Dmitry ao vê-lo —Veio pegar mais?

Pietro passou por Nikolai e esperou ele fechar a porta

—Vim te pagar!

—Nikolai minha agenda, por favor! —Pediu —Quanto dessa vez? Cinquenta?  Cem?

—Tudo!

Dmitry piscou duas vezes, parecia incrédulo —Nikolai ele disse que vai zerar a divida. Ouviu isso?

—Sim senhor! —Disse Nikolai ao entregar a agenda nas mãos do chefe

—Você me deve...

—Eu te devia, sete mil e setecentos —Disse Pietro ao tirar do bolso o dinheiro necessário e entregar nas mãos dele—Ai tem trezentos rublos a mais, antes que fale sobre os juros, já adicionei os quinhentos que você aplicava para mim!

Dmitry apontou para Nikolai enquanto contava o dinheiro e o capanga pegou uma caneta e entregou a ele

—É, perdi meu favorito. Está magoando meu coração Pietro, mas alegrando meu bolso. —Escreveu algo na agenda e a entregou a Nikolai—Tenho que te deixar partir!

Pietro riu, Dmitry estranhamente gostava dele.

—Só me resta aceitar e... —Levantou-se—Te desejar uma boa vida! —Estendeu a mão para que Pietro apertasse, ele o fez e Dmitry o abraçou.

Pietro sentiu uma estranheza cômica com aquele abraço, mas deixou o homem decidir a hora de soltá-lo

—Precisando de um dinheiro extra, estou aqui. Não vai morar na rua não é?

Pietro balançou a cabeça negativamente —Estou no apartamento de uns amigos!

—Eles crescem tão rápido, ouviu isso Nikolai?

—Sim senhor, eu ouvi!

—Não fique com saudade! —Disse Dmitry acompanhando Pietro até a porta—Tchauzinho!

Pietro sorriu ao sair —Adeus!

Pietro não sentiria falta dele, na verdade esperava nunca mais precisar revê-lo, porém, não podia negar que se não fosse por Dmitry, estaria dormindo na rua, ou voltaria para seu antigo país.

Nikolai como da última vez o levou até o elevador, Pietro o olhou e respirou fundo. Sentia que estava na hora de escrever uma nova fase da vida.

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Ficar com Dária era triste, Arina sentia falta da vozinha doce dela, saudade de ouvir as histórias fantasiosas que ela inventava e de tê-la como cúmplice contra Igor que teimava em levar os meninos de sua escola, ao seu quarto para mostrar seus sutiãs rendados, o que era ridículo. Dária contava tudo a ela e sempre se vingavam do menino atrevido.

Arina a viu ligada a diversos aparelhos, fazia tempo que não ficava a sós com a irmã e decidiu conversar com ela, Dária ouvia tudo e as vezes sorria. Ao menos ela gostava de acreditar que ela entendia

—Meu amor, você lembra de quando fomos para Anapa? Foram mais de doze horas de viajem, nossos pais estavam cansados de dirigir a van e você toda hora queria fazer xixi... —Ela riu—Se enchia de água e deixava a Hera irritadíssima quando parávamos. Lembra da praia? —Arina sorriu quando viu a irmã fazer o mesmo—Era belíssima, areia fofa e aquela água gelada... —Entrelaçou seus dedos com os da irmã —Foi tudo tão calmo, tão bom. Foi nossa melhor viagem, você era boa em jogar bola. Decidiu que seria jogadora de futebol naquele ano, era menor do que é hoje, mas tão esperta. Você é muito esperta Daria.—Teria continuado a falar com a menina, que estava com os olhos perdidos no teto. Mas, um barulho na porta a fez olhar para trás

Os Traidores - Série Crianças de MoscouOnde histórias criam vida. Descubra agora