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Pietro olhou-se no espelho, fazia tempo que não tinha uma sensação daquelas, uma nuvem ruim, um pesar em seu corpo;  Achava que tudo isso tinha passado quando deixou as drogas e tentou cuidar de seus traumas aos braços de Ivan e Arina.

Jogou um pouco de água no rosto e respirou fundo, a briga de Ivan e Arina estava o corroendo, por: sentir falta do que tinham, saber que todos estavam tristes pelo distanciamento e principalmente, por reconhecer que Arina recebeu toda a culpa que deveria ter sido divida com ele, já que não estava tão alheio quanto fez parecer.

Talvez fosse a mentira que o trouxesse aquele pesar e a incerteza do que sentia por Arina, o arrependimento por tê-la julgado e o fato de está ignorando Ivan nos último dias, eram tantos os motivos, tantos pesares que o faziam pensar em uma coisa que não usava há alguns meses.

—Eu parei! —Disse a si mesmo se olhando no espelho

Era tão estranho, podia passar meses sem usar heroína, mas bastava o mínimo de estresse para que parte de seu ser lhe desse essa alternativa. Saiu do banheiro masculino da universidade e decidiu procurar por Arina, queria vê-la e saber como ela estava,talvez conversar sobre como se sentia.

Na verdade só precisava de um escape, por mais que soubesse que isso seria difícil em seu estado atual, queria tentar. Queria que a nuvem ruim sumisse.

Constatando que pelo horário Arina não estaria mais nas salas do terceiro andar, decidiu ligar para ela. Discou o número e parou em um dos degraus e para sua felicidade, ela atendeu rapidamente.

Ouviu uma pequena discussão e alguns gritos

—Arina? —Perguntou tirando o celular do ouvido e constatando se tinha ligado para a pessoa certa

Não entendeu muito do que foi dito, apenas ouviu gritos e um barulho e dentro de toda confusão, escutou o nome: Hera

—O que você está fazendo com o telefone dela?

Pietro ouviu gritos

—Liga para a polícia!

—...Acelera... —Ouviu Hera gritar

—...A gente vai morrer... Respondeu Arina ao gritar

Identificando a voz ao fundo Pietro passou a chamar o nome de Arina

—...Socorro... —Disse Hera

Ele mal conseguia entender o que ela estava dizendo, seu coração acelerou e sem saber como agir perguntou —O que está acontecendo?

—Ajuda a gente! —Disse Arina um pouco desesperada—A Kenia....

Ela não conseguiu terminar, Pietro ouviu gritos e um estrondo assustador, desesperado, gritou o nome da garota, fazendo com que aqueles que passavam o olhassem.

—Alô?  Arina?  Arina?

A ligação sofreu um brusco corte, sem entender e com todas as partes de seu corpo em choque e tremendo, fez a única coisa que podia no momento, correu até o prédio de Ivan desesperado, o procurou pelas salas e ao encontrá-lo empurrou a porta

—Ivan... —Chamou

—Não pode invadir minha sala desse jeito! —Falou o professor de jaleco branco

—Preciso falar com o Ivan! —Disse Pietro, sem se incomodar com a maneira nada amigável que o homem o encarava

—Ivan! —Pietro disse apressado, vendo o loiro juntar as coisas.

Ivan não estava entendendo todo aquele desespero, mas fingiu não se importar com os olhares de seus colegas e do professor que estavam tão confusos quanto ele.

Os Traidores - Série Crianças de MoscouOnde histórias criam vida. Descubra agora