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Junkie estava deitado encarando a foto tirada pelo seu amado, em um dia qualquer a qual acordaram um pouco mais felizes que o normal, após a noite excitante que tiveram, fazia tempo que não sorria assim ao lado de alguém. Não tinha só saudade de Delovich, sintia falta que quem era quando estava com ele, o homem o fazia melhor e tal sentimento,o trouxe lágrimas.

Del era um homem simples, que via o lado bom de todo mundo, era simpático e inteligente, nunca encontraria alguém como ele, mas ao menos, agora que Kenia estava algemada a uma cama de hospital, as coisas podiam ser mais tranquilas. Por ter cumprido sua promessa, seu amado podia descansar.

—Eu deveria ter morrido naquele carro... —Disse em voz alta, sabia o peso daquelas palavras, mas não se importava, seria muito mais fácil se ele tivesse partido, a dor que sentia agora, não existiria.

Assim que ouviu batidas na porta ele se levantou, largou o celular e jogou uma água no rosto, se olhou no espelho daquela pequena suíte e conferiu se os olhos estavam vermelhos.

—Junkie?  É o Ivan!

—Já vai! —Respondeu ao se aproximar da porta, girar a chave e abrí-la

—Eu vi suas mensagens, só não respondi para que o Pietro não notasse,  tem coisa demais acontecendo!  Acredita que tem repórteres em frente ao meu prédio?

—A imprensa é assim! —disse o Primo—Como o Pietro reagiu ao saber de tudo isso? —Ivan olhou para os sapatênis—Não contaram nada a ele?

Ivan balançou a cabeça negativamente —É difícil não ser hipócrita na minha atual situação!O cara tomou um tiro,não dá para contar tudo!-—Respirou fundo— O pior é  que... Arina foi embora ontem, não tenho nem com quem falar sobre tudo isso!

—Então,entra! —Disse Junkie ao dar espaço ao primo, focar em outros problemas o faria bem

-—Pode me dizer se minha mãe está bem?

Junkie anuiu—Ela não vai morrer! —Disse ao fechar a porta e para não continuar tratando da mulher como assunto, decidiu focar em Ivan—E seu caso?

—A doutora Lovietcha estava aqui, o caso é bem mais complicado do que eu pensei... —Passou a mão na nuca—Mas, confio no que ela diz, ela é o tipo de pessoa que parece saber o que faz! —Não ousaria dizer o contrário a mulher era claramente profissional, assim que pegou o contato dela com o advogado de seu pai e a encontrou, sentiu que tinha feito a escolha certa.

Junkie pegou uma cerveja no frigobar

—Vocês vão sair dessa! Eu sou testemunha dos crimes de sua mãe!

Ivan anuiu, seu pai e sua mãe não eram boas pessoas e pensar nisso o fazia crer que se distanciar dos dois era o melhor a ser feito, mas ao longo prazo, sabia que as coisas não seriam assim.  Em algum momento as coisas iriam se acalmar, mas ele não teria como viver sem o dinheiro da família e isso ainda o deixava preso,  mas o que podia fazer?  Estava acostumado com a boa vida e a faculdade levava todo seu tempo, o que o impedia e dificultava se ele precisasse trabalhar, além disso, quem o empregaria?  Não tinha nenhuma habilidade ou talento.

—Que cara é essa? E por causa da sua mãe?  Da Arina?

—Não... Só... —Respirou fundo—Como você abdicou de tudo?  Não tem vínculo algum com medicina, que é coisa da família ou política como seu pai...

Junkie não pensava muito nisso, viver longe da família tinha sido seu plano desde muito jovem e o único que sabia que ele tinha esse sonho de viver como um lobo solitário era Górki. Nunca tinha se dado bem com o pai na juventude e quando a mãe morreu, se viu completamente sozinho e foi por isso que saiu de Moscou.

Os Traidores - Série Crianças de MoscouOnde histórias criam vida. Descubra agora