MATTEO Uma noite * livro 2

Capítulo 12

Matteo

- Não vou trabalhar na sua casa. - Gabriella responde e seus olhos ainda brilham com as lágrimas, suas bochechas estão tão vermelhas, que poderia jurar que levou um tapa, mas ela está bem. Pelo menos, foi o que garantiu. Marco. Não vou esquecer o nome desse desgraçado. Não mesmo.

- Por que não, foguinho? - questiono e a encaro. Ainda estou segurando as suas mãos, o que é fodidamente perfeito, assim fica bem convincente essa minha preocupação em querer ajudar.

- Porque meu trabalho aqui é até de madrugada, durante o dia já tenho outras coisas para fazer, Matteo.

Verdade. Faculdade e estágio.
Era uma ideia genial, agora só é burra, porque ela acabaria descobrindo esse meu lance da Cosa Nostra. Merda.

- Entendo. - e como se acordasse, ela se afasta, soltando nossas mãos e mantendo uma distância curta - Vai continuar trabalhando aqui, então? - pergunto, tentando não demonstrar minha decepção.

- Não tem outro jeito. - murmura - Podemos ir agora? - ela caminha em direção ao carro e a sigo de perto.

- Vamos pensar em alguma coisa. - comento. O único problema que vejo aqui, é esse chefe maldito. Preciso que ele entenda que Gabriella é terreno perigoso para se mexer. Abro a porta para que ela entre e enquanto contorno o veículo, mando uma mensagem para Pedro.

Entre no bar e encontre o dono. Faça-o entender que não deve se aproximar da garota outra vez.

Não espero pela sua resposta, guardo o aparelho no bolso e ligo o GPS do carro.

- Qual seu endereço?

Assim que ela responde, configuro e dou a partida.

- O que você faz da vida? - questiona curiosa.

Lidero uma organização criminosa, minha linda.

- Assumi os negócios da família recentemente. - isso não é mentira, certo? Sorrio com o cinismo que é toda essa situação e sinto quando seu olhar crava em mim.

- Pela felicidade, você deve gostar do que faz. - diz e viro rapidamente para observá-la. Ela é linda pra caralho e não deveria. Facilitaria mais as coisas.

- Você não faz ideia. - resmungo, tentando soar indiferente ao meu pensamento.

Um silêncio se instala entre nós e isso é uma droga, preciso que ela se sinta a vontade comigo.

- Você não namora? - digo. Ela suspira, mas não responde - Vamos lá, foguinho. Amigos conversam sobre essas coisas, não é?

- Sim, mas é estranho com você. - diz baixo.

- Estranho porque você me quer. Tente disfarçar, pelo menos.

- Ridículo. - ela bate no meu braço e ri - Não é nada disso.

- Então o que é? - viro todo o volante ao cruzar a rua e espero sua resposta, enquanto continuo dirigindo.

- Não somos tão íntimos.

- Porque você não quer. - pisco e ela ri ainda mais alto. Ela é linda demais. Não sou cego. Dane-se.

- Você não entende muito bem o conceito de amizade. - comenta sorrindo.

- Meu único amigo é o meu irmão. - digo tão rapidamente e impensado, que me arrependo no mesmo instante.

Não sei que bruxaria é essa, mas Gabriella me faz querer dizer mais de mim o tempo todo e isso precisa parar.

- Que triste. - diz - Pelo menos tem mais uma agora.

Ainda bem.

- Tenho mesmo. - estico o braço e apoio no seu banco, ela se ajeita e pigarreia, visivelmente desconfortável.

Paro em frente a sua casa e antes que ela desça, a interrompo.

- Você está bem mesmo? - pergunto e solto meu cinto de segurança.

- Estou sim. - emenda sorridente e imita a minha ação.

- Ótimo. - levo as mãos até seu ombro e a puxo - Me diria se não estivesse, certo? - abraço forte seu corpo e a sinto estremecer com o maior contato que já houve entre nós.

- Sim, diria. - responde com a voz abafada. Inclino meu corpo para trás e a encaro.

- Gosto de você. - digo baixo e me aproximo devagar. 

- Matteo. - ela sussurra tão perto da minha boca, que sinto a sua respiração quente nos meu lábios - Por favor, não faça isso.

- O que estou fazendo, foguinho? - murmuro.

- Me fazendo mudar de ideia. - diz envergonhada, mas sem desviar o olhar.

Porra. Que coisa boa.

- Não estou segurando você, querida. Basta se afastar. - fixo meu olhos no dela e passo meus dedos pela sua bochecha corada, ficamos nos observando por longos segundos e volto a dizer, ao perceber que ela não se moveu - Você ainda está aqui. - completo sorrindo e encosto a minha boca na dela.