Gabriella
Falei sério sobre ajudar você com a sua mãe, foguinho
Obrigada, Matteo. Você está salvando as nossas vidas :)
Eu sou um herói.
O melhor! - respondo sua mensagem e arrumo minhas coisas para ir embora.
O mais bonito também, querida - ele replica, mas já estou de saída, então coloco o aparelho no bolso da calça e resolvo falar com ele depois.
Durante a tarde aqui no estágio, pesquisei alguns lugares para a minha mãe e encontrei um perto de casa. Não tão perto, na verdade. Mas pelo menos, posso ir visitá-la mais facilmente e não é tão caro, porque pretendo pagá-lo de volta, então preciso pensar nisso também.
Caminho em direção a porta, com a mochila pesando nos ombros, quando a professora chefe me chama.
- Gabriella, por favor. Espere um minuto. - ela apoia os óculos na cabeça e me observa curiosa enquanto me aproxima da sua mesa - Está tudo bem? Você andou meio desligada nos últimos dias.
- Eu sei, me desculpa. Estou com alguns problemas, mas vou prestar mais atenção. - digo envergonhada.
- Entendo, mas em um tribunal de verdade, você não pode colocar o processo de um cliente em risco por não saber lidar com seus problemas. - ela diz firme, mas posso sentir a preocupação na sua voz, que suspira pesadamente e continua - Ontem você perdeu um caso por não estar atenta o suficiente. Mesmo sendo um julgamento falso, prejudicou seus colegas e isso é muito sério, se fosse em uma corte real, estaria demitida.
- Eu sei. - murmuro.
- Esse estágio está chegando ao fim e não posso te entregar uma boa recomendação se continuar desse jeito.
Respiro profundamente quando sinto as lágrimas queimarem meus olhos e fico decepcionada comigo mesmo. Lutei tanto para estar aqui, não posso deixar que isso aconteça, ainda mais tão perto da formatura.
- Sinto muito. - respondo - Vou melhorar. - digo confiante. E vou mesmo.
- A forma como você sempre lida contra a promotoria é fantástica. Como sempre encontra argumentos que até mesmo eu não havia pensado. - diz orgulhosa e uma centelha de calor se espalha pelo meu corpo - Aquela Gabriella seria uma advogada de sucesso, essa não.
Alguém poderia achar isso até rude, mas não eu. Essa sinceridade a fez ser a mulher que é hoje, trabalhando na melhor consultoria e me sinto honrada em fazer parte desse projeto dela. Entre dezenas de alunos, fui escolhida. Eu, óbvio e mais dez, mas ainda assim foi uma vitória e tanto.
- Vou trazê-la de volta. - digo.
- Acho bom mesmo. - ela sorri carinhosamente e coloca os óculos de novo, me dispensando discretamente ao mexer em alguns papéis.
Esse horário eu iria para o bar, para o lugar que me trazia algum dinheiro.
Merda. Tanto tempo fazendo a mesma coisa, que agora nem sei para aonde ir.
Preciso de um novo emprego.- Perdida? - viro para o lado e vejo Luca vindo - Oi.
- Oi. - sorrio - Fica no campus o dia todo é? - ele me olha curioso e explico - Vi você mais cedo quando cheguei.
- E não veio falar comigo? - questiona fingindo estar ofendido.
- Eu estava atrasada para a aula. - esclareço. - Luca assente e se aproxima mais.
- Vou tocar agora na quadra, quer ir? - pergunta.
- Vai ter jogo ou algo assim? - retruco - Não vi nenhum cartaz, nem nada.
- Não. - responde - É para angariar fundos para a festa da formatura.
- Que legal. - comento - Mas infelizmente não posso, preciso resolver umas coisas.
- Entendi. Beleza, a gente se vê então, linda.
Ele se afasta sorrindo e fico pensando em quantas oportunidades recusei por não poder passar por essa fase de faculdade como uma garota normal.
Participar de uma fraternidade, ir a festas, ter uma paixonite pelo capitão do time. Sempre vejo isso em filmes e por mais insano e fútil que tudo isso pareça, é a última etapa antes da vida começar de verdade e eu pulei. Aliás, fui jogada.
Claro que minha mãe não tem culpa de estar doente, mas não posso negar que esse pensamento faz com que eu me sinta um pouco egoísta. Mesmo eu não sendo.
Pego o celular e disco o número dele.
- Matteo. - digo após o segundo toque.
- Que voz sexy, foguinho. - reviro os olhos e sorrio.
- Pode me encontrar em casa daqui vinte minutos? Queria visitar algumas casas de ajuda. - depois de tudo que passei, tanto com Marco quanto com o banco, não vou me sentir humilhada em receber a ajuda dele. Minha mãe é mais importante do que esse sentimento e Matteo é meu amigo.
- Claro, te encontro no seu quarto.
- Não. - digo, mas ele encerra a chamada sem me dar tempo de cortá-lo.
O ônibus para a uma quadra de casa e após alguns passos, vejo seu carro.
- Achei que iria entrar direto. - comento ao vê-lo sentado nos degraus da entrada.
- Até pensei. - ele fica em pé e chega mais perto, beijando a minha bochecha de forma demorada.
O seu cheiro masculino e forte, bate em cheio e inebria a minha mente. Lembranças de nós dois enrolados e das suas mãos passeando pelo meu corpo, enquanto dizia o quanto me queria, me invadindo com força com os seus lábios presos aos meus, faz uma onda quente subir pelo meu rosto.
- Eu também não consigo esquecer isso, Gabriella. - ele comenta sério e puxa a mochila dos meus ombros, colocando no chão e me encara de uma maneira estonteante. Seus olhos baixos e claros, com um azul tão diferente, parecendo um horizonte na minha frente - Pensei nisso a porra do dia inteiro.
- Você não sabe o que eu estava... - não termino minha frase, pois no segundo seguinte, um grito horrendo me assusta, levo a mão ao coração quando percebo que veio de dentro da minha casa e entro correndo.
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MATTEO Uma noite * livro 2
Romance📣 IMPORTANTE NÃO é necessário ler o primeiro livro, mas existem algumas referências que talvez você não entenda, mas que não impede o entendimentos desse livro. Livro 1 - Uma Noite https://my.w.tt/qhhC1yJhj5 até 29/04 ou completo na Amazon https:...