Capítulo 35

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Matteo

Nunca dormi com alguém. Não no sentido real, de fechar os olhos e acordar no outro dia depois de uma noite bem louca. 

Nunca me importei com esse tipo de coisa, na verdade. E não tive muito tempo para pensar sobre isso também. Eu era novo, não que agora eu seja velho, mas eu tinha muito na cabeça antes e meus planos não envolviam um relacionamento. Nem de longe, com toda certeza.

Estava em uma fase meio sinistra, revoltado por ser obrigado a assumir um legado arcaico e primitivo. Como eu não poderia ser dono da minha própria vida? 

Isso era uma merda que eu não aceitava.E bom, depois que a minha mãe morreu, tudo ficou pior. Fui sequestrado ao tentar traçar meu próprio caminho. Inacreditável. 

Talvez fosse o destino, não que eu acredite nisso, mas é o que parece.

Um ironia fodida. 

Precisei passar por cada uma dessas coisas, para me encontrar onde estou agora.

Para encontrá-la.

Como o lixo do Francisco conseguiu fazer uma coisa tão bela?

Pela primeira vez, aquela prisão não me causa o ódio que cultivei por tantos anos, a fúria pela humilhação e tortura. Pela primeira maldita vez, aquele velho me deu a felicidade ao invés da escuridão. Ele não me deu porra nenhuma, para ser sincero. A não ser motivação. Nisso ele foi um mestre do coach. A mesma vingança que me inundava, também me libertou. Obrigado por isso, seu merda.

Pelo menos com a sua morte, minha menina não corre mais o risco de cruzar com você em algum momento. 

Por que será que se mantinha tão afastado dela? 

Provavelmente, havia um pingo minúsculo, quase invisível de sabedoria para não envolvê-la na sua vida podre.

Viro lentamente para o lado e a observo dormindo.

Gabriella está de costas e com o lençol no meio das costas, basta uma leve descida do tecido e terei uma imagem deliciosa. Que tentador.

Seus cabelos de fogo cobrem uma parte da sua pele clara e o contraste feminino disso tudo, com suas tatuagens, torna essa mulher uma visão e tanto.

Noite passada me surpreendeu, não que eu esperava menos, longe disso. Mas também não contava com aquela tempestade.

Minha mão queimava por onde passava, sentindo cada curva, cada vez que estremecia e suspirava, sentindo tanto prazer quanto eu. Não conseguia afastar minha boca, e seu olhar, aqueles olhos, droga! Me deixa duro de novo só de lembrar o desejo estampado neles.

Não posso negar que meu sono foi ruim, algumas vezes quando sentia o cansaço chegar e fechava os olhos, acabava acordando minutos depois com medo de ter pesadelos perto dela e acabar falando coisa que não devia, falando sobre o meu passado e logicamente, seu pai. E em todas essa vezes, me controlei para não acordá-la e repetir o sexo incrível que fizemos , mas ela parecia bem casada, sua respiração se manteve calma e relaxada por horas. Não é para menos, suas últimas vinte e quatro horas foram meio tensas.

Passo a ponta dos dedos, deslizando vagarosamente pelo centro das suas costas e sinto quando se arrepia com o meu toque.

- Hum ... - murmura sonolenta e linda.

- Você não vai para a faculdade? - pergunto. Ela se levanta assustada, correndo para o banheiro toda nua, sem timidez alguma. Não posso reclamar, gostei bastante do que vi - Eu te levo. - comento alto e ouço o chuveiro sendo ligado, corro até lá e procuro por alguma escova de dentes.

- Segunda gaveta. - diz divertida.

Volto para o quarto e coloco minhas roupas, organizando a cama, em seguida. Queria muito tomar um banho com ela e abaixar essa febre que me queima quando memórias da nossa transa me invade, mas a garota está atrasada. Respeito suas responsabilidades. As oportunidades serão muitas agora, espero. Não preciso ficar em cima da Gabriella como um cachorro.

- Bom dia. - diz sorridente e abre o guarda-roupa, colocando um jeans e uma camiseta.

- Bom dia, linda. - respondo e ando até ele, abraçando seu corpo pequeno por trás e beijando seu pescoço. Ela se vira, ficando de frente para mim e encosta seus lábios nos meus rapidamente.

- Desculpa, Matteo. - se afasta pegando a mochila - Estou com pressa, podemos ir? - ela fica constrangida, mas não vejo motivo. 

- Claro. - digo.

- Sem barulho, por favor. - ela sai pisando nas pontas dos pés e eu a acompanho. A casa está em um silêncio absoluto, o que indica que estamos seguros para sair sem sermos vistos. Ainda não é a hora de conhecer a minha sogra.

Assim que chegamos na rua, ela se aproxima e me puxa para um abraço rápido.

- Ontem foi especial. - diz envergonhada.

- Foi. - confirmo sorrindo e tirando alguns fios do seu rosto que voam desgovernados - Esquece esse negócio de amizade colorida que eu falei, foguinho. - comento sério e a encaro.

- Se arrependeu? - diz desapontada.

- Diabos, não. - sorrio abertamente e chego mais perto, colocando minhas mãos na sua cintura - Não quero só amizade. Quero você por inteira.

MATTEO  Uma noite * livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora