MATTEO Uma noite * livro 2

Capítulo 67

Gabriella

- Desculpa te tirar assim do nada, mas queria te conhecer. - ela sorri e essa sua sinceridade traz um alívio até meu peito. Estava curiosa.

- Sem problemas. - sorrio de volta - Sou Gabriella.

- Sou Halsey. - ela aponta o dedo até a barriga e continua - E esse é Alex, ou Smith. Antony está me enlouquecendo. - ela ri alto e acompanha com o olhar apaixonado seu marido. Um sentimento tão bonito, tão verdadeiro, que fico, por um breve momento, imaginando como seria ter um dia assim tão especial.

- Prazer em conhecê-los. - digo sorrindo.

- Vi você com Matteo. - diz um pouco mais séria e um alerta estranho soa na minha mente.

- Sim. - respondo desconfiada e a encaro.

- Vocês estão juntos? - pergunta diretamente - Não é da minha conta, eu sei. Não precisa responder se não quiser.

- Não sei. - explico e dou de ombros - É tudo muito recente ainda.

- Entendo. - ela passa a mão em cima do volume do vestido e acaricia sua protuberância - Matteo é um bom homem. - comenta.

- O melhor. - digo com toda a verdade que sinto no meu coração.

- Ele passou por coisas demais. - murmura tristemente e fico confusa - Coisas que nem eu acredito que suportaria.

O que ela está dizendo?

- Estamos nos conhecendo. - suspiro e a encaro - Não sei muito sobre seu passado. - aviso envergonhada - Não sei quase nada para ser sincera. - sorrio sem graça e desvio o olhar.

- Um dia vai. - confirma com confiança - E quando essa hora chegar, tenha paciência com ele, porque ele vale a pena. 

- Eu sei. - confesso e ficamos em silêncio por alguns segundos. Fico perdida em pensamentos, imaginando que tipo de coisas seriam essas, o que o passado poderia ter feito de ruim para uma pessoa tão maravilhosa quanto ele.

- Você gosta dele. - afirma após um tempo e seu sorriso aumenta.

- Gosto muito. - digo.

- Fico feliz em saber disso, Gabriella. - ela segura minha mão antes de voltar a falar - Vocês ficam bem juntos.

Não respondo. Apenas viro a cabeça e o observo no bar. Seu corpo descansa preguiçosamente na bancada e nunca me canso dessa sua beleza. Ele é a porcaria de um deus.

- Bom ... - Halsey interrompe meus pensamentos e começa a caminhar - Vai lá, garota. Vou procurar meus pais. Foi um prazer te conhecer.

- Foi um prazer para mim também. A cerimonia foi linda. - respondo e ando devagar em direção ao homem mais perfeito desse lugar.

Conforme me aproximo, um garçom passa por mim e aceito uma taça de champanhe. Após um pequeno gole e alguns passos, sinto uma tensão esquisita entre ele e seu irmão.

E como se estivesse invadindo sua privacidade, não chego mais perto, dou a eles esse momento, mas ainda assim, consigo ouvir parte da sua discussão e meu nome.

Mesmo com a voz baixa e controlada, posso sentir o clima pesado entre eles.

- Ela é filha do Francisco. - ouço e não posso acreditar.

Como conhecem meu pai?

- Isso faz parte da sua vingança? - Antony questiona alterado e sua pergunta ecoa por todo o meu corpo. Vingança. Como assim, meu Deus? - Você iria matar a garota ou algo assim? - paro de respirar no instante em que essa dúvida sai da sua boca. Como se estivesse presenciando e escutando, mas não me senti ali de verdade.

- Essa era a idéia. - Matteo responde secamente e isso me destrói. Consigo ouvir o barulho do meu coração se partindo e dos meus olhos queimando com as lágrimas.

Perco a força.

O som dos estilhaços chamam a atenção de todos quando derrubo o que estava na minha mão, mas não os enxergo. Não consigo nem encontrar palavras.
Fico oca no minuto em que entendo, como se o chão se abrisse e o inferno fosse maior que o paraíso em que eu estava.

Então minha mãe o conhecia mesmo.

A dor dessa traição, como uma facada nas costas, tira o ar do meu peito.

Isso não passou de um jogo.

Todo seu comportamento não foi nada menos que manipulação, Matteo me queria morta desde o início. Esse era o seu plano.
Ele é da máfia. 
Ele é o chefe e eu era apenas a sua refém.

Viro e corro, mas antes de sair para a rua, tiro as sandálias rapidamente, dispensando-as em qualquer canto sem me importar. Só preciso ficar longe.

Enquanto meus pés batem no asfalto, correndo sem controle, sinto uma onda de medo percorrer meu corpo.

Ele vai me matar agora que eu já sei da verdade?

Per Dio, não pense nisso.
Não foi tudo imaginação.
Eu sei que uma boa parte dele sentia algo por mim. Ele não poderia ser tão falso assim, tão dissimulado.

Diabos, tem que ter uma explicação.

Minha mente busca por respostas que não tenho.
Algum caminho que não seja essa dor. Qualquer direção que não seja a sua confissão.

- Gabriella. - ouço seu grito, mas não diminuo a velocidade. Posso escutar seus passos pesados atrás de mim, mas não posso olhar para ele agora. Não até que eu consiga ser capaz de colocar alguma ordem nessa bagunça que estou. - Foguinho. - seu timbre quebrado dói como fogo na minha pele, mas não quero estar perto dele nesse momento. Só ... Não posso.

- Me deixe ir. - grito de volta e após virar uma esquina, não o ouço mais.

Caminho lentamente com a sola do pé queimando, mas nada comparado ao estrago que sinto no coração.

Uma buzina chama a minha atenção e o vidro do carro se abaixa.

- Entre. Vou te levar para a casa. - Antony com a camisa desabotoada e o olhar triste, abre a porta. Quase nego a carona, mas ao ver sua noiva ao seu lado, aceito e entro.