Capítulo 96

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Matteo

Quando estava no corredor, com o ouvido colado a porta como uma maldita velha fuxiqueira, mal conseguia me manter em pé, minhas mãos suavam e eu não conseguia ficar parado. Depois de alguns barulhos e do meu coração acelerado, quase morrendo de curiosidade, a moça da recepção veio apressada, com a expressão angustiada e os pés pisando tão duro no chão, que fazia marcas pelo carpete.

— O que está acontecendo aqui? — questionou com o celular em punho, pronta para chamar a polícia.

— Não faça isso, por favor. — pedi com toda a gentileza que poderia naquele momento, mas a menina estava assustada e eu sabia que iria fazer merda. Não que estivesse errada, estar no escuro é uma droga mesmo, mas eu não poderia explicar as coisas para ela, então suspirei fundo e sorri. Aquele sorriso que eu tinha conhecimento que fazia a magia em algumas mulheres. Era engraçado ver esse comportamento nelas, mas era bem útil algumas vezes — Minha sogra quase morreu aqui e a minha menina está um pouco brava. — lembro de diminuir a voz e dela se inclinando, prestando atenção diretamente na minha boca — Estão resolvendo coisas graves lá dentro, melhor não interromper. Até eu fui expulso. — terminei a frase rindo baixo e segurando o sua mão — Não vale a pena perder o seu emprego, querida. Não acha? — sua boca se abriu, mas logo se fechou em seguida, quando seus olhos encontraram os meus — Sua chefe teria ligado para você se precisasse de alguma ajuda. — ela assentiu devagar, ponderando as minhas palavras e eu rezava na minha mente para que desse certo.

— Uma paciente saiu as pressas mesmo. — disse como se para si mesmo e aliviando a pressão no meu peito — Mas estou atenta, de qualquer forma. 

— Não pensaria o contrário. — sussurrei e soltei o aperto delicado, deixando sua mão livre — Fico mais seguro em ver que existem funcionários que se importam com as pessoas aqui na clínica. — seus lábios se curvaram em um sorriso discreto e quando ela mordeu o lábio inferior, envergonhada como uma adolescente, sabia que não a veria aqui novamente. 

— Vou voltar lá para ... a recepção. — ela se virou rapidamente e voltou a caminhar, e assim que sumiu da minha vista, desisti de esperar e abri a porta e o que meus olhos capturaram, foi malditamente a coisa mais quente do mundo.

Afasto meus pensamentos e observo minha garota com um sorriso idiota na cara depois de tudo que aconteceu. Seus cabelos estão uma bagunça e ela passa a mão insistentemente pelo rosto, tentando afastar os fios. Ela é tão linda , que não consigo pensar em nada mais bonito, nada mais perfeito. Seus olhos estão semicerrados e quase mortais, enquanto encara a vadia assinando o contrato, que está com os seus dedos tremendo ao segurar a caneta. O papel já está todo cheio de gotas, mas são lágrimas que não me incomodam nem um pouco. Em uma outra realidade, ela já estaria morta e pagando seu pecados no inferno, mas os planos da foguinho são outros e até nobre.

Confesso que fiquei um pouco surpreso pela atitude da Gabriella. Comprar esse lugar nunca teria passado pela minha cabeça, mas a diferença entre nós é essa. Eu sou doido e impulsivo, mas Gabriella tem o maior coração do mundo e cuidar dessa clínica, ficar próxima da sua mãe, foi a melhor decisão rápida que já presenciei alguém tomar na vida. Eu no seu lugar já teria mandado a cretina para o diabo, mas esse é um assunto dela para lidar e estou respeitando seu desejo, mesmo que meu dedos cocem para apertar o gatilho e pintar a parede com seus miolos.

— Suponho que preciso ir embora agora. — ela empurra o contrato pela mesa e fica em pé.

— Primeira coisa inteligente que disse. — Gabriella retruca firme e arqueia a sobrancelha — E nunca mais volte aqui. Não é bem vinda na minha clínica. — ouço o suspiro alto da mulher, talvez entendendo a gravidade do que suas escolhas trouxeram e ao segurar a sua bolsa, ainda com as costas um pouco inclinada, provavelmente com alguma dor, passa por nós como um foguete. Aliviada por estar viva e desesperada para viver sua vida miserável.

E assim que ficamos sozinhos, como um leão esperando o momento certo,  bato a porta com o pé e sigo até ela.

— Porra, Gabriella. — sussurro antes de capturar seus lábios em um beijo que estava me matando de vontade — Eu sou louco por você, foguinho. — murmuro ao puxar seu corpo contra o meu e ela arfa ao sentir a minha ereção. Estou duro desde que a vi naquela posição. Toda valente e com os olhos enlouquecidos. Naquele instante, eu só queria fode-la em cima dessa mesa e declarar em cada toque o quanto sou dela e de mais ninguém. Nunca serei.

— Alguém pode entrar. — diz surpresa e apoia as mãos no meu peito.

— Foda-se, você é a dona agora. — ela ri e  pensa por um segundo no que eu disse, e sem perder mais tempo, entrelaça os dedos no meu cabelo e traz a sua boca, tão carnuda e macia, até a minha.

E mais uma vez, conseguimos juntos superar toda a porcaria que jogaram no nosso colo, porque definitivamente somos um casal do caralho e eu não poderia estar mais feliz com isso.

MATTEO  Uma noite * livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora