Capítulo 18

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Matteo

Dirijo por um tempo perdido na decisão entre ir até ela ou ignorar toda essa porcaria e encontrá-la no bar no outro dia.

Ficar afastado não resolveu porra nenhuma.

Pensar em outro homem ao seu lado, observando cada detalhe dela e querendo o que é meu, desperta o inferno de dentro mim.

Isso não vai acontecer.

Viro todo o volante e acelero até a casa da Gabriella.
Preciso de um plano.
Não posso explicar o motivo do meu desaparecimento, não quero que ela saiba o quão podre estou sendo.
O quanto sou um desgraçado miserável e egoísta.
O quanto quero o coração dela apenas por vingança.
O quanto, simplesmente, a quero.

Assim que me aproximo, um nervoso esquisito gela minhas mãos e ele piora, quando avisto nos degraus da sua casa, os dois juntos e se encarando.

Desço do carro e caminho até eles. Forço meus passos a irem devagar, mesmo que a minha vontade seja correr e pular com os pés direto no peito daquele merdinha.

Quanto mais perto estou, mais meu coração acelera. Os dois se levantam e a sua companhia toma a dianteira.

- O que você quer? - questiona confiante.

Que você suma daqui.

- Vai embora, mano. - digo baixo - Quero conversar com ela.

- O que você está fazendo aqui, Matteo? -  Gabriella questiona e sua voz fria não vai me impedir.

- Ela não quer você aqui. - ele estufa o peito e quase gargalho. O cara não deve aguentar um soco.

- Vai. - maneio a cabeça para o lado - Ou te tiro a força. - vejo a sua coragem sumindo e ele vira o corpo em direção a ela, que assente em seguida - Não esquece o lixo. - aponto para o amontoada no canto da escada e percebo quando ele cerra os dentes e me fuzila com o olhar.

- Obrigado pela noite, Gabriella. - o maldito sorri para ela e continua - Foi muito boa.

- Vai melhorar ainda mais quando você for embora. - murmuro.

- Isso foi ridículo. - Gabriella comenta quando seu novo amigo nos deixa sozinhos.

- Foguinho. - bato as mãos no chão ao me sentar. Ela se abaixa também, mas mantém uma distância absurda de mim - Desculpa.

- Por ter agido feito um ogro agora ou por ter me beijado e desaparecido depois? - retruca brava e não sou capaz de desviar os olhos dela. Suas bochechas estão vermelhas e uma veia pulsa no seu pescoço, conforme fala exasperada. Ela é tão linda.

- Os dois? - respondo meio perguntando. Ela bufa e juntas as pernas, apoiando a cabeça no joelho - Você me perdoa? - sussurro e ela levanta o rosto até mim novamente.

- Por que você fez isso comigo? - questiona tristemente e me sinto mal por deixá-la assim.

- Eu andei ocupado. - minto.

- Ocupado demais para sequer enviar uma mensagem?

- Desculpa.

- Você já disse isso, idiota. - sorrio. Senti falta desse seu jeito - Qual a graça?

- Nenhuma. - digo - Não deveria ter sido dessa forma, fui um imbecil.

- Primeira verdade que sai da sua boca. - diz impaciente.

- Senti coisas que não queria aquela noite. - confesso e ela fica em silêncio por alguns minutos.

- Então pensou que fugir seria o mais inteligente?

- Sim. - declaro.

- Por que está aqui então? - argumenta.

- Não sei ainda. - digo sinceramente.

- Por que foi atrás de mim hoje? - questiona pausadamente.

- Queria ver você, Gabriella.

- Por que?

Fico calado e ela se levanta. Meus pensamentos me confundem e não sei ao certo como dizer qualquer coisa.

O que está acontecendo, droga?
Eu consigo me impor em um conselho da Cosa Nostra, consigo comandar soldados, mas estou apavorado na frente desse mulher. Qual o meu problema?

- O que você quer de mim? - ela diz furiosa e levanta os braços inconformada.

- Quero ficar com você, foguinho. - confesso ao ignorar o lado escuro da minha mente dessa vez e deixar livre o que quer que seja isso, mas ela se afasta e anda lentamente até a entrada da sua casa.

- Só que agora, eu não quero mais você, Matteo. - então, ela fecha a porta ao entrar, me deixando ali sozinho com um buraco gigante no peito.

MATTEO  Uma noite * livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora