Capítulo 88

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Dias atuais

- O senhor não pode entrar aqui. - um rapaz alto estica a mão, parando em frente a porta, impedindo a minha entrada.

- Mano. - aviso - Só me deixe passar.

- Não posso. Sinto muito. - ele dá de ombros e me encara - Libere a passagem, por favor.

- Não estou pedindo a sua permissão, só quero que saia da porra do meu caminho. - sussurro e me aproximo.

- Isso não vai acontecer. Se afaste, por favor. - ele ergue o dedo, solicitando ajuda e bufo impaciente.

- Você tem uma tatuagem no pulso. - murmuro e ganho a sua atenção - Eu sei o que ela significa.

- Não sei o que está dizendo. - declara, com os lábios travados em uma linha fina, recitando cada palavra como se fosse um segredo.

- Você sabe. - replico - É a insígnia da famiglia. - digo baixo - Por que você não é mais um soldado? - questiono curioso e ele levanta seu olhar assustado até mim, mas fica em silêncio do mesmo jeito - Você está fora há muito tempo para saber que eu sou o Capo. Então responda a minha maldita pergunta. - sua postura se altera, ficando rígida e tensa, enquanto me observa com os olhos arregalados.

- Meu irmão foi assassinado. - replica com os maxilar travado - Mas o conselho aprovou a minha liberação na época. Isso faz mais de cinco anos. - explica - Minha mãe não poderia perder os dois filhos, senhor. Eu precisei abandonar a Cosa Nostra e sou segurança aqui desde então. - seu timbre ganha um tom amedrontado e eu sorrio.

- Decisão corajosa. - declaro - Agora me deixe passar. - ele hesita por um instante, mas logo se antecipa e se move para o lado - Não posso perder esse emprego. - cochicha incomodado.

- Não vai. - digo ao passar por ele - Serei rápido. - o rapaz assente e encosta a porta imediatamente.

Caminho pelo longo corredor, mas nenhum sinal da minha garota ou da sua mãe. Minhas mãos tremem e junto meus dedos apertados ao redor do corpo. A sensação esmagadora continua pressionando meu peito, crescendo a cada segundo, tirando qualquer centelha de felicidade que ainda existia em mim. Como se fosse um castigo divino. Quanto mais perto de estar bem, mais desgraça acontece. Não sei qual o limite de coisas ruins um homem pode suportar, mas devo estar bem próximo disso.

Reconheço seus cabelos assim que viro para o lado direito. Gabriella parece destruída, sua palma está aberta sobre um vidro e seus olhar está fixo para dentro de um quarto, e como se sentisse a minha presença, seus olhos capturam os meus ao girar o corpo e corro ao seu encontro, desviando de alguns enfermeiros pelo caminho. Querendo chegar mais rápido até ela, mais rápido do que seria humanamente possível.

- Foguinho. - digo e expiro uma lufada de ar.

- Matteo. - circulo meus braços ao redor do seu corpo e a sinto estremecer com o meu toque - Por que fariam uma coisa dessas? - aperto seu corpo contra o meu e suas lágrimas umedecerem meu pescoço. O alívio de estar aqui com ela, protegida ao meu lado e bem, é indescritível, embora a situação toda seja um caos do caralho. Acho que nem seria certo agradecer aos céus, na verdade.

- É culpa minha, querida. - confesso envergonhado - Toda essa merda é por minha causa. - sussurro.

- Achei que ela estava segura. - comenta magoada e isso me atinge feio.

Falhei miseravelmente.

- Sinto muito. - peço e seguro seu rosto com ambas as mãos - Me perdoe por isso. - imploro - Eu sinto tanto, meu amor, que isso esteja acontecendo.

MATTEO  Uma noite * livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora