Gabriella
- Podemos conversar agora? - Matteo caminha lentamente, parando na minha frente.
- O que eu disse ontem era verdade. - digo baixo. Ele assente e abaixa a cabeça. Uma dor aperta meu peito e me enfraquece, mas não deixo isso visível. Não quero que ele perceba o quanto isso é difícil para mim.
- Ainda somos amigos, foguinho? - questiona triste.
- Não sei. Podemos ainda ser? - retruco.
- Eu gostaria de pensar que sim. - sorri, mas a alegria não chega ao seus olhos, é apenas um movimento automático dele, sem valor e sem calor. Uma máscara para esconder o que sente de verdade. Mas eu também estou fazendo isso, também estou omitindo.
Queria que minhas palavras não tivessem esse peso mórbido. Queria rir e me sentir bem. Coisa que era comum entre nós, agora é só uma interação estranha. Distante.
- Você me magoou, mas esse erro não deveria determinar o que somos um para o outro.
- O que quer dizer? - pergunta esperançoso.
- Vamos começar de novo. - concluo.
- Tudo bem. O que você quiser. - complementa com um sorriso mais verdadeiro e uma pequena, uma parte bem minúscula do meu coração, se aquece com isso.
- Nada de flerte. - levanto os dedos enumerando.
- Claro.
- Cala a boca e me escuta. - ele gargalha e o som é lindo. Ele ser tão lindo assim é uma merda. Torna tudo mais complicado.
- Ok. - Matteo faz sinal de silêncio e seguro o riso. Ele não deveria ser tão legal também.
- Nada de ciúmes. - ele revira os olhos e eu arqueio a sobrancelha em resposta - Algum problema?
- De forma alguma, querida. Por favor, continue.
- Nada de beijos. Somos amigos e vai ser somente isso.
- Mais algum ponto? - retruca divertido.
- Esses são os termos. E então? - pergunto - Está de acordo?
- Não, mas sim. - Han? Ele ri da minha expressão confusa e volta a falar - Não gosto dessas regras, mas se isso vai me manter perto de você, então estou de acordo.
As batidas no meu peito ficam mais urgentes e fica quase impossível respirar com ele me olhando dessa forma.
- Você está fazendo aquilo. - comento.
- O que?
- Essa coisa com os olhos. Pare de me olhar desse jeito.
- Não entendi.
- Você sabe do que estou falando, Matteo.
- Isso é você querendo ver o que não existe, Gabriella.
- Não seja ridículo. Nada de flerte. - digo. Ele afirma em entendimento e diz:
- Posso te levar para casa? - recua alguns passos e abre a porta do carro.
- Sim. Obrigada.
Esse negócio de recomeçar provavelmente foi um ideia estúpida, mas gosto da companhia dele, até mesmo antes do nosso momento quente há algumas semanas. Matteo é engraçado e distraía minha mente para o turbilhão que rodeava minha cabeça todos os dias. É bom esse alívio que ele trouxe, quero isso de volta.
- Meu irmão vai se casar no começo do próximo mês. - comenta sorrindo enquanto dirige.
- Que legal. - respondo sinceramente - Isso já é semana que vem.
- Gostaria que fosse comigo. - declara.
- Ah, não. - balanço a mão - Eu nem saberia o que vestir e eu também nem conheço a sua família.
- Essa seria uma ótima oportunidade, então.
- Trabalho final de semana. - argumento.
- Acho que seu chefe não se importaria.
- Talvez, mas a falta de gorjeta me faria falta. - ele fica em silêncio e batuca os dedos no volante.
- Quanto você ganha em duas noites?
- Nem pense nisso. - digo brava.
- Só quero ajudar.
- Não.
- E você poderia se divertir um pouco.
- Não.
- Por favor, foguinho. Não quero ir sozinho.
- Vou pensar sobre isso. - interrompo cansada.
- Obrigado. - ele se vira rapidamente e uma covinha graciosa estampa sua bochecha quando sorri. Se controle.
- Eu sei que deixamos aquilo para trás, mas queria que soubesse que eu realmente sinto muito. - diz.
- Eu sei.
- Aquilo não vai mais acontecer.
- Não vai. - confirmo.
- Te prometo.
- Não somos namorados, Matteo. - vejo quando ele inclina o corpo, como se tivesse levado um soco e suspiro - Se você sumir de novo, vai continuar sendo meu amigo. A diferença é essa. Não existe nada além da amizade agora. Não vou ficar esperando um sinal seu.
Ele não responde e não fala mais nada até estacionar em frente a minha casa. Não sei o que ele queria ouvir, mas quanto mais isso ficar claro, menos trabalho teremos. Digo isso para mim também. Talvez de tanto repetir, eu comece a acreditar.
- Obrigada pela carona.
- Por nada. - as portas são destravadas e ameaço sair, quando sua mão segura meu braço.
- Só preciso me acostumar com isso, ok. Não é nada com você. - explica seriamente.
- Eu sei que não é nada comigo. - digo - Mas você precisa lidar com o que quer que se passe ai. - aponto para a sua cabeça e depois para o seu peito - E ai, também.
- Pode deixar. - ele afrouxa o aperto e continua - Boa noite, linda. Obrigado pela segunda chance.
- Boa Noite, Matteo. - dou um beijo na sua bochecha e saio. Fico na calçada o observando, quando ele leva a mão ao lugar exato em que meus lábios estavam e sorri. E enquanto ele vai embora, mais uma pequena parte do meu coração se aquece novamente com isso.
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MATTEO Uma noite * livro 2
Romance📣 IMPORTANTE NÃO é necessário ler o primeiro livro, mas existem algumas referências que talvez você não entenda, mas que não impede o entendimentos desse livro. Livro 1 - Uma Noite https://my.w.tt/qhhC1yJhj5 até 29/04 ou completo na Amazon https:...