Capítulo 14

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Matteo

Isso não vai dar certo.

Esse plano era bom na minha cabeça, agora só está fodendo com a minha mente.

Gabriella talvez nao mereça o destino que planejei.

Quando ela sorriu com os lábios inchados e o cabelo em um bagunça bonita, me perdi.

Ela parecia a porra de uma pintura e uma pontada bateu forte no meu peito quando percebi o que aconteceria. Eu a faria chorar em alguma momento, eu poderia transformar aquela risada escandalosa e o jeito durão, em uma pessoa fria. Feia. Poderia transformá-la no que sou hoje.

Não deveria me importar com essa merda, esse era o objetivo mesmo, mas por algum motivo, a imagem dela em pedaços, sofrendo futuramente, me atingiu em cheio. Por isso sai. Preciso ficar longe dela e dessa coisa que ela causa em mim.
Cortar, o que quer que seja isso, agora, limpar meu sistema. Se envolver não é uma opção, estragaria tudo.

Dirijo sozinho pela noite, tentando tirar toda essa porcaria da minha cabeça.
Meu pau estava prestes a estourar a calça, de tão duro que ela me deixou. Aquele gemido baixo e suas unhas raspando nas minhas costas, estava me matando. Foguinho é deliciosa e mal sabe o efeito que carrega.

Depois de quase trinta minutos andando sem destino, decido qual vai ser o meu final de noite. Preciso descontar essa frustação e será no papai dela.

Fico atento antes de entrar no galpão.  Como em todas as outras vezes, dispensei os soldado. Lido com o Fillipo depois.

Empurro o portão devagar e encosto novamente. Não quero curiosos por aqui.

O velho está deitado e dormindo, ou morto. Espero que não. Seria péssimo.

Seu cheiro me invade assim que me aproximo, ele precisa de um banho e pela primeira vez em muito tempo, sinto a vibração dessa vingança percorrer meu corpo de um jeito louco.

Isso vai divertido.

Caminho em silêncio até um tanque velho e giro a torneira, liberando o maior fluxo de água possível. Tampo o bico da mangueira para que o jato seja mais forte e ando lentamente até Francisco.

Sinto a pressão no meu dedo e o encaro. Ele não tem a menor ideia do que o aguarda, da sensação disso, do frio que queima a pele como fogo, do choque. Vai ser bom lembrá-lo, mas agora, a situação é inversa. Vamos ver se vai rir como antes, achar engraçado.

Desgraçado.

O grito quebra o silêncio quando o esguicho o acorda.
O desespero de querer se afastar e da tremulação involuntária que isso causa, eu sei bem como é. Não tenho dó. Passei por isso vezes demais e ainda tenho pesadelos.

Fecho a saída de água e espero ele se recompor.

- Boa noite, tio. Dormiu bem? - pergunto e sorrio.

Atordoado e furioso, seus olhos me observam com um interesse doentio. Suas mãos passam pelo seu corpo insistentemente, na tentativa de se aquecer um pouco. Não funciona. Já tentei isso.

- Vai se foder. - retruca e sua fala se corta quando sua boca treme. Que cena linda.

- Até tentei, viu? - argumento e sinto meu rosto esticar com a risada que se forma - Sua filha é quente, mas ainda não era o momento. - assim que termino a frase, Francisco se lança até mim, mas não me alcança.

- Fique longe dela. - berra e levo a mão ao ouvido. Para um velho podre, seu pulmão está bem forte.

- Não posso ficar longe dela. - respondo - Somos amigos agora.

- Eu vou matar você. - avisa e gargalho. Gostaria de vê-lo tentar.

- Vou tirar você dessa corrente. - digo baixo - Se tentar qualquer coisa, vai tomar outro banho, ok? - explico e ele assente. Não confio nessa falsa promessa dele, então puxo a arma da minha cintura e aponto para a sua cabeça. O maldito enrijece e chego mais perto.

- Por que me soltou? - esbraveja, assim que me afasto.

- Duas opções. - digo, ao colocar a pistola longe dele e levanto os braços ao tirar minha camiseta - Ou você revida ou se acorrenta de novo. - ele me encara confuso, mas percebo quando o ódio nubla sua visão e ele dá um passo em minha direção, com os punhos em pé, pronto para me atacar. Que emocionante! - Vamos lá, tio. Vem brincar comigo.

MATTEO  Uma noite * livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora