Gabriella
Dois dias antes
Cruzo os braços e o encaro.
— Diga, Matteo. — ele suspira e vira para o lado, fazendo sinal com os dedos. Não entendo a princípio, mas quando alguns homens se aproximam e acenam, sinto minha barriga gelar — Quem são eles?
— Soldados da Costa Nostra.
— Por que estão aqui? — questiono. Fiquei um tempo aqui fora sozinha e não fazia ideia que estava acompanhada. Eles até me viram chorar.
— Para cuidarem da sua mãe. Isso que eu gostaria de conversar. — sua expressão serena e tão repleta de bondade, apaga qualquer faísca de raiva que existia em mim.
— Por que minha mãe precisa de proteção? — indago, mas estou com medo de saber o motivo. Pela quantidade de pessoas, boa coisa não é. Cerro o maxilar com força e fico em silêncio.
— Senhor. — dizem em uníssono com as mãos para trás. A postura reta e superior, atento a tudo ao redor, como se o perigo estivesse em cada esquina.
— Quero que impeçam qualquer entrada na clínica que pensarem ser de Camorra. Nem sequer uma pessoa. — a forma como as palavras saíram da sua boca, com um autoridade que eu nunca tinha visto, foi como se o tivesse visto pela primeira vez. Visto em ação. Sem sorrisos ou gracinhas. Apenas sendo o chefe. Firme e sério.
— Sim, Senhor. — respondem e sinto meus olhos se arregalarem com tamanha obediência.
— Será por pouco tempo. Revezem caso isso dure mais que um dia. Aviso vocês. — e sem falar mais nada, Matteo me segura pelo pulso e caminhamos até o carro.
Fecho a porta ao entrar e junto minhas mãos no colo.
— Gabriella. — sua voz se suaviza comigo e viro o rosto em sua direção.
— Como sabia que minha noite estava ruim?
— Liguei para Sandra mais cedo e pedi que te afastasse.
— Então ela fingiu. — replico e todos aqueles meus pensamentos, acreditando que estava perdendo o que ainda restava dela, sentada sozinha no banco, apenas a observando de longe como uma idiota, era tudo ensaiado.
— Para proteger você. — diz.
— Proteger do que? O que está acontecendo aqui? — disparo impaciente. Eu sou louca por ele, mas toda essa história está me levando a porcaria do limite — O que é Camorra e o que eles querem com a minha mãe? — pergunto e ele se encosta no banco. Sua boca abre e fecha uma vez e depois de novo — O que foi?
— Camorra é uma organização, assim como a nossa.
— Certo.
— Há alguns meses, sequestraram a mulher do meu irmão e ela quase foi morta. — vejo as dobras dos seus dedos esbranquiçadas ao segurar o volante com força — Antony já tinha me tirado do cativeiro e isso foi apenas mais uma armação do Francisco. — a menção do nome do meu pai, faz um aperto doer meu peito e fecho os olhos — Não se sinta mal por ele, querida.
— Não posso evitar. — rebato tristemente e e assente.
— Ele nos disse onde ela estaria e fomos a casa de Batelli para resgatar a Halsey. Foi um massacre e não teríamos voltado se não fosse por ela.
— Não entendi.
— Quando chegamos, a doida estava pendurada no muro. — ele sorri pela cena que deve ter se desenrolado na sua mente e continua — Ela foi embora com Fillipo, mas nós ficamos. Iríamos destruir aquele lugar, mas estávamos perdendo a luta, sem munição e quase sem homens, mas um exército da famiglia chegou na hora exata a pedido dela e nos salvaram.
Meu Deus, ela foi tão corajosa.
— Esse cara que você falou ... Batelli, é o chefe? — pergunto.
— Era. Está morto. Assim como todos que estavam na casa naquela noite.
Aperto o botão elétrico, fazendo o vidro se abaixar ao máximo.
Preciso de ar.
Enrolo o cabelo em um ninho na minha nuca e inspiro forte.
É engraçado ver nos filmes ou até nos livros, o quanto é romantizado essa coisa de máfia. Como se a garota nunca se importasse com as mortes ao invés de sair correndo, mas eu fiz isso.
Consigo lembrar perfeitamente de dizer com toda a clareza possível que não ligava a mínima para esse negócio. O sistema estava se lixando para nós e eu só retribuí o favor, mas agora, nesse exato instante, penso que talvez deveria ter pulado desse barco.
Eu o amo.
Amo de todo meu coração e só de imaginar uma realidade em que não estamos juntos é doloroso demais, mas pensar que a vida da mãe esteja em risco por uma escolha minha, faz essa dor parecer minúscula.
— Eles querem vingança. — afirmo confiante, porque já consegui ligar os pontos. Não ouço uma resposta sua, porque assim como eu, ele sabe que é verdade — Se eles sabem da minha mãe, então sabem sobre mim, não é?
— Sim. — responde e sua mão se aproxima da minha coxa. Apertando de leve, enquanto me encara apreensivo — Nada vai acontecer com vocês duas.
— Você não pode dizer isso com tanta certeza. — interrompo.
— Não, mas vou fazer qualquer coisa para que fiquem seguras. — dou a ele um meio sorriso e inclino meu corpo até encostar a cabeça no seu ombro.
— Você promete?
— Com a minha vida, foguinho.
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MATTEO Uma noite * livro 2
Romance📣 IMPORTANTE NÃO é necessário ler o primeiro livro, mas existem algumas referências que talvez você não entenda, mas que não impede o entendimentos desse livro. Livro 1 - Uma Noite https://my.w.tt/qhhC1yJhj5 até 29/04 ou completo na Amazon https:...