Capitulo 84

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Gabriella

Dois dias antes

Cruzo os braços e o encaro. 

— Diga, Matteo. — ele suspira e vira para o lado, fazendo sinal com os dedos. Não entendo a princípio, mas quando alguns homens se aproximam e acenam, sinto minha barriga gelar — Quem são eles?

— Soldados da Costa Nostra.

— Por que estão aqui? — questiono. Fiquei um tempo aqui fora sozinha e não fazia ideia que estava acompanhada. Eles até me viram chorar.

— Para cuidarem da sua mãe. Isso que eu gostaria de conversar. — sua expressão serena e tão repleta de bondade, apaga qualquer faísca de raiva que existia em mim. 

— Por que minha mãe precisa de proteção? — indago, mas estou com medo de saber o motivo. Pela quantidade de pessoas, boa coisa não é. Cerro o maxilar com força e fico em silêncio.

— Senhor. — dizem em uníssono com as mãos para trás.  A postura reta e superior, atento a tudo ao redor, como se o perigo estivesse em cada esquina.

— Quero que impeçam qualquer entrada na clínica que pensarem ser de Camorra. Nem sequer uma pessoa. — a forma como as palavras saíram da sua boca, com um autoridade que eu nunca tinha visto, foi como se o tivesse visto pela primeira vez. Visto em ação. Sem sorrisos ou gracinhas. Apenas sendo o chefe. Firme e sério.

— Sim, Senhor. — respondem e sinto meus olhos se arregalarem com tamanha obediência.

Será por pouco tempo. Revezem caso isso dure mais que um dia. Aviso vocês.e sem falar mais nada, Matteo me segura pelo pulso e caminhamos até o carro.

Fecho a porta ao entrar e junto minhas mãos no colo. 

— Gabriella. — sua voz se suaviza comigo e viro o rosto em sua direção.

— Como sabia que minha noite estava ruim?

— Liguei para Sandra mais cedo e pedi que te afastasse.

— Então ela fingiu. — replico e todos aqueles meus pensamentos, acreditando que estava perdendo o que ainda restava dela,  sentada sozinha no banco, apenas a observando de longe como uma idiota, era tudo ensaiado. 

— Para proteger você. — diz.

— Proteger do que? O que está acontecendo aqui? — disparo impaciente. Eu sou louca por ele, mas toda essa história está me levando a porcaria do limite — O que é Camorra e o que eles querem com a minha mãe? — pergunto e ele se encosta no banco. Sua boca abre e fecha uma vez e depois de novo — O que foi?

— Camorra é uma organização, assim como a nossa. 

— Certo.

— Há alguns meses, sequestraram a mulher do meu irmão e ela quase foi morta. — vejo as dobras dos seus dedos esbranquiçadas ao segurar o volante com força — Antony já tinha me tirado do cativeiro e isso foi apenas mais uma armação do Francisco. — a menção do nome do meu pai, faz um aperto doer meu peito e fecho os olhos — Não se sinta mal por ele, querida.

— Não posso evitar. — rebato tristemente e e assente.

— Ele nos disse onde ela estaria e fomos a casa de Batelli para resgatar a Halsey. Foi um massacre e não teríamos voltado se não fosse por ela.

— Não entendi.

— Quando chegamos, a doida estava pendurada no muro.  — ele sorri pela cena que deve ter se desenrolado na sua mente e continua — Ela foi embora com Fillipo, mas nós ficamos. Iríamos destruir aquele lugar, mas estávamos perdendo a luta, sem munição e quase sem homens, mas um exército da famiglia chegou na hora exata a pedido dela e nos salvaram.

Meu Deus, ela foi tão corajosa.

— Esse cara que você falou ... Batelli, é o chefe? — pergunto.

— Era. Está morto. Assim como todos que estavam na casa naquela noite.

Aperto o botão elétrico, fazendo o vidro se abaixar ao máximo. 

Preciso de ar. 

Enrolo o cabelo em um ninho na minha nuca e inspiro forte.

É engraçado ver nos filmes ou até nos livros, o quanto é romantizado essa coisa de máfia. Como se a garota nunca se importasse com as mortes ao invés de sair correndo, mas eu fiz isso. 

Consigo lembrar perfeitamente de dizer com toda a clareza possível que não ligava a mínima para esse negócio. O sistema estava se lixando para nós e eu só retribuí o favor, mas agora, nesse exato instante, penso que talvez deveria ter pulado desse barco. 

Eu o amo. 

Amo de todo meu coração e só de imaginar uma realidade em que não estamos juntos é doloroso demais, mas pensar que a vida da mãe esteja em risco por uma escolha minha, faz essa dor parecer minúscula.

— Eles querem vingança. — afirmo confiante, porque já consegui ligar os pontos. Não ouço uma resposta sua, porque assim como eu, ele sabe que é verdade — Se eles sabem da minha mãe, então sabem sobre mim, não é?

— Sim. — responde e sua mão se aproxima da minha coxa. Apertando de leve, enquanto me encara apreensivo — Nada vai acontecer com vocês duas.

— Você não pode dizer isso com tanta certeza. — interrompo.

— Não, mas vou fazer qualquer coisa para que fiquem seguras. — dou a ele um meio sorriso e inclino meu corpo até encostar a cabeça no seu ombro.

— Você promete? 

— Com a minha vida, foguinho. 

MATTEO  Uma noite * livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora