Capítulo 82

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Matteo

Dois dias antes

Quando a porta do escritório que eu estava, bateu na parede com força, levantei os olhos na hora. Sabia que era merda. Ninguém entra sem avisar, ainda mais tão cedo assim.

Coloco o celular de canto e encaro meu pai. 

— Precisamos conversar. — Fillipo puxa uma cadeira para trás, ocupando o acento bem a minha frente. Cruzo os dedos sobre a mesa e suspiro.

— O que aconteceu? — questiono.

— Camorra. — diz simplesmente, como se explicasse tudo e realmente explica.

— Por que será que não estou surpreso? — pergunto e inspiro calmamente. Seguro a caneca de café ao meu lado, permitindo que o liquido desça queimando pela minha garganta — O que fizeram dessa vez?

— O general. — meu pai pigarreia e passa aos mãos pelo cabelo grisalho, criando coragem para dizer algo ou só de saco cheio deles, assim como eu — Eles abordaram a Sofia, coitada.

— Ela está bem? — indago preocupado. 

Essa mulher é incrível, mesmo tentando me converter para a sua igreja em toda conversa. Está nessa casa desde sempre e merece a nossa proteção.

— Sim, não fizeram nada. 

— Mas não foi só isso. — interrompo e ele torce o lábio em reprovação.

— Infelizmente não, Matteo. — murmura — Os desgraçados enviaram uma mensagem para você.

Seria ingênuo da minha parte acreditar que Camorra desistiria sem brigar. Homens iguais a eles são como cães famintos. Desesperados e perigosos. Qualquer que seja o caso, estão confiantes e isso é um problema do caralho. 

— Qual seria a mensagem? — pergunto e inclino o corpo em sua direção. 

— Sandra. —  responde e por um breve momento, pensei ter escutado errado.

— Não entendi. — endireito a coluna e fixo meus olhos nos seus, que se abaixam tristes, antes de se erguerem mais determinados, mas ainda assim, sem o brilho de costume.

— A mãe da sua menina. Falaram apenas o nome dela. 

Porra.

Fico em silêncio.

Gabriella perder a pessoa mais importante da sua vida por minha causa, é fora de questão. Isso não vai acontecer.

— Não posso mais evitar esse confronto. — informo e fico em pé — O casamento já passou e Antony está longe. — caminho até a janela e observo o jardim bem cuidado. A raiva começa a esquentar meus sangue e respiro profundamente algumas vezes.

— Entendo. — comenta , mas a sua voz é somente um barulho baixo nos meus ouvidos, me perdi no instante que fizeram menção a Sandra. Meu corpo fica tenso e fecho os punhos com força.

Uma ameaça. 

Um maldito aviso.

— Preciso fazer uma ligação. — digo, mas sem me virar. Continuo com a visão no gramado a minha frente. Quando não ouço seus passos, movo a cabeça para o lado e a minha expressão deve ter indicado que estava falando além de sério, pois ele assente e me deixa sozinho. Sorrindo fracamente ao sair.

Minha mão coça para se enterrar na parede, uma sensação que é quase impossível de controlar, é como se eu precisasse sentir alguma coisa para acreditar que isso é real. Merda

MATTEO  Uma noite * livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora