Matteo
Um dia antes
Já passava das duas da manhã quando chegamos na minha casa. Depois de ter pego o que precisava e passado em um drive-thru, viemos direto. Não posso arriscar cair em uma emboscada, ainda mais acompanhado dela. Mas precisava alimentá-la. Sua fome, naquele momento, estava mais perigosa do que os soldados inimigos.
Durante o trajeto, expliquei o motivo de precisar que fique aqui. Seria mais fácil fazer o que preciso, traria mais sossego a minha mente. Não seria capaz de pensar com clareza, se ficasse imaginando todo tipo de merda que poderia chegar até a minha garota se ficasse sozinha. Então a decisão foi simples e ela aceitou. Graças a Deus. Podia sentir a frustração crescendo a cada segundo no seu semblante, mas isso era fodido para mim também. E me odiei por isso, me detestei por trazer toda essa aflição até ela.
Gabriella entendeu a urgência e o risco de toda essa bagunça, mas eu sei que sua preocupação tinha apenas um alvo. Sua mãe. Nunca a vi tanto tempo calada, mas cada um tem um jeito de lidar com o medo e esse era o dela, não poderia julgar. Nem deveria, na verdade. Deus sabe a minha cota de dor quando tenho alguns flashs do passado. Não quero que isso a atormente também, por isso estou cuidando de tudo.
Estou sentado na cama com o cotovelo apoiado na perna. Minhas costas reclamam pela posição desconfortável, mas permaneço assim do mesmo jeito. Ouço o barulho da água saindo do chuveiro e caindo com força no chão. A porta está encostada, o que também me permite escutar seu choro baixo. Ela está com tanto medo. Saiba que eu também, meu amor.
E isso é uma merda.
Uma parte do meu peito parece sufocar, mas escolho não ir até lá. Sei que sua cabeça tem muito o que processar e precisa de espaço, então, simplesmente, fico na minha. Gabriella sabe que estou aqui. Diabos, sempre estarei.
Seu banho parece durar uma eternidade ou talvez, eu só esteja impaciente. Não gosto nem de pensar no que pode acontecer nas próximas horas. Pensar nisso faz meu maxilar doer de tão travado que fica. Meus batimentos batem freneticamente e só gostaria de encontrar algo em que bater. Alguma coisa que faria toda essa ansiedade ir embora.
Preciso cuidar delas.
Preciso voltar por ela.
Quando a névoa quente se dissipa pelo quarto, ela caminha até o colchão e se deita em silêncio, mas antes de se virar de costas, pude perceber seu olhar distante e temeroso.
Empurro um pé no outro para me livrar do tênis e passo o braço pela sua cintura, mantendo seu corpo colado ao meu. Um pouco depois, ela vira o rosto e encosta seus lábios quentes nos meus brevemente, voltando a se aconchegar. Fechos os olhos, permitindo que seu calor percorra minha pele. Liberando aquela sua luz que sempre acalma o inferno dentro de mim.
— Eu te amo. — diz.
— Eu te amo mais, foguinho.
Não falamos mais nada depois disso. Essa noite é apenas para dormir e descansar a mente. Precisamos disso. Do conforto um do outro que antecede uma batalha.
Um tempo depois, sinto sua respiração calma e compassada. Puxo meu braço lentamente e me levanto, observando de cima o quanto essa mulher é importante na minha vida e o quanto a amo. Tão malditamente linda.
Ando pelo corredor escuro até o escritório. Meus passos são lentos e precisos. Não quero acordar ninguém. Preciso pensar e ficar sozinho.
Abro os botões da camisa e coloco uma bebida no copo a minha frente. Empurro a cadeira e me acomodo. Antes mesmo do primeiro gole, ouço um barulho fraco e sei que terei companhia em alguns segundos.
— Matteo. — Fillipo diz surpreso — O que faz aqui a essa hora, menino?
— Gabriella está dormindo. — murmuro e levo o copo cheio a boca, entornando metade do liquido — Estou aqui para planejar.
— Camorra. — afirma.
— O que mais seria? — solto um riso amargo e o encaro — Preciso ser cuidadoso.
— Por isso a trouxe para casa. — levanto meu olhar até ele e assinto.
— Mandei soldados vigiarem a mãe dela também. — explico.
— O que pretende fazer, filho? — sua voz tomada de preocupação e de um amor que pensei um dia ter perdido, faz essa decisão ser ainda mais pesada. Mais difícil. Não estou sozinho mais. Tenho pessoas a minha volta agora que preciso proteger a qualquer custo.
— Essa será a última vez que entro em guerra com eles. — informo.
— O que quer dizer? — posso ver pela sua cara amarrada que não gostou da minha resposta, mas eu não estava procurando por aprovação de qualquer forma.
— Vou acabar de uma vez por todas com essa porra. — ele empalidece e a determinação nas minhas palavras, com o fogo que sinto colocar meu corpo em brasa, trazendo uma excitação perigoso até meus punhos, só demonstra a quantidade de esforço que estou disposto a colocar nessa missão e o quanto tenho uma motivação melhor que a deles.
Não estou indo por vingança, estou indo pela maldita paz.
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MATTEO Uma noite * livro 2
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