MATTEO Uma noite * livro 2

Capítulo 60

Matteo

Sinto como se uma parte do peso do mundo saísse dos meus ombros após a conversa com a Sandra. Um alivio estufa meu peito e mesmo que eu pensasse em mil cenários, certamente, nenhum seria esse.

O sorriso sincero que recebi e a aceitação em suas palavras, foi o maldito melhor presente do dia. Abri meu coração desfigurado e recebi coisa boa de volta. Essa sensação é fodidamente reconfortante.

Caminho sem pressa até meu carro, quando sinto o celular vibrando no bolso.

Matteo

Sua mensagem faz um sorriso nascer no meu rosto e começo a perceber que ela sempre é o motivo de alguma felicidade minha.

Foguinho - respondo.

Encosto na lateral do veículo e fico aguardando seu retorno, demora um pouco, mas quando chega, é como adaga nas minhas costas.

Poderia me ajudar com aquele lance da conta de energia?

Odeio essa situação.

Passe os dados da sua conta, querida. Vou te mandar agora, pode ser?

Odeio saber que minha garota vai ter condições de não passar mais por coisas assim, mas que pode não aceitar ou até me abandonar quando souber de toda a verdade.
Só que preciso correr esse risco.
Talvez o amor seja isso, abrir mão de segredos e aguentar as consequências.

Isso vai acontecer domingo a noite, vou dizer cada palavra de toda essa história e espero que o final não seja Gabriella me abandonando.
Porra, eu quero muito acreditar nisso.

Pelo menos assim ela não fica desesperada atrás de um novo emprego, isso se não me mandar a merda e ignorar a herança daquele traidor.

Não pergunto o valor, apenas transfiro uma boa quantidade para a sua conta, talvez até implique comigo, mas quer saber?
Esse será o menor dos meus problemas.

Um apito no aparelho e vejo a notificação do banco. Ela devolveu quase todo o dinheiro, ficou com menos de $200. Essa mulher parece não ser real as vezes.

Dirijo de volta para casa e assim que avisto alguns carros na entrada, sei que temos companhia.

Entro rapidamente e já vejo minha cunhada conversando com um rapaz. Assim que seus olhos me encontram, sorrio.  Ela está maravilhosa. Não apenas beleza, mas é como se essa gravidez a deixasse diferente, mais madura.

— Matteo. — vejo seus olhos marejados e meu peito se aperta. Essa menina passou por coisas demais também. Tão forte.

— Oi, deliciosa. —  beijo sua bochecha, tomando cuidado com a sua barriga e ouço sua risada fraca escapando dos seus lábios.

— Esse é meu amigo, Thomas. Um irmão, praticamente. — diz orgulhosa.

— Bem-vindo, cara. — cumprimento e estico o braço, batendo nossas mãos. Ele apenas sorri e parece congelar ao me olhar com atenção. Muita atenção, na verdade.

— Gata, você escolheu o irmão errado ... — escuto seu aviso baixo para Halsey e seguro o riso.

— Cala a boca, Thomas. — resmunga e anda devagar,  se afastando envergonhada com a protuberância marcando seu corpo.

— Espero que não esteja cobiçando a minha noiva. — ouço sua voz e viro o corpo, ficando de frente para um das melhores pessoas do mundo.

— Mano, ela ainda está melhor que antes. — comento provocando e sorrio, recebendo seu sorriso de volta, tão parecido com o meu. Só um pouco mais feio.

— Como você está, cara? — questiona e sua mão viaja até o meu ombro, apertando de leve.

— Estou bem, Tony. — digo — Minha vida está boa. — confirmo. Você não faz ideia de como.

— Fico feliz em saber, Matteo. De verdade. — uma emoção diferente passa por seus olhos e sei que está se recordando do que eu venho tentando evitar pensar.

— E o bebê? — pergunto curioso e mudando o rumo dessa conversa.

— Está ótimo. — responde sério — Por que mudou de assunto? O que está escondendo? — dispara rápido demais e por um instante, por um breve momento, quase peço sua ajuda, mas não quero envolver ninguém nisso, muito menos com os homens de Camorra batendo na nossa porta outra vez. Meu irmão está construindo sua família e não vou permitir colocar nenhum deles em risco.

— Falei que estava tudo bem, não seja uma uma velha fuxiqueira. — desdenho e o puxo para um abraço — Senti sua falta. — digo.

— Eu também, mano. 

 — Sua companhia no casamento está aqui? — sua boca se ergue de apenas um lado e fica me encarando de um jeito engraçado.

— Não, vai conhecer apenas na cerimônia. — digo firme.

— Namorada? — retruca se divertindo.

— Vai infernizar, Fillipo! — digo com uma irritação fingida—  Ele está com saudades de você. — me afasto o mais rápido que consigo e deixo sua gargalhada escandalosa para trás.

Talvez esse seja o último final de semana com meu coração completo, caso minha garota decida quebrá-lo domingo.

Não posso culpá-la se isso acontecer, Deus sabe que eu fui um fodido idiota e que talvez nem mereça o seu perdão.