Capítulo 17

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Gabriella

- Namorado? - Luca pergunta curioso, enquanto andamos em direção ao seu carro.

- Não. - respondo firme - Só um amigo. - ou talvez nem isso mais.

- Ele sabe disso? - comenta rindo.

- Muito engraçado. - retruco.

- Até que foi . - ele aperta o controle em suas mãos e som das portas destravando é baixo e calmo. Tudo que eu preciso agora. Tranquilidade.

Matteo pareceu furioso e um pouco magoado, mas nada disso se compara a raiva que senti esquentar meu rosto quando o idiota me ofereceu carona. Que mundo ele vive? Não é possível que ele cogitou a ideia de aparecer depois de tantos dias e acreditar que agir normalmente não seria nada estranho.

- Terra chamando ... - Luca me observa curioso e um sorriso bonito brota em seus lábios - Você está bem?

- Sim. - sorrio de volta - Desculpa.

- Sem problemas, Gabriella.

Passo meu endereço e seguimos em silêncio por alguns minutos. Mexo nas pontas do cabelo, um pouco desconfortável e com a mente longe. Lembrar da expressão do Matteo me deixa esquisita, com um pontada diferente no peito. A sensação era de que ao mesmo tempo em que eu queria correr para seus braços, também queria socá-lo.

- Trabalha muito tempo no bar? - Luca interrompe meus pensamentos e pelo  olhar meio triste, parece que deixei de ser uma boa companhia. Droga.

- Uns dois anos. - respondo - E a banda? - questiono na tentativa de recuperar aquela dinâmica legal entre nós - Vocês tem futuro. - bato de leve no seu braço e ele sorri.

- Estamos juntos desde o ensino médio. - diz orgulhoso - Mas não sei se vai durar depois da faculdade. - seus ombros caem um pouco e ele continua - Alguns dos caras tem outros planos.

- Você é o vocalista. - argumento.

- Sou. - responde baixo.

- Sua voz é linda, Luca. - digo timidamente - Basta encontrar novos integrantes.

- Simples assim. - comenta rindo.

- Simples assim. - repito.

- Gostei de conhecer você.

- Eu também gostei. - confesso.

- Está com fome? - pergunta.

- Não. - respondo.

- Uhum. - diz ao dar seta e virar para entrar em um drive thru - Você já comeu o hambúrguer desse lugar? É fantástico. Você vai adorar.

- Eu falei que não estava com fome. - digo rindo.

- Eu sei, eu ouvi. - ele se aproxima do guichê e pede dois combos - Comida ajuda a esquecer algumas coisas.

- O que? - questiono confusa.

- Você vai estar tão cheia em alguns minutos, que não vai mais pensar naquele cara. - Luca abre a carteira e entrega um cartão ao atendente - Seu único pensamento vai ser de felicidade.

- Você é doido. - digo.

- Estou falando sério. É um pedaço do céu esse lugar. - ele digita a senha e assim que pega o recibo, nos movimentamos para a próxima cabine.

- Se você está dizendo.

- Você vai ver. - comenta confiante.

O saco de papelão aquece a minha coxa e o cheiro está maravilhoso. Inspiro profundamente e a minha barriga ronca em resposta.

- Ninguém resiste. - ele ri alto e o som é bom. Tão bom. Estar ao lado dele trouxe uma calmaria diferente, desconhecida.

Luca estaciona em frente a minha casa e descemos.

- Quer entrar? - pergunto.

- Não. Vamos comer aqui. - ele sobe alguns degraus e se senta na entrada. Dou de ombros e me junto a ele.

- Meu Deus ... - Na primeira mordida, me rendo. Ele tinha razão.

- Eu sei. Eu te avisei. - ele passa a língua pelos lábios e acompanho o movimento. Luca é bem bonito.
Ele percebe o que fiz e me encara por tempo demais.

- Você não quer isso, Gabriella. - diz sério - Não me olhe assim, porque não serei tão forte da próxima vez.

- Você não sabe o que quero. - contesto.

- Eu sei quem você quer e infelizmente não sou eu. - ele leva a boca até o canudo do refrigerante e dá de ombros. Obrigo meus olhos a mudarem de direção e termino meu lanche em silêncio.

Será que estraguei tudo?

Quer saber? A beleza é convidativa, que se dane. Não tem como ficar desviando.

- Você não sabe de nada. - digo, por fim.

- Verdade. - ele amassa o lixo e empurra para o canto, se aproximando de mim em seguida - Poderia provar isso te beijando agora, mas nossas bocas estão nojentas. - ele ri e eu também - Quem sabe outro dia.

Não respondo e nem tenho a chance, pois o carro do Matteo estaciona atrás do de Luca e ele desce, caminhando devagar até nós, com o olhar ferido ao nos ver tão perto um do outro.

Isso vai ser interessante.

MATTEO  Uma noite * livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora