Gabriella
Matteo fez um cara esquisita quando me virei e sorri para ele, até eu me surpreendi, na verdade. Estou mais a vontade perto dele do que pretendia.
Hora de por a porcaria do pé no freio.
O problema é que ele faz com o que eu me sinta assim, sem reservas. Ele me faz rir o tempo todo e isso é muito bom. É gostosa a sensação, mas somos amigos. Ponto. Ele tem cara de quem quebra corações e estou muito bem sem essa dor na minha vida. Preciso me controlar. É isso. Me ajuda, Deus.
Enquanto atendo um cliente, sinto seu olhar. Isso parece idiotice, como posso saber que alguém está olhando? Mas eu sei, ou talvez, eu só queira que ele esteja. Não pense nele dessa maneira. Amigos. Isso é difícil demais. Se eu continuar com essas drogas de pensamentos, vou acabar na cama dele.
- Gabriella. - levanto a cabeça e paro de fazer o drink. Os pelos dos meus braços se arrepiam e não é aquela sensação gostosa, é de repulsa. Marco.
Ele é o dono desse bar e um escroto. O bom é que ele nunca vem para cá e nas vezes em que aparece, tenta entrar nas minhas calças. Toda porcaria de vez. Ele me enoja.
- Oi, Marco. - digo secamente.
- Antes de ir embora passe no escritório, por favor. - sua voz assume um tom malicioso e vejo quando passa a língua pelos lábios. Eca.
- Para quê? - questiono. Estou nesse trabalho há dois anos, porque preciso dele, mas não a qualquer custo. Não mesmo.
- Estou finalizando as próximas compras, preciso que veja se falta algo. - conclui e se afasta.
Hoje sou eu quem fecho o caixa, uma escala que definimos todo começo de mês, o que significa, que seremos apenas nós dois nesse lugar vazio. Que merda.
Entrego a bebida para o cara na minha frente e caminho lentamente até Matteo. Talvez ele me distraia com suas conversas estranhas. Conforme me aproximo, vejo seu sorriso aumentando a cada passo que chego mais perto.
- Quem era? - pergunta curioso.
- Quem? - retruco por cima.
- Aquele homem que deixou você esquisita.
- O dono. - respondo sem emoção. Um cretino.
- O que ele falou para você?
- Nada importante. Cuide da sua vida. - comento rindo, com sorte ele vai deixar esse assunto para lá. Ele fecha a boca e me observa de um jeito sério.
- Estou de olho em você. - comenta simplesmente.
- Tudo bem. - sorrio - Agora termine esse copo, vamos baixar as portas. - ele assente e entorna o restante do seu whisky, ficando em pé em seguida.
- Até amanhã então, linda. - Matteo arrasta uma nota de cem dólares sobre o balcão e pisca ao sair, me deixando de boca aberta e feliz pela gorjeta maravilhosa. De novo.
Enquanto organizo tudo, o movimento fica cada vez menor, quando termino de recolher todas as coisas e lavar toda a louça, já estou sozinha.
Penduro o avental e guardo todo o dinheiro extra na minha mochila. Ele salvou minha noite outra vez. Um sorrio bobo brota nos meus lábios ao pensar no meu novo amigo e se desfaz quando paro em frente ao escritório de Marco.Caminho para dentro da sua sala e o encontro analisando o pedido ao fornecedor, assim que me vê, percorre minha pernas com aquele olhar porco e estende o documento para mim.
Ignoro-o completamente e sem encostar nele, puxo a folha de suas mãos.- Adoro essa cor, Gabriella. - ele se aproxima e seus dedos enrolam uma mecha do meu cabelo, me distancio na mesma hora.
- Não encoste em mim. - esbravejo e ele ri alto.
- Ok, desculpa. - pede com tanta falsidade que sinto um frio na barriga.
- Esse pedido é do ano passado. - comento ao ver a data do ano anterior e levanto a cabeça para encará-lo. Ele sorri como um demônio, frio e maldoso. Recuo um pouco e ele se adianta.
- Sim, é verdade. - a sombra dele fica sobre o papel e quando sua mão pousa na minha cintura e aperta de leve, estremeço com o contato e me afasto em um segundo.
Saio apressada da sala dele e sinto minhas bochechas úmidas. Filho da puta nojento. Não consigo controlar a raiva e acabo chorando de nervoso. Puxo o ar com força e passo pela porta de saída.
- O que está fazendo aqui? - questiono ao me assustar. Matteo está com as pernas cruzadas e apoiado em um carro preto, ao reparar em mim, anda com pressa na minha direção.
- Por que está chorando, foguinho? - seu timbre baixo e preocupado pesa no meu peito - O que aconteceu lá dentro?
- Marco. - confesso e ele entende.
- Ele te machucou? - nego com a cabeça e percebo quando ele respira profundamente - Tem certeza?
- Sim. Estou bem. - respondo firme e continuo - O que está fazendo aqui, Matteo? - indago novamente.
- Esperando você. - responde sinceramente - Está muito tarde, iria te acompanhar até sua casa. - meu coração desacelera e me sinto grata pela sua presença, na verdade. Não poderia ser em um momento melhor - Você tem que sair desse lugar. - diz confiante.
- Marco é um imbecil. - passo as mãos pelo rosto para secar as lágrimas - Mas preciso desse emprego, Matteo. Conto com esse dinheiro. - suspiro cansada e ainda com o corpo trêmulo.
- Você pode trabalhar na minha casa. - diz rapidamente e sorri, como se fosse a melhor idéia do mundo - Sofia vai gostar de ter alguma ajuda.
Quem diabos é Sofia?
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MATTEO Uma noite * livro 2
Romance📣 IMPORTANTE NÃO é necessário ler o primeiro livro, mas existem algumas referências que talvez você não entenda, mas que não impede o entendimentos desse livro. Livro 1 - Uma Noite https://my.w.tt/qhhC1yJhj5 até 29/04 ou completo na Amazon https:...