Capítulo 55

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Gabriella

Ouço sua respiração fraca e ritmada ao meu lado, e meu peito se aquece novamente. Em cada toque, cada beijo leve e furioso, meu coração se tornava mais dele. Como se meu corpo o desejasse até mesmo antes de eu ter conhecimento.

A cada maldito segundo, o ar queimava meus pulmões com uma vontade enorme de ficar mais perto, de sentir mais de tudo que ele poderia oferecer.
Era uma droga na qual estava me viciando.
E eu precisava da minha dose diária.

Viro a cabeça lentamente e o observo dormir. Tão bonito e tão puro. Uma beleza que vai além da aparência.

Diabos, com esse jeito debochado e sério, é uma mistura perfeita que me enlouquece.

Tento imaginar como seria confessar meus sentimentos e me entregar de vez a esse lance especial que existe entre nós, mas alguma coisa me segura, como se ainda não fosse o momento certo. É muito estranho, mas me deixa receosa.

Talvez outra hora, então.

Sua mão está sobre a minha barriga, presa fortemente, como se esperasse uma fuga minha pela manhã.

Tento mover minhas pernas, mas seu peso me mantém exatamente no mesmo lugar.

— Sossega, foguinho. — murmura sonolento.

— Preciso ir ao banheiro. — sussurro de volta e seu aperto se afrouxa um pouco, liberando uma pequena saída.
Com um beijo na sua testa, levanto devagar e me afasto do seu calor, o que traz uma sensação repentina de vazio.

Encaro seu corpo, coberto com um lençol apenas nas canelas e sorrio.

Matteo é uma visão e tanto. Ainda mais com a luz baixa do amanhecer, iluminando cada parte dele.

Caminho silenciosamente e encosto a porta. Escovo os dentes e troco de roupa rapidamente. Passo uma água no rosto e tento ajeitar o cabelo, mas desisto ao perceber uma emaranhado na nuca e só faço um coque bagunçado. Isso vai servir.

Volto para o quarto e procuro pelo meu celular. Com a mochila já nas costas, encontro o aparelho carregando em cima da sua cômoda. Esse homem é um anjo, meu Deus.

Com uma última olhada nele, me despeço e vou embora.

Ando pelo corredor nas pontas dos pés,  desço as escadas segurando no corrimão e assim que chego próximo a saída por onde entrei ontem a noite, uma voz quebra a quietude do meu caminhar ninja e quase me mata de susto.

— Quem é você? — um senhor me fita com um misto de diversão e curiosidade.

— Gabriella. — respondo e uma vergonha esquenta minhas bochechas. Merda.

— Estava com meu filho? — pergunta e sorri de uma maneira esquisita.

— Se seu filho for o Matteo, sim. — retruco.

— Interessante. — diz e se aproxima — Você é a primeira mulher que ele traz aqui.

— Somos amigos. — digo rápido demais e nem eu posso acreditar mais nesse papo furado. Provavelmente, nem ele. Pois como uma águia, seus olhos parecem saber de tudo.

— Claro. — comenta risonho — Estava indo embora? 

— Sim. Faculdade. — explico.

— Vou pedir para que alguém te leve. Espere um minuto, por favor. — após alguns passos, o homem some de vista e fico parada, no meio da sala da casa. Nem um pouco desconfortável.

Aproveito esse tempo e procuro o telefone da clínica, dois toques e sou atendida.

— Bom Dia, tudo bem? Liguei apenas para saber como a minha mãe está.

— Bom Dia, querida. Tudo bem sim. Qual o nome dela completo?

— Sandra Giordano. — respondo.

— Certo, só um instante. — escuto vozes abafadas e fico em silêncio aguardando — Ela está ótima. Está tomando café. Pode visitá-la mais tarde, se quiser.

— Claro, farei isso. Muito obrigada. — encerro a chamada e troco o peso das pernas. Vou chegar atrasada. Droga.

— O que você disse? — o pai dele interrompe meus pensamentos, acompanhado de um rapaz mais jovem.

— Está falando comigo? — pergunto constrangida. Ele apenas assente e me observa atentamente — Estava em uma ligação, senhor. — respondo sorrindo — Estava conversando com outra pessoa. — digo. Talvez tenha pensado que eu estava falando com ele.

— Sou um velho maluco mesmo. — diz brincando, mas sua postura se difere do olhar, como se estivesse escondendo alguma reação. Bizarro — Está tudo bem?

— Sim. — digo — Só estou com um pouco de pressa. 

— Theo vai te levar. — diz — Foi um prazer, menina. 

— Obrigada. — sorrio abertamente e continuo— Prazer foi meu, senhor? — gesticulo para que diga seu nome, pois não faço idéia de qual seja.

— Fillipo. — completa.

— Perfeito. Muito obrigada.

Saio a passos largos da casa e entro no carro, não antes de perceber a expressão furiosa de Fillipo, subindo as escadas com uma velocidade que não combina com a cor do seu cabelo. 

Que manhã diferente.

MATTEO  Uma noite * livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora