Capítulo 15

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O olhou nos olhos, seu peito doía, enquanto o outro chorava e implorava por sua vida, como uma criança em prantos após uma queda

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O olhou nos olhos, seu peito doía, enquanto o outro chorava e implorava por sua vida, como uma criança em prantos após uma queda.

Elevou a mão segurando sua cabeça, lágrimas escorriam por sua face, não tinha controle sobre seu corpo.

— Por favor, Henrique, por favor...

— De-desculpe... — Chorou junto ao irmão, porque tinha que ser assim? Não queria fazer isso.

E lá estava seu corpo movendo-se novamente, sem suas ordens.

Viu a espada brilhar ao ser levantada por sua mão direita e em instantes, segurava a cabeça de Maxwell, sem vida, olhando as últimas lágrimas escorrer pelos olhos azuis opacos e sem foco. Sentiu o sangue escorrer em seu rosto, chorou, tremendo, ainda com a cabeça em mãos. Caiu de joelhos próximo ao corpo.

Abriu os olhos em espanto, seu coração parecia um trator descontrolado, enquanto soava, passou a mão no rosto, sua cabeça latejava, estava cansado desses pesadelos.

Levantou se sentindo exausto e caminhou até a cozinha, tomou um gole de água gelada. Suspirou, olhando o nada a sua frente, sem vontade de voltar a dormir.

O viu observar a paisagem abaixo do penhasco, o dia estava calmo, o céu azul com um sol leve e a brisa calma balançando as folhas da enorme macieira

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O viu observar a paisagem abaixo do penhasco, o dia estava calmo, o céu azul com um sol leve e a brisa calma balançando as folhas da enorme macieira.

— Pesadelos, Henrique?

Escutou a voz que não ouvia a um tempo.

— É você? — Perguntou, ainda olhando a costas do caçula.

— Eu? — Sorriu. — Não preciso controlar uma mente que já é perturbada pelos próprios atos. — Maxwell se vira, vendo as olheiras desagradáveis no rosto cansado de Henrique, resultado de noites mal dormidas. Se divertiu com o fato.

— Você deve adorar isso.

— Eu diria que adorar é pouco em relação ao que sinto. — Ainda possuía um sorriso maldoso no lábio. — O que é? Faz tempo que não recebo uma visitinha sua.

— Não é como se você quisesse...

— Bem pensado. — Se vira novamente, voltando a observar a paisagem.

Henrique o olhou, de certo modo era um pouco estranho o ver tão diferente do garoto doce e magricela que ele conhecia. Maxwell estava consideravelmente alto, talvez até mais do que si, e forte também. Os cabelos que antes viviam arrumados e com um bom corte, agora batiam em sua nuca, todo bagunçado. Seu corpo formigava por um abraço que ele sabia que não teria.

Apertou os olhos, sentindo a dor agonizante no peito.

— Interessante ver que ainda vem aqui. — Se aproxima, ficando ao seu lado.

— Ainda vou em muitos lugares, o que você quer?

— Eu acho que posso ver meu irmão quando me convém.

— Você não é meu irmão. — A voz de Maxwell soa rude, fria, Henrique olhou o chão dando um mínimo sorriso.

— Bem, ainda temos o mesmo sangue.

— Muitas pessoas tem o mesmo sangue.

Suspirou, era perca de tempo, não chegaria a nada discutir isso.

— Eu sei porque você é tão interessado nela...

— Você não sabe de nada!

— Eu posso não estar com você Maxwell, mas sei de tudo e ainda o conheço muito bem.

Maxwell riu alto.

— Tem certeza que me conhece tão bem assim? Porque se fosse verdade, não arriscaria aparecer na minha frente, eu ainda quero a sua cabeça empalada na minha parede, Henrique.

Henrique o olhou nos olhos, via o mesmo ódio de tempos atrás, imutável, desejoso, não duvidava que o outro pudesse o atacar a qualquer momento, mas não sentia medo.

— Como se eu tivesse medo de você, cresci com você, Maxwell.

— Não, você não cresceu comigo, você aparecia as vezes, quem cresceu comigo foi o Diego.

Não era de fato uma mentira, mas mesmo que não estivesse lá fisicamente, estava cuidando do irmão.

— Percebe que mudou de assunto?

— Inevitável, quando você tá falando tanta besteira.

— Qual é, você acha mesmo que não sei? Eu sei bem Maxwell, eu vi com meus próprios olhos, não é uma dedução. Eu sei porque é interessado nela, sei porque não se afasta e sei que não tem absolutamente nada a ver com o Josh, nunca teve na verdade, apesar dele cismar que você tem algo com ele.

— Avisa que ele não tá valendo tudo isso. Você ainda não disse o que tá fazendo aqui e minha paciência tá se esgotando.

— Você nunca teve.

Riu ao ver o mais novo fechar a cara, ele até que estava bem controlado, quando pensou em aparecer imaginou que nem teria a chance de tentar falar.

— Sabe, eu não me importo que esteja interessado na garota, sei que não vai fazer mal pra ela.

— Desde quando você virou bruxa?

Henrique se aproximou, lhe segurando um ombro, recebendo um olhar de indignação.

— Não importa o que você diga ou o que os outros digam, eu sei o que você é, eu sei o que tem aqui. — Aponta o dedo a onde supostamente era o coração de Maxwell. — Sei porque faz o que faz e sei que não vai machucar ela, fazer alguma merda, talvez, mas não de propósito. Você pode fingir o quanto quiser Maxwell, pode criar essa fama horrível, mas eu sou o seu irmão, mesmo que você não aceite mais, eu conheço sim você.

Maxwell afasta a mão pousada em seu ombro com um tapa, o olhando de forma estranha.

— Tá falando besteira demais já, cai fora daqui.

— Você ainda não tem domínio sobre os lugares públicos.

— Esse aqui eu tenho. Se não liga que eu esteja com ela, porque tá aqui como os outros?

— Estou apenas fazendo minha parte.

— Sendo pau mandado como sempre, claro.

— Isso não vem ao caso.

— Independente, não vou me afastar e vocês estão começando a me irritar pra caralho!

— Tudo te irrita, Maxwell.

— Vai embora.

— Okay, okay.

Henrique se afastou, de certo modo "feliz" por ter tido uma conversa razoavelmente calma.

Maxwell respirou fundo caminhando até a árvore, apoiou a cabeça ali, olhando a imensidão do céu azul a sua frente, achava incrível o modo como um lugar poderia trazer tanta calma para si.

Anjo Das Sombras (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora