Maxwell entrou no cômodo, sorridente, a vendo sentada na cama.
— Ruivinha.
— Maxwell.
Ele arqueou uma sobrancelha, confuso, a voz estava rude, ela parecia irritada.
— Aconteceu algo?
— Eu vou te perguntar algo e quero que responda sim ou não.
— Por que?
— Não interessa, posso perguntar?
— Sim.
— Você sabe o que aconteceu com o meu irmão?
— Isabelly...
— Responda.
— Sim.
— Então você sabe que ele está morto? — Questiona se levantando o olhando diretamente nos olhos.
— Por que-
— Sim ou Não. — Disse fria.
— Sim.
Isabelly fechou os olhos, respirando fundo, buscando coragem e então o olhou de novo, expondo sua raiva.
— Você matou ele? — Perguntou, torcendo para que ele se irritasse com a sua pergunta e no mínimo ficasse magoado, desejou profundamente que ele dissesse que ela estava louca.
— Isabelly, por favor...
— Responde à porra da pergunta caralho!
Maxwell piscou e respirou fundo, buscando coragem, para então responder.
— Sim...
Isabelly piscou várias e várias vezes, sua face se contorcendo em dor, angústia, mágoa e raiva, principalmente raiva. Se aproximou abruptamente o olhando em frieza.
— Como você pode? — Perguntou baixo, a voz rouca, expondo sua irritação.
— Eu não quis...
— Como você pode?! — Ela gritou lhe acertando um soco no peito. — Como você pode fazer isso? — Perguntou dando outro soco em seu peito — Como pode mentir pra mim, como você pode olhar no meu olhos dia após dia e me esconder isso? —
Isabelly gritava entre o choro, desferindo vários socos em seu peito o fazendo cair sentado na poltrona, porém a mesma não parou.
— Como teve coragem de brincar comigo, de me levar pra cama, de passar todo esse tempo comigo sem me dizer a verdade?
— I-Isabelly...— Ele não conseguia responder ou reagir, apenas aceitava o surto de raiva dela e os socos que não lhe causavam dor de fato.
— Você teve a coragem de olhar nos meus olhos e dizer que não tinha ferido ninguém importante pra mim! Você teve a coragem de conversar comigo sobre ele, como se não soubesse de nada! — Gritou, parando o acertar. — Eu odeio você. — Disse o olhando diretamente nos olhos.
— Desculpa, eu não quis, eu- — Antes que terminasse de concluir a frase o tapa ardido lhe acertou a face com força, trazendo vermelhidão à pele pálida.
Maxwell entreabriu os olhos, espantado.
— Cala a boca, aberração. — Isabelly disse o olhando cruelmente.
Ele piscou a olhando assustado, abriu e fechou a boca, mas nada saía, suas mãos tremiam e seu coração parecia querer lhe rasgar a pele.
— Agora eu entendo porque as pessoas temiam você, você é um monstro, uma aberração insensível, desagradável.
— V-você não está falando s-sério... — Gaguejou em um fio de voz, sentia-se fraco impotente, seu peito doía como nunca havia ocorrido antes.
Isabelly sorriu de maneira tão maldosa quanto si quando estava em seus lapsos de loucura.
— Não? O rei da mentira aqui é você, monstro. Eu odeio você.
Maxwell fechou os olhos, tentando conter a dor.
— Você disse que me amava.
— Eu estava errada, burra. Fui cega, sabe o que eu sinto por você agora Maxwell? — Perguntou e ele a olhou sinceramente com medo da resposta que sairia de seus lábios. — Ódio e nojo, principalmente nojo, você é horrível, detestável e só de lembrar que eu tive coragem de me deitar com algo como você eu sinto nojo, vontade de vomitar. — Novamente ele fechou os olhos, falhando em controlar a lágrima sorrateira que escorria por suas bochechas frias.
Maxwell levantou-se, a fim de lhe tocar o rosto, porém a mesma se afastou o olhando enfurecida.
— Não me toque demônio! E não faça essa cara de dor para mim, como se você realmente sentisse algo... — Isabelly o olhou friamente, pouco antes de desferir mais palavras que o destruiria. — Sabe mais? Eu me arrependo, me arrependo de ter sentido pena de você, seja lá o que tenha passado no inferno ou o quanto te detestam, você mereceu e merece.
— Pare, por favor... — Ele pediu, chorando de maneira silenciosa, a respiração descompassada.
— Eu quero que você morra, assim como fez com o meu irmão. Mas antes eu quero que sofra, sofra como o moribundo que você é, e lembre-se que jamais será amado, porque você não merece isso.
Maxwell olhou as mãos trêmulas, sua vista estava turva, sentia o sufoco subir-lhe garganta acima, a olhou em súplica, ela não podia estar falando sério. Aquelas palavras doíam, doíam mais do que qualquer coisa que já pudesse ter passado, sentia seu coração ser esmagado sem piedade, de maneira lenta e dolorosa.
Isabelly pegou o anel e a pulseira que havia tirado e colocado em sua penteadeira e então os jogou contra seu peito. Ele olhou os objetos caídos no chão e se abaixou os pegando, elevou o olhar para ela, os olhos azuis envolto a vermelhidão causada pelas lágrimas.
— P-por favor... — Suplicou mais uma vez, torcendo para estar delirando.
— Quem diria? — Afirma sorrindo de maneira vazia. — Que algo como você poderia chorar. Suma da minha frente Maxwell e da minha vida e nunca mais apareça.
Maxwell apertou os objetos na mão trêmula fechando pela enésima vez os olhos com força, não conseguia falar, suas cordas vocais pareciam ter atrofiado, a dor que sentia era tanta que poderia ser palpável, como um grande machucado que era cutucado cruelmente, doendo mais e mais.
Seu coração parecia não saber mais como funcionar corretamente, hora batendo tão rápido que a pele doía e hora ficando tão lento que podia jurar que iria parar, sentia-se sufocado, sem ar, completamente fraco, destruído. Caminhou até a varanda sem conseguir encarar as íris cinzas raivosas , abrindo as asas, saindo dali.
Ele voava sem rumo, a vista embaçada, as palavras o torturando, mal notou que voava baixo até se chocar contra uma árvore e cair no chão. Porque sentia-se assim? Não entendia, mas doía, doía intensamente, levou o braço ao rosto, cobrindo os olhos, e chorou como uma criança que perdeu seu cobertor favorito, não entendia ao certo porque chorava como um mundano fraco, mas não conseguia evitar.
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Anjo Das Sombras (EM REVISÃO)
FantasíaO que você faria se seus pais fossem distantes de si e seu irmão, a pessoa que mais amava, sumisse ou morresse? Era assim que Isabelly se encontrava, sozinha e abalada. O que pouco a pouco a fez cair em uma depressão profunda, envolvendo-se em um mu...