O que você faria se seus pais fossem distantes de si e seu irmão, a pessoa que mais amava, sumisse ou morresse? Era assim que Isabelly se encontrava, sozinha e abalada. O que pouco a pouco a fez cair em uma depressão profunda, envolvendo-se em um mu...
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Ouviu a batida na porta do quarto, outra vez, se recusava a abrir ou mover-se da posição no qual se encontrava, estava deitada na cama, embaixo da coberta, olhando o teto branco.
— Isabelly querida, eu sei que está magoada e peço desculpas por isso, mas eu queria realmente me despedir… — Era seu pai de novo, não respondeu ou sequer moveu um músculo.
Ele bateu outras vezes, mas ela ignorou até que ele parou, suspirou sentindo-se cansada, era domingo e não trabalharia, mas preferia ter o feito. Não queria abrir a porta, os ver ou até mesmo se despedir, sabia que estava agindo como uma criança birrenta, no entanto não queria repetir aquela cena de novo e ouvir palavras que ela sabia que eram mentiras.
"Prometo que essa será a última vez."
"Voltamos logo"
Mentiras e mais mentiras, sabia que não era a última e que eles não voltariam logo, nunca voltavam, era apenas um looping infinito no qual ela não queria participar dessa vez. No começo se iludia e acreditava nas palavras, esperando e esperando, por algo que não acontecia.
Não importa quantas vezes eles repetissem o mesmo, nunca mudava, afinal, não mudou quando ela mais precisou, porque mudaria agora? Virou-se para o lado, incomodada com o branco do teto, olhando agora sua estante repleta de livros e "bonecos" de coleção. No fundo queria acreditar que eles realmente não estavam fazendo isso, ainda mais tão perto do fim do ano, mas era em vão, a realidade era cruel e ela provavelmente passaria mais um Natal ou ano novo sozinha, talvez recebendo alguns presentes ou ligações rápidas.
Respirou fundo, incomodada, só queria que eles fossem embora logo, assim as coisas voltariam ao cotidiano. "Até que dessa vez durou um pouco mais." Pensou, normalmente mal ficavam uma semana completa e voltavam para qualquer uma das cidades ou países que tinham alguma sede.
Provavelmente ficaram um pouco mais por causa do acidente que sofrerá, que também foi o motivo de terem voltado. Fechou os olhos vagando em pensamentos antigos, mal notou quando o sono a atingiu e ela adormeceu, quando acordou já era tarde e os últimos raios de sol se escondiam.
Sentou-se na cama preguiçosamente esfregando os olhos e então levantou caminhando até o banheiro onde tomou um banho rápido e gelado, vestiu uma grande camiseta com a logo do batman e fez um coque mal feito nos fios ruivos, rumando a saída do quarto.
A casa estava fria e silenciosa, como sempre, seus pais já haviam ido para o seu agrado e Judite estava de folga, caminhou até a cozinha, abrindo a geladeira entediada, não estava com fome, no entanto já fazia longas horas que não comia nada, fechou a geladeira não achando nada que a interessasse e caminhou até o armário pegando uma pipoca de manteiga para micro-ondas. Colocou o saquinho dentro do objeto estipulando o tempo desejado e aguardou até que os milhos começassem a estourar.
Poucos minutos depois estava com as pipocas em uma bacia preta, caminhando na intenção de voltar para o quarto, porém parou na frente da grande cristaleira de seu pai, olhou as bebidas alcoólicas, pensativa.
