Despreguiçou-se ainda de olhos fechados, esticou os braços bocejando. Remexeu-se na cama que fez um rangido irritante, estranhou, sua cama era silenciosa.
O colchão também não parecia o mesmo, resolveu então abrir os olhos, estava em uma casa diferente, não era sua casa ali e definitivamente aquela não era sua cama.
Sentou-se, estava um pouco escuro e cheirava a poeira, era tudo de madeira. Se levantou, o chão também rangia, viu uma janela e então caminhou até a mesma a abrindo.
O sol incomodou sua vista, esperou alguns segundos de olhos fechados até voltar ao normal e abriu novamente e aquilo era muito estranho.
Olhou para baixo, estava em uma casa, uma casa na árvore, no meio do mato! Aquilo com certeza era um sonho, um sonho muito estranho, mas agradável. Respirou fundo, há tempos não sentia o cheiro da natureza com tanta intensidade, o ar ali parecia totalmente puro.
Cruzou os braços, sempre quis estar em uma casa na árvore, mas aquilo ali era muito esquisito, deu de ombros, mania insistente que ela tinha até mesmo sozinha, voltou-se para a janela e se apoiou ali observando a bela paisagem.
Tão verde, tão puro, escutou pássaros ao fundo, a brisa suave batia em seu rosto como se fosse um carinho, sorriu, era delicioso.
— Um belo lugar, não? — A voz ecoa pelo lugar fazendo a espantar-se.
— Quem é? — Ela diz olhando ao redor esperando ver alguém, porém não vê nada.
— Pensei que não fosse tão estranho ouvir novamente minha voz, não se assuste, por enquanto não lhe farei mal algum.
Isabelly fica receosa ao ouvir o "por enquanto", silencia-se por alguns segundos, respira fundo e diz:
— Sim, é um belo lugar... mas a casa está um tanto... Acabada, não acha?
— Lugares antigos, minha donzela, não ficam para sempre perfeitos, mas isso não os desfavorece ou estou errado?
Isabelly morde o lábio, pensativa.
— Não, não desfavorece...
O silêncio se torna presente novamente, a garota então resolve observar o local a onde se encontrava. Vira-se de costas para a janela reparando na casa, era um pouco grande para uma simples casa na árvore, uma cama de casal encostada na parede ao lado direito, do seu lado havia um criado mudo com um livro em cima, uma pequena cômoda do outro lado e em frente à cama uma poltrona simples.
Caminhou até o livro vendo o título "Cem anos de solidão", já tinha lido há algum tempo atrás, não era um dos seus temas favoritos, mas era um bom livro.
— Então você gosta de ler? — Pergunta genuinamente folheando o livro, ali realmente era um lugar agradável para se ler.
Ela não podia ver, mas de algum modo soube que ele deu um mínimo sorriso.
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Anjo Das Sombras (EM REVISÃO)
FantasiO que você faria se seus pais fossem distantes de si e seu irmão, a pessoa que mais amava, sumisse ou morresse? Era assim que Isabelly se encontrava, sozinha e abalada. O que pouco a pouco a fez cair em uma depressão profunda, envolvendo-se em um mu...