Quatorze

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São Paulo - SP, Brasil
11/02/2007

Vó, a senhora acha que tia Nadine vai querer alguma coisa dessa decoração? — Pietra perguntou pensativa, com as mãos posicionadas na cintura, enquanto olhava para o painel feito para Júnior e ela.

Estava tudo lindo, Pietra reparava com cuidado aquela manhã, e ficava ainda pior ao lembrar que sua mãe havia estragado tudo, mais uma vez, porque encheu a cara demais, mesmo já sabendo que era fraca para bebida. Não conseguia acreditar que nem mesmo em um dia tão importante para ela e o melhor amigo a mais velha tinha que fazer uma cena daquelas.

— Eu acho que sim. — Eva respondeu segurando a bandeja do bolo nas mãos e caminhando até a cozinha com cuidado. — Já volto com uma caixa de papelão para você ir colocando as coisas dentro e depois pode levar para ela.

— Ok. — A menina murmurou, começando a desarrumar o painel com cuidado.

Ouviu passos no corredor alguns segundos depois e não se deu ao trabalho de olhar para lá, sabendo que se tratava da mãe. Vanessa, ao contrário da filha, não fingiu estar sozinha na sala de estar da família e logo falou:

— Pietra, pega um remédio de dor de cabeça pra mim. — Pediu. A adolescente ignorou, fingindo não ter ouvido. — Pietra, estou falando com você!

— E eu ouvi. — Ela respondeu, se virando e encarando a mãe pela primeira vez aquele dia. — Mas eu não vou ir pegar, porque se as suas pernas e mãos servem para você ir buscar bebida, encher a cara, estragar a minha festa e a do Júnior e me matar de vergonha na frente de todos os convidados, tenho certeza de que elas também servem para você buscar um remédio que cure sua ressaca. — Completou séria.

— Pietra, sei que vacilei ontem a noite e nós podemos conversar melhor sobre isso mais tarde, quando a minha cabeça passar, mas acho importante te pedir desculpas, então... — Suspirou, sentindo a cabeça prestes a explodir. — Desculpa.

— Não. — Disse. — Não aceito as suas desculpas da boca para fora e muito menos irei perder o meu tempo te ouvindo dizer as mesmas coisas de sempre para, logo depois, fazer tudo outra vez e me decepcionar. — Falou e Vanessa desviou o olhar do dela. — Me decepcionar de novo. — Frisou. — Você é ótima nisso. — Murmurou, virando as costas novamente.

Vanessa respirou fundo, decidindo não insistir em uma conversa e caminhando até a cozinha, indo ela mesma procurar por algum medicamento que a ajudasse com aquela dor de cabeça causada pela ressaca. Enquanto isso, a mais nova da casa tentava ocupar a mente com outras coisas, focando em desfazer o painel e deixar as coisas que achava que Nadine iria querer em um lugar separado das demais, esperando que a avó a levasse a caixa.

Isso não demorou muito para acontecer.

— Você e a sua mãe já discutiram? — Perguntou a avó, entregando a caixa de papelão para Pietra.

— Foi bobagem. — Murmurou ela. — Não adianta de nada brigar com ela, então vou só deixar pra lá.

— Terei uma conversa séria com ela hoje. — Eva garantiu, ajudando a neta a colocar os objetos na caixa média. — Resolver as coisas no grito não dá certo, tem que ter paciência.

— E isso é algo que não tenho mais sobre esse assunto. — Pietra afirmou.

A mais velha deu um meio sorriso, escolhendo não continuar com o assunto, sabendo que a neta já estava irritada com a breve discussão com a mãe e continuar falando sobre aquilo só a deixaria pior.

Destinos Traçados ━━ Neymar Jr.Onde histórias criam vida. Descubra agora