Sessenta

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São Paulo, Brasil
31/12/2016

Como boa parte da noite, Pietra estava deitada longe do namorado. Dormia serena, de barriga para cima, com um dos braços jogados acima da cabeça e o outro solto ao lado do corpo, as pernas esticadas em direções opostas e em uma posição tão estranha que Júnior se perguntava como era possível ela conseguir mover a coluna tranquilamente quando acordava, isso enquanto observava a preta suspirar algumas vezes durante o sono, e aproveitar o momento para olhar com carinho aquele rosto que ele ficou meses vendo apenas por telefone, já sentindo o peito se apertar por ter que ir embora novamente dali a alguns dias e ficar mais um tempo longe da mulher que amava.

Não escondia de ninguém que a sua vontade era algemar Pietra junto a ele e nunca mais ficar um segundo se quer longe dela. A arrastar avião adentro e levá-la para Barcelona, morar junto, noivar, casar, formar uma família grande... Mas tinha que ir devagar. Não queria estragar o que vinham construindo indo rápido ou devagar demais, então preferia que as coisas rolassem no tempo que desse certo, que o destino achasse melhor.

Encarou Pietra quando ela se moveu sobre a cama, resmungando e estendendo o braço até encontrar o corpo dele. A preta se aproximou, escondendo o rosto no peito nu de Júnior, que sorriu levemente.

— Bom dia, meu amor. — Sussurrou Neymar, acariciando o braço dela e dando alguns beijinhos na bochecha da mulher. — Você acordou de vez agora? — Perguntou baixinho.

Conhecia Pietra o suficiente para saber que aquela busca por contato era porque estava acordada. Durante toda a noite a preta ficava distante, tomando todo o espaço da cama e acertando alguns chutes, tapas e cotoveladas não intencionais em Neymar. Pela manhã, quando acordava e percebia o quão longe estava, se aproximava do jogador em busca do aconchego que rejeitou durante a noite.

— Bom dia. — Respondeu sonolenta. — Que horas são? — Indagou abafado, disposta a continuar dormindo, dessa vez aproveitando o calor do corpo de Júnior.

— Quase oito. — Contou.

— Ainda está de madrugada. — Resmungou mais uma vez e Júnior riu. — Por que já está acordado? Vamos dormir mais um pouquinho. — Chamou, colocando uma das pernas entre as de Neymar e jogando um dos braços sobre o corpo dele.

— Não estou com sono, preta. Mas pode dormir, fico aqui com você. — Falou e viu Pietra fazer beicinho com o lábio inferior. — Você tem noção do quanto é linda, amor? Estou te assistindo dormir já tem umas duas horas e parece impossível parar. — Contou rindo baixo e deu outro beijo na bochecha dela, que sorriu apaixonada, mas continuou com os olhos fechados. — Não vejo a hora de acordar todos os dias ao seu lado. — Sussurrou. — Te encher de beijinhos pela manhã, receber esse seu “bom dia” com voz de sono...

Os olhos de Pietra de abriram e ela encarou o namorado logo após se acostumar com a pouca claridade do quarto, mantendo o sorriso no rosto.

— E você vai querer me beijar com bafinho também? — Brincou.

— Vou.

— Eca, preto. — Riu e o jogador a acompanhou, apertando mais o corpo da mulher contra o dele. — É nojento.

— Minha boca é nojenta, Pietra Santana? — Perguntou, olhando sério para ela.

Destinos Traçados ━━ Neymar Jr.Onde histórias criam vida. Descubra agora