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Mais uma vez naquele início de noite Pietra trocava o peso do corpo para a outra perna, se apoiando toda nela e em seguida se deixando cair para trás até encontrar o muro de sua casa e encostar ali. O noivo ainda falava sem parar sobre algo relacionado à faculdade e a mulher fingia que prestava atenção, sendo que as palavras entravam por um ouvido e saíam por outro, enquanto ela só sentia vontade de ficar em silêncio e dentro de um abraço do homem por quem era apaixonada depois de um dia difícil como aquele.
Horas atrás tinha chorado em uma praça qualquer e mesmo assim não achava que havia sido o suficiente. Queria se deitar, encolher as pernas até conseguir abraçar os próprios joelhos e imaginar uma vida mais fácil do que a que estava levando. E, talvez, receber carinho do noivo poderia ajudar.
—... e foi muito engraçado, amor! — Riu Gabriel. — Você precisava ver. Depois disso a Ingrid falou...
Os dois haviam se conhecido no final de 2013. Pietra ia trabalhar todos os dias e pegava sempre o mesmo ônibus, assim como Gabriel, até que um dia o homem se sentou ao lado dela no transporte e puxou assunto, que fluiu com facilidade até a mulher ter que descer. Seguiram conversando durante semanas, até ele a convidar para sair e os dois acabarem ficando no final da noite.
Não se separaram mais depois daquilo, mesmo com Pietra sempre deixando claro que não estava disposta a entrar em uma relacionamento sério naquele momento. Continuaram amigos, daqueles que às vezes ficavam, até que depois de quase um ano ele perguntou se ela estava disposta e a pediu em namoro. Pietra aceitou, se convencendo de que merecia ser feliz com alguém que gostasse dela de verdade e Gabriel poderia facilmente ser aquela pessoa.
Foi pedida em casamento no final de 2015, pega completamente de surpresa. Mesmo achando que aquilo estava indo rápido demais, não conseguiu dizer “não” para o namorado na frente de toda a família deles dois.
Agora eram noivos.
— Gabi. — O interrompeu com cuidado e ele piscou os olhos, a encarando ainda com um sorriso no rosto. — Amor, eu te disse na ligação que não estava muito bem e precisava de você. — Sussurrou.
— Sim, eu sei.
— Você chegou e até agora não me perguntou o que aconteceu, o porquê de eu estar assim, o que pode fazer para ajudar... — Disse baixo. — Eu, sinceramente, não quero ouvir o que a Ingrid fez ou deixou de fazer. Para começo de conversa, eu nem gosto dessa mulher, e você sabe muito bem disso.
— Já vai começar com o ciúmes, Pi? — Resmungou.
— Não estou com ciúmes, só estava esperando que você se preocupasse comigo. — Retrucou. — O meu dia foi péssimo e eu achei que ver você fosse me deixar um pouco melhor.
Gabriel suspirou e Pietra franziu as sobrancelhas.
— Está certo, minha linda. — Sussurrou e deu um meio sorriso, segurando no rosto dela e acariciando as bochechas da mulher. — Me desculpa. Estou mesmo falando e falando sobre bobagens e você aí. O que aconteceu de tão grave para o seu dia ter sido péssimo? — Indagou e a abraçou pela cintura, olhando atentamente para ela.
— Primeiro a minha avó passou um pouco mal, porque ela não estava tomando os remédios que o médico passou.
— E por que ela não tomou? Sua avó também, hein...
— Ela não tomou, porque não conseguimos comprar o remédio, Gabriel. — Falou séria. — Não foi nenhuma irresponsabilidade da parte dela, foi apenas falta de dinheiro mesmo.
— Claro. — Murmurou e Pietra sentiu uma leve ironia na fala do noivo.
Decidiu ignorar.
— Depois eu fui trabalhar, cheguei atrasada, ouvi besteira do meu chefe... — Citou e bufou. — E então ele me mandou lavar os banheiros do restaurante, como se o meu trabalho não fosse de garçonete e eu já não estivesse fazendo ele direito. Eu mandei ele se fuder e ainda derramei a água do balde na cabeça dele. Fui demitida.
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Destinos Traçados ━━ Neymar Jr.
Fanfic✿*:・゚ ㅤ No dia 05 de fevereiro de 1992, em uma maternidade aleatória do estado de São Paulo, duas mulheres ouviram o choro estridente de seus bebês assim que nasceram e se sentiram realizadas no mesmo instante, sabendo que nada mais faltava para el...