Setenta e Quatro

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Moscou, Rússia
14/06/2018

— Vocês estão enrolando.

Pietra revirou os olhos mais uma vez aquela tarde e se preparou para explicar pela décima primeira vez para a avó o motivo dela e Júnior ainda não terem se casado, mas então ouviu um gritinho típico de Dandara e olhou para trás, onde Samuel estava empurrando o carrinho de bebê modelo para gêmeos que a família teve a ideia de comprar para se locomover mais facilmente com os dois bebês. Dentro do carrinho, Dandara agarrava uma naninha de um lado e Pedro puxava do outro, iniciando uma guerra entre os dois.

— Dandara, deixa de ser encrenqueira! — Repreendeu Pi, parando de andar e esperando Samuel chegar mais perto com o carrinho. — Solta, filha. Não é seu. — Falou, fazendo a menina abrir a mãozinha gorda e soltar o pano.

Claro que Dandara soltou um berro ao começar a chorar após a ação da mãe.

Pedro olhou curioso para a menina, sugando tranquilamente a chupeta na boca dele e agarrando a naninha de leão com mais força, ficando só para ele.

— Deixa de ser chorona, você tem a sua. — Disse a mãe da menina, pegando o paninho de apego que em algum momento foi parar debaixo da bunda de Dandara e balançando para ela. — Olha aqui, Dara. — Mostrou. — Toma. — Entregou e Dandara soltou um soluço, abraçando o objeto e olhando para a mãe com um biquinho dengoso.

— Ah, Pi, tadinha. — Murmurou Samuel, olhando para a neta. — Acho que ela está com sono. — Comentou.

— Que sono, pai? Isso aí é dengo, costume que o Júnior colocou. — Falou e ajeitou a postura. — E nós não estamos enrolando! — Completou e girou o corpo de volta para a avó, continuando a conversa que estavam tendo desde o momento em que saíram do hotel onde estavam hospedados.

A Copa do Mundo começaria oficialmente aquele dia. A família Santana inteira estava na Rússia para acompanhar a Seleção Brasileira na competição e, para aproveitar ainda mais aquela oportunidade, resolveram ir para as ruas da capital comprar tudo que era verde e amarelo, ao mesmo tempo que conversavam sobre o casamento de Pietra e Neymar que ainda não havia acontecido.

— Vocês noivaram em fevereiro, chocolate! — Eva continuou.

— Sim, quatro meses atrás. — Falou Pietra, parando quando a avó também parou de andar, olhando para a vitrine de uma loja. — Não tivemos tempo de organizar um casamento. É ano de Copa, o Júnior estava focado no trabalho para chegar bem na competição, se destacar, trazer o título...

— Ah, aí eu concordo. Aí ele está certo. — Disse Eva, voltando a andar.

— Nós dois não temos pressa. Já estamos casados, de qualquer forma. — Pi deu de ombros e ouviu a filha chorar mais uma vez atrás dela.

— Mama.

Pi fez um beicinho toda boba, porque ainda se derretia como se fosse a primeira vez todas as vezes que a neném falava “mamãe” embolado, e se virou, encontrando Dandara com os braços estendidos na direção dela, pedindo colo.

— O que foi, minha princesa? — Perguntou, pegando a menina no colo. — Você está tão dengosinha. — Murmurou quando a filha se aconchegou ao corpo dela e esfregou o rosto no decote da preta. — Ai, filha. Agora? — Reclamou baixinho, sabendo que aquela era a maneira dela de pedir o mamar.

— Esse dengo é saudades do papai. — Afirmou Vanessa, também interrompendo a caminhada e observando a filha e a neta, notando que Pedro ficou agitado quando ela sorriu para ele logo depois.

Destinos Traçados ━━ Neymar Jr.Onde histórias criam vida. Descubra agora