Destinos Traçados ━━ Neymar Jr.

Setenta

∾

São Paulo - SP, Brasil
25/09/2017

O medo que Pietra sentiu quando descobriu a gravidez já não era tanto. Claro que a preta ainda se pegava acariciando a barriga enorme enquanto se perguntava se seria uma boa mãe, se conseguiria ter o tão sonhado parto normal, se saberia cuidar de um ser humano tão frágil e indefeso que precisaria dela para tudo, e se educaria da maneira correta, sem que causasse nenhuma tristeza, sofrimento ou trauma ao filho, mas todos os pensamentos negativos se dissipavam quando ela sentia um chutinho (às vezes nem tão carinhoso) vindo da garotinha em sua barriga.

A descoberta do sexo da neném aconteceu quando Neymar Júnior as visitou na última vez, o que iria fazer um mês. A filha do casal fez questão de dificultar para eles em todas as consultas anteriores, sempre estando em uma posição desfavorável para que o médico conseguisse ver com clareza, até o dia que decidiu manter as perninhas bem abertas e fazer os papais chorarem de felicidade com a notícia. Principalmente o jogador, que se convencia a todo instante por ter acertado o sexo há meses, desde que começou a chamar a neném de "princesa". 

Foi naquele mesmo dia que ambos escolheram o nome da menina.

Dandara.

Os dois concordaram que era um nome bonito e forte, então não foi difícil o escolher. E era aquele mesmo nome que Pietra usava para pedir calma à filha enquanto sentia fortes contrações a acertarem naquela tarde.

— Dandara, por Deus, não é hora de você ficar de gracinha com seus alarmes falsos, filha. — Murmurou repreendendo a bebê e colocando a mão no pé da barriga quando outra contração a acertou. — Ai, como isso dói! — Reclamou e tombou a cabeça para trás, encarando o teto da sala de estar.

— Nem me fale! — Resmungou Vanessa, sentada do outro lado do sofá. — Eu não lembrava que doía tanto.

A mãe de Pietra estava sofrendo das mesmas dores. Surpreendentemente, os dois bebês resolveram nascer no mesmo dia. O parto de Pietra já estava previsto para aquela mesma semana, exatos quatro dias depois da data daquele dia, enquanto o de Vanessa ainda demoraria mais um pouco, porém, com todo o nervosismo em relação à Pietra estar prestes a ter neném, a mais velha acabou começando a sentir dores também, o que deixava todas preocupadas com ela e o Pedro, nome escolhido pelos pais.

— Ah, meu Deus. — Eva falou apreensiva e usou duas toalhalinhas molhadas para secar o suor da testa de cada uma. — Duas mulheres em trabalho de parto na minha casa, não sei se aguento. — Comentou. — E o Samuel que não chega logo?!

Tudo colaborava para aquele dia ser tenso. Duas grávidas sentindo contrações fortes, uma delas sem estar nem próximo à data prevista, outra com o pai da criança em outro país, e Samuel, o único que teria condições de dirigir um carro e levar as mulheres à maternidade, estava no supermercado fazendo compras e não atendia o telefone de jeito nenhum.

— Vou ligar para o Júnior. — Sussurrou Pietra, tentando se levantar.

— Você vai ficar bem sentadinha aí! — Eva falou rapidamente, colocando uma das mãos na frente da neta. — Quieta!

— Eu tenho que falar para o Júnior que a filha dele está nascendo, vó. — Disse e a mais velha se levantou, indo buscar o celular da neta no outro sofá e voltando, entregando para ela. — Obrigada. — Murmurou, desbloqueando o aparelho e buscando pelo número do namorado, clicando para iniciar uma ligação e esperando ser atendida.

Pietra escutou todos os bips até a ligação ser encaminhada para a Caixa Postal. Afastou o celular e o encarou por alguns segundos antes de ir ao aplicativo de mensagens e mandar algumas para Neymar, pedindo para ele a atender, pois era um assunto importante.