Cinquenta

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Todas as vezes que fiz o coração, foi para a mesma pessoa. — Contou e umedeceu os lábios. — Foi a comemoração que fiz quando marquei o meu primeiro gol profissional pelo Santos, e essa pessoa me pediu para que eu fizesse um coraçãozinho para a câmera, para ela saber que aquele gol havia sido para ela. Continuei fazendo, porque todos os meus gols são para ela. — Disse Júnior, encarando a câmera dessa vez. — Não sei se ela está assistindo, porque... bom... aconteceu umas coisas e acabamos nos afastando, mas... é isso aí. — Limpou a garganta e coçou a nuca. —... Esses foram dois dos gols mais importantes da minha vida e eu não poderia os dedicar para outra pessoa sem ser aquela que foi a primeira a acreditar que eu podia ser um jogador profissional, então... — Júnior respirou fundo, ainda encarando a câmera, e sorriu abertamente. — Obrigado por tudo. Eu te amo, preta. — Falou e jogou um beijo com as duas mãos juntas, logo fazendo o coração para a câmera que o filmava.

O vídeo terminou ali e o silêncio tomou conta de todo o quarto de Pietra. A mulher ainda encarava a tela do celular do jogador, que estava sentado ao seu lado e a observava com toda a atenção do mundo, esperando por alguma reação dela.

A boca de Pi se entreabriu quando os dentes soltaram o lábio inferior, e ela relembrou os diversos gols que viu Júnior marcar naqueles três anos, se recordando da comemoração do coração com as mãos para a câmera em todos eles. A mesma comemoração que ele fez ao marcar pela primeira vez no profissional e dedicou o gol para ela, porém, depois daquele drástico afastamento entre os dois, se tornou a comemoração que Pi já não fazia ideia se era mesmo para ela. Depois de tudo, imaginava que Neymar havia encontrado outra pessoa para dedicar todos os gols de sua carreira e aquela pessoa não era ela.

Mas era.

Ele lembrou dela em todos os gols, todas as partidas que jogou e, talvez, pensou nela todos os dias daqueles três anos. E, além de tudo aquilo, dedicou a ela tudo o que conquistou na carreira.

— Preta? — Júnior chamou, se aproximando mais dela.

— Se você pensou tanto assim em mim, por que não me mandou uma mensagem, preto? — Perguntou baixo, com a voz embargada, e olhou para ele mesmo com as lágrimas embaçando sua visão. — Por que você não respondeu as que eu mandei? Aquelas que eu me expliquei, que eu contei o que aconteceu, que... — Engoliu em seco, tentando não chorar. — Por que você se afastou de mim? — Sussurrou.

— Pi, eu juro que se eu pudesse voltar atrás, faria tudo diferente. — Afirmou. — Me desculpa. Eu deveria ter lido suas mensagens, ter te mandado alguma, feito uma ligação, tentado algum tipo de contato para nos despedirmos de alguma maneira, só que eu deixei a mágoa e a raiva falarem mais alto aquele dia e acabei não fazendo nada. — Falou em um tom desesperado. — Fui um completo egoísta. Em nenhum momento eu pensei que talvez pudesse ter acontecido algo sério para você não ter conseguido comparecer, só pensei em mim, em como fiquei com toda aquela situação, e acabei agindo de forma completamente errada.

— E depois? — Perguntou. — Você não pensou em entrar em contato? — Levantou as sobrancelhas e viu Júnior respirar fundo, mordendo o lábio inferior. — Não?

— Eu pensei, só que... — Se interrompeu, recebendo o olhar atento dela esperando por uma resposta. — Eu achei que aquele dia no aeroporto foi um ponto final na nossa história, então escolhi não te procurar. — Confessou e Pietra piscou algumas vezes, sem acreditar. — Você não foi se despedir de mim, e agora eu sei o motivo e eu sinto muito por você ter passado por aquela situação, mas antes eu não tinha conhecimento disso e, na minha cabeça, você não foi para mostrar que não queria mais nada. — Sussurrou.

Destinos Traçados ━━ Neymar Jr.Onde histórias criam vida. Descubra agora