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São Paulo - SP, Brasil
três dias depoisO teto do quarto de Júnior parecia interessante como jamais antes e Pietra o encarava atentamente, ao mesmo tempo que brincava com uma das tranças que a avó fez em seu cabelo e deixava sua mente trabalhar em mil maneiras de começar o assunto que queria falar com o melhor amigo, porque depois de três longos dias pensando nas palavras da avó, ela tomou coragem e decidiu conversar com Neymar sobre aquela relação, colocar as cartas na mesa e, juntos, chegarem a uma conclusão do que exatamente era aquilo.
Até então, nenhum dos dois haviam se machucado com a situação, mas aquilo poderia não demorar para acontecer, principalmente com Pietra, que só faltou morrer de ciúmes quando o viu beijando outra.
Tinham que conversar. Dar um passo a mais na relação, parar com tudo, talvez entrar em um acordo para continuar como estavam... tinham que chegar a algum lugar e Pietra já estava achando aquilo de se relacionar com alguém uma coisa bem complicada.
— Ufa, finalmente tomei um banho! — Júnior falou entrando no cômodo e fechando a porta atrás de si, usando apenas uma toalha enrolada na cintura.
— Você estava precisando. — Murmurou Pietra, ainda encarando o teto. — Fedorento.
Não recebeu uma resposta, porém a garota logo sentiu algo molhado sobre seu rosto e fez careta enquanto afastava a toalha de Neymar dali, jogando nos pés da cama e olhando para ele com uma expressão séria, o vendo com um sorriso no rosto e vestindo um short.
Assim que se vestiu completamente e passou seu perfume, se jogou ao lado de Pietra na cama, olhando para ela.
— Quero te contar uma coisa. — Ele sorriu largamente.
— Também quero conversar com você. — Disse Pietra, mas em um tom mais baixo e hesitante que o do amigo.
— Quer falar primeiro? — Perguntou.
— Não, não. — Negou e sorriu nervosa. — Pode falar. — Autorizou, porque assim ela poderia organizar mais um pouco as palavras antes de puxar o assunto.
Neymar continuou sorrindo e olhou para o teto.
— Conheci uma garota.
O sorriso no rosto de Pietra se fechou devagar e ela franziu o cenho, sentando na cama e olhando para ele.
— Como é? — Perguntou baixo, esperando ter escutado errado.
— Preta, ela é perfeita! — Afirmou e levou as mãos ao rosto, o cobrindo, mas dava para notar que ele continuava sorrindo. — É a garota mais linda do mundo e... — Continuou a falar sem parar e Pietra sentiu como se tivesse sido acertada com um soco no estômago, porque a faltou o ar de repente.
Há alguns dias atrás, ela era a garota mais linda do mundo para ele.
— Neymar, do que está falando? — O interrompeu sem se importar e o garoto também se sentou, olhando para ela.
— Acho que estou apaixonado. — Disse. Pietra engasgou com a própria saliva e começou a tossir sem parar, fazendo os olhos de Júnior se arregalarem e ele a dar alguns tapinhas nas costas. — Tudo bem?! — Indagou preocupado.
— Você nem a conhece! — Disse após se recuperar, ignorando a pergunta.
— Ah, preta, eu posso conhecer. — Deu de ombros e voltou a sorrir. — Vejo ela todos os dias no caminho para o CT, posso me aproximar dela com o tempo e a conhecer melhor. — Falou. — Foi tipo amor a primeira vista. — Riu, soltando o corpo na cama novamente.
— Só porque ela é bonita?! — Indagou.
— Ela parece uma garota bem legal também. — Comentou, franzindo o cenho com a reação de Pietra. — O que foi, hein? — Perguntou.
Pietra abriu a boca, pronta para despejar diversas palavras sobre Júnior e contar que ela estava ali para conversar sobre eles dois, sobre o que tinham, o que poderiam ter e como ficariam. Dizer que gostava de ficar com ele, de o beijar, encher de selinhos carinhosos pela boca e todo o rosto e de todas as vezes que agiam como um casal que já namorava há tempos, mas tudo o que ela disse foi:
— Nada, só não acredito em amor a primeira vista.
— Sério? — Neymar fez careta. — Quando foi que você virou uma adolescente amargurada? — Brincou, puxando a amiga para se deitar novamente.
— Não faço a mínima ideia. — Sussurrou, se afastando dele e voltando a sentar. — Eu tenho que ir. — Se levantou da cama.
— Já? — O garoto fez beicinho, vendo Pietra passar a mão pela roupa, a arrumando, e estranhando a pressa da amiga. — Você está aqui não faz nem meia-hora. — Completou. — E você fica até dias, se a vó Eva deixar. — Riu.
— Vim só ver como você está. — Mentiu.
— E me contar alguma coisa. — Lembrou Júnior. — O que tinha para me falar?
— Nada. — Deu de ombros.
— Preta, você está ligada que eu sei quando você mente, não está? — Levantou as sobrancelhas, apoiando o peso do corpo nos cotovelos e a encarando. — Aconteceu alguma coisa?
— Era sobre uma matéria da escola que eu não entendi. — Pietra mentiu novamente.
— O ano nem começou direito e você já está assim? — Ele riu.
— Até parece que você sabe tudo! — Resmungou, dando um tapa no braço dele e soltando um gritinho quando Neymar a puxou, fazendo com que ela caísse em cima dele. — Neymar, é sério, preciso voltar pra casa.
— Por que? — Indagou, segurando em uma das trancinhas e a enrolando em seu dedo.
— Tenho roupa para estender.
— Essa hora? — Júnior franziu o cenho, porque já passava das sete horas da noite.
— Sim.
— O Sol já se escondeu, preta. — Disse com tédio.
— Eu sei, mas se eu estender as roupas agora, elas irão receber o vento da noite e logo cedo já estarão quase secas. — Contou com toda a seriedade que conseguiu. — Daí o Sol não vai nem precisar de muito para secar as peças. — Sorriu levemente.
— Acho que essa foi a coisa mais idiota que você já me contou. — Murmurou ele, segurando o riso e recebendo mais um tapa.
— Ridículo.
— Vou fingir que acredito em você, sua mentirosa. — Disse, a soltando. — Adorei as trancinhas. Está linda. — Sorriu, levantando a cabeça e dando um beijo demorado na bochecha da melhor amiga, que sorriu e agradeceu, se afastando e ficando de pé mais uma vez.
Pietra se despediu e saiu disparada pela porta do quarto de Júnior, que voltou a franzir a testa, ainda achando ela mais estranha do que o normal e se perguntando o que a amiga tinha para o dizer e desistiu de o fazer.
Já fora da casa da família, Pietra se recostou no muro e respirou fundo, sentindo vontade de chorar.
...
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Destinos Traçados ━━ Neymar Jr.
Fanfic✿*:・゚ ㅤ No dia 05 de fevereiro de 1992, em uma maternidade aleatória do estado de São Paulo, duas mulheres ouviram o choro estridente de seus bebês assim que nasceram e se sentiram realizadas no mesmo instante, sabendo que nada mais faltava para el...