Trinta e Um

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São Paulo - SP, Brasil

Suspirando fundo, Pietra adentrou o quarto da mãe e se aproximou da cama de casal, onde a mulher se encontrava encolhida e abraçada a um travesseiro, enquanto chorava baixinho por mais uma briga com Pablo, seu namorado e pai de sua filha, o mesmo homem que já não insistia mais em entrar na vida de Pietra, mas sempre que tinha oportunidade se intrometia em algum assunto que só dizia respeito a ela, usando a desculpa de que queria apenas fazer o tal papel de pai e a ajudar com o que pudesse depois de tanto tempo.

A garota continuava ignorando e fazendo de tudo para ficar longe. Não confiava naquele homem e não sentia nenhuma vontade de deixar ele fazer parte de sua vida, porém ainda tinha que aguentar ele como o atual namorado de sua mãe.

Namorado esse que só a fazia chorar.

— Vocês brigaram outra vez, mãe? — Perguntou baixinho, sentando ao lado da mulher e a puxando para deitar a cabeça em seu colo.

— Uhum. — Murmurou Vanessa, fungando e aceitando ser consolada pela única filha.

Não se importava em parecer a adolescente daquela relação, só queria receber um pouquinho do carinho que a mais nova poderia a dar depois de outra discussão boba que teve com o homem que amava, e Pietra também não ligava em consolar a mãe, mesmo que preferisse que ela saísse daquele namoro antes que tudo ficasse pior.

— E por que?

— Bobagem, como sempre. — Choramingou. — O seu pai ficou com ciúmes quando me viu com um amigo meu e acabou brigando comigo. — Contou e a garota fez careta pelo “pai”.

— Esse cara é um idiota, mãe. — Sussurrou, fazendo carinho nos cabelos cacheados da mais velha. — Ele não fez nada com você, não é? — Indagou preocupada, só então passando o olho por todo o corpo de Vanessa, buscando algum sinal que provasse que Pablo havia feito algo com a mulher, felizmente não achando nada.

— Claro que não, Pi! — Negou rapidamente, a olhando. — Seu pai não é disso.

— Verdade, acho que ele gosta mais de violência psicológica. — Murmurou ironicamente e Vanessa a olhou séria, fazendo Pi suspirar. — Só estou preocupada com você. Tenho medo de que o Pablo esteja sendo abusivo e você não perceba e acabe em um relacionamento horrível e difícil de sair. — Falou.

— Ele jamais faria isso. — Afirmou.

Pietra comprimiu os lábios, decidindo não discutir e apenas acenando com a cabeça.

Depois de algum tempo, Vanessa parou de chorar e fez a filha se deitar também, abraçando o corpo da garota e a olhando atentamente.

— Como vai o seu namoro com o Juninho? — Perguntou curiosa e torceu para que as duas tivessem um momento de confidências entre mãe e filha, o que era difícil de acontecer.

A adolescente sempre contava tudo para a avó, e Vanessa não a julgava, até porque Eva era quem sempre estava presente para ela e conquistou a confiança da garota para conversarem sobre tudo. Sempre trabalhando ou enchendo a cara em algum bar de procedências duvidosas, a mulher havia perdido coisas muito importantes da vida da filha.

— Não é um namoro. — Sussurrou Pietra.

— Como não? Eu vejo vocês juntinhos, parecem namorados.

Destinos Traçados ━━ Neymar Jr.Onde histórias criam vida. Descubra agora