Dezesseis

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São Paulo - SP, Brasil

Os olhos de Pietra ardiam por conta do Sol quente batendo neles, obrigando a garota colocar a mão na testa para fazer uma sombra a fim de os proteger e, enquanto se xingava mentalmente por não ter levado um boné consigo, encarava o gramado com atenção, procurando por Neymar no meio dos demais jogadores em aquecimento, sentindo seu coração bater cada vez mais forte por estar prestes a assistir o primeiro jogo do melhor amigo nas categorias de base.

Abriu um largo sorriso ao vê-lo encarar as arquibancadas buscando por alguém, mas Júnior não chegou a encontrá-la. Devagar, o sorriso de Pietra se fechou e suas sobrancelhas franziram, sentindo que não era ela por quem o jogador procurava.

— Isso aqui é a demonstração do inferno, hein? — Resmungou Rafaella, se abanando com uma das mãos, enquanto a outra estava pousada em sua cintura. — O pior é que tem uns demônios bem gatinhos. — Sussurrou, cutucando Pietra e apontando com a cabeça para um garoto do time do irmão.

— Quem é gatinho, Rafaella? — Perguntou Neymar pai, aproximando-se das duas e olhando sério para a filha mais nova.

— Esse gramado. — Ela respondeu e Pietra riu baixo. — O gramado é bem gatinho, não é, Pi?

— Sim. Está quase miando. — Disse Pietra, se segurando para não soltar uma gargalhada e recebendo uma cotovelada de Rafaella, que resmungou algo como “Não está me ajudando desse jeito”. — Tio, que horas são? Vai demorar muito para começar, estou para explodir de ansiedade. Já pode gritar “Vai, Júnior!” ou está muito cedo?! — Disparou a perguntar e o mais velho riu, bagunçando o cabelo dela como fazia quando ela era menor.

— Relaxa, já vai começar. — Falou simplesmente e encarou o campo.

O mais velho estava certo. Não demorou para o juiz da partida assoprar o apito e anunciar o início da partida de futebol, o que fez Rafaella e Pietra começarem com os gritos, os intensificando toda vez que Júnior tocava na bola ou sofria alguma falta dos jogadores adversários.

*

Neymar pai saiu da arquibancada junto com as duas garotas até alcançar o gramado e se aproximar do filho, o cumprimentando com um abraço apertado e desejando parabéns pela ótima partida, qual ele garantiu a vitória de sua equipe ao virar o jogo fazendo dois gols nos últimos minutos. Rafaella foi a segunda a cumprimentar Júnior, o abraçando e pulando animada, enquanto dizia que não entendeu absolutamente nada, mas que estava imensamente feliz por ele.

Por último, porém não menos animada, Pietra se aproximou, apertando o melhor amigo num abraço mais demorado que os anteriores, se afastando depois com um grande sorriso.

— Preto, você foi incrível! — Praticamente gritou e Neymar sorriu levemente, olhando para trás dela, ainda em busca de quem estava procurando antes mesmo do inicio do jogo. — Sério, foi o melhor em campo, mesmo levando um monte de porrada. Eu estava quase invadindo o gramado e indo dar uns chutes naqueles moleques que não paravam de te acertar, mas me segurei. — Riu. — Parabéns pela ótima partida! — Continuou sorrindo, até perceber que os olhos de Neymar não estavam conectados aos dela. Encarou todo o rosto do garoto e em seguida olhou para trás de si mesma, tentando ver o que ele tanto olhava. — Júnior? — Chamou.

Neymar voltou a atenção para a amiga e aumentou o sorriso.

— Sim? Oi. — Disse atrapalhado.

Destinos Traçados ━━ Neymar Jr.Onde histórias criam vida. Descubra agora