Dezessete

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Eva, que estava sentada no sofá da sala de estar e assistia atentamente uma de suas novelas, teve um sobressalto ao ouvir a porta da frente ser fechada com força, fazendo um alto estrondo soar pela casa. Seus olhos se arregalaram e ela olhou na direção do barulho, vendo Pietra e a seguindo com o olhar, observando a neta caminhar até o quarto que a pertencia, batendo os pés no chão e, logo depois, fechando a porta como fez com a outra poucos segundos atrás.

A mais velha franziu a testa e se levantou, deixando a novela para depois e indo ver o que havia acontecido para a garota estar tão estressada.

Deu batidas leves na porta e Pietra, que estava com o rosto afundado no travesseiro e gritando de ódio, levantou a cabeça e olhou na direção da entrada do quarto. Não respondeu às batidas e então ouviu a avó chamando por ela.

— Entra, vó. — Autorizou e viu a mais velha o fazer.

— Meu chocolate, aconteceu alguma coisa? — Perguntou ela, se aproximando e sentando na cama, passando a mão pelas costas de Pietra em um carinho. — Você chegou quase derrubando a casa.

— Não aconteceu nada. — Murmurou Pi. — Desculpa por ter batido as portas.

A senhora só precisou levantar uma das sobrancelhas para que Pietra suspirasse e deitasse a cabeça em seu colo, procurando aconchego.

— Fala com a vovó. — Incentivou Eva.

— O Júnior não liga mais pra mim. — Choramingou e se sentiu uma idiota por estar daquele jeito por causa de um garoto, mesmo que fosse pelo melhor amigo. — Eu o incentivei nessa coisa de futebol, torci como louca na arquibancada e estava esperando ao menos um aceno dele, mas não recebi nada. Ele estava ocupado demais procurando a Amanda. — Disse o nome com nojo. — Vó, eu fui parabenizar ele toda feliz e sabe o que ele fez? Nem me escutou, porque estava em busca dela! E daí aquela ruiva linda... AAAHH! — Gritou. — Ela tinha que ser linda?! — Perguntou indignada e Eva riu baixo. — Ela chegou e ele só faltava babar em cima dela. Pietra? Pietra deixou de existir!

A garota começou a chorar e a mais velha comprimiu os lábios, fazendo carinho na neta e sussurrando palavras para dizer que estava tudo bem e aquilo que ela estava sentindo iria passar.

— Vamos com calma. — Pediu Eva. — O Juninho está gostando de uma garota.

— Sim.

— E ele estava ansioso para ver ela assistindo a um jogo dele.

— Uhum.

— Acabou deixando você de lado por causa disso e agora você está morrendo de ciúmes, porque a garota que ele gosta não é você.

— Sim. — Confirmou Pietra, se levantando rapidamente ao prestar mais atenção na frase da avó. — Não, vovó! Eu estou brava por ele ter me tratado com indiferença, não com ciúmes.

— Hummm... sei. — Eva murmurou como se tivesse entendido tudo e riu em seguida, fazendo carinho no rosto da neta. — Você cresceu tão rápido. — Afirmou de repente. — Chocolate, entendo que foi muito ruim para você ser deixada de lado e eu concordo que o Júnior deu uma vacilada nisso, mas é a primeira vez que ele gosta realmente de alguém, não é?

— Ele já gostou de outras garotas, mas não era nada demais. — Sussurrou Pi.

— É algo novo. Ele quer impressionar, fazer com que a Amanda goste dele. Não é certo, mas é natural ele acabar dando uma atenção a mais para ela. — Falou calma. — E, vamos ser sinceras, se fosse você com algum namoradinho, também daria mais atenção para tal.

— Mas não sou eu! — Falou Pietra, colocando as mãos no rosto e soltando o corpo na cama novamente. — Poxa, nós somos melhores amigos desde sempre, eu esperava pelo menos um pouco de consideração.

Eva riu novamente. Para ela, era divertido ver a neta adolescente com seus dilemas.

— Conversa com ele e diz que isso te magoou, tenho certeza que o Júnior vai entender. — Aconselhou. — E você tenta entender o lado dele também, sua ciumenta.

— Para de dizer que sou ciumenta, vó! — Choramingou mais uma vez e afundou o rosto no travesseiro.

São Paulo - SP, Brasil
dia seguinte

Pietra estava disposta a conversar com o amigo e se resolverem. Deixaria claro que o apoiaria com Amanda, se ele tivesse mesmo certeza de que queria algo mais sério com ela e que gostava de verdade da ruiva, ficaria feliz vendo ele ser correspondido nos sentimentos e não atrapalharia o casal, além de tentar controlar o — ela odiava admitir — ciúmes.

Estava realmente disposta.

Até entrar animada, como sempre, na casa do jogador para o almoço que foi convidada e dar de cara com a ruiva sentada no sofá da sala, conversando animadamente com Nadine.

— Oi, Pi! — Gritou Rafaella, chamando a atenção da preta, que se virou para a irmã do amigo e foi recebida com um abraço. — Ainda bem que você chegou, não estou aguentando mais essa menina. — Sussurrou e Pietra riu.

— Pietra, querida. — Sorriu Nadine, chamando a menina com as mãos. Pietra se aproximou e deu um beijo no rosto dela como cumprimento. — Que bom que chegou. Essa é a Amanda, vocês já se conheceram?

— Sim, a vi ontem no jogo do Júnior. — Respondeu Pi, encarando a ruiva. — Oi.

— Oi. — Disse baixo.

— E onde está o Júnior, tia? — Questionou Pietra.

— No quarto, terminando de se arrumar para o almoço. — Contou. — Vamos para a cozinha? A comida já está pronta.

— Cheguei na hora certa! — Ouviram e Júnior apareceu sorridente. — Oi, preta. — Cumprimentou Pietra com um beijo estalado na bochecha. — Achei que você não viria.

— Eu vim. — Murmurou ela, dando um meio sorriso.

— Vamos! — Nadine voltou a falar e se levantou, seguindo até a cozinha.

Enquanto Amanda e Rafaella seguiam a mais velha, Pietra e Neymar se mantinham na sala de estar.

— Preto, eu queria conversar com você sobre...

— Você viu que convidei a Amanda? — Falou por cima. — Acha que essa roupa está boa? E o perfume? Estou achando que passei muito. — Resmungou, puxando a camisa para cheirar. — Estou me sentindo um idiota fazendo tudo isso. — Bufou, olhando para Pietra novamente, que estava séria.

— Também estou te achando um idiota. — Retrucou ela, virando as costas e saindo da sala batendo os pés.

Neymar piscou diversas vezes, ficando parado como uma estátua, encarando o vazio onde antes Pietra estava.

— Vem almoçar, Júnior! — Ouviu o chamado do pai e se moveu, indo para a cozinha.

Chegou no cômodo e viu o pai, Amanda e Pietra sentados, enquanto a mãe dele e a irmã colocavam as panelas sobre a mesa. Se sentou ao lado de Amanda e acabou ficando bem de frente com Pietra, torcendo para que ela o olhasse e ele pudesse pedir desculpas com os olhos por não ter ouvido o que ela queria dizer, mas a garota parecia bastante interessada no prato vazio à frente dela.

— Nossa. — Murmurou Amanda, chamando a atenção do garoto. — Que perfume forte. — Disse para ele.

Neymar Júnior deu um sorrisinho amarelo e afundou um pouco na cadeira.

...

Destinos Traçados ━━ Neymar Jr.Onde histórias criam vida. Descubra agora