Quarenta e Oito

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São Paulo, Brasil
três dias depois

Batidas leves na porta do quarto soaram e foi o que afastou Júnior dos próprios pensamentos, fazendo ele olhar para aquela direção e autorizar a entrada murmurando um simples “Entra”. Em segundos, a porta se abriu e revelou a mãe do jogador, que colocou um sorriso leve e acolhedor no rosto ao ver o filho encolhido sobre a grande cama de casal e escondido em meio aos cobertores. Uma careta tomou o lugar do sorriso assim que ela terminou de entrar e percebeu o quão frio estava ali dentro.

Olhou para o ar condicionado e revirou os olhos.

— Boa tarde, Júnior. — Falou, voltando a atenção para o filho. Ele a respondeu baixinho e a mulher buscou pelo controle do ar, aumentando a temperatura. — Vim ver se você está vivo. — Comentou.

— Não estou. — Disse abafado. — Mãe, deixa o ar condicionado do jeito que tava. — Resmungou.

— Não.

Neymar bufou e se aconchegou mais às cobertas, ignorando a mãe andando de um lado para o outro no seu quarto, abrindo todas as cortinas possíveis e fazendo o Sol quente adentrar o ambiente. Fez careta quando a luz bateu em seu rosto e cobriu a cabeça.

— Mãe! — Repreendeu.

— Só eu posso repreender nessa casa, Neymar Júnior. — Afirmou. — E levanta, vamos! — Mandou, se aproximando da cama e brigando com o filho até conseguir retirar os cobertores de cima dele e jogar do outro lado da cama. — Juninho, pelo amor de Deus, filho. A mãe não aguenta mais te ver nessa tristeza toda. — Falou em um tom mais carinhoso e sentou ao lado do corpo dele.

— E eu estou tendo motivos para estar feliz, por um acaso? — Resmungou.

— Júnior.

— Desculpa. — Pediu e se moveu até conseguir colocar a cabeça no colo da mãe. — Por que não me disse que eu estava sendo um completo idiota três anos atrás? — Perguntou baixo.

— Eu disse.

— Por que não me fez ouvir?

— Júnior, quando você coloca uma coisa na cabeça, nem Jesus consegue tirar. — Suspirou. — E você já era adulto, eu não poderia fazer nada, aquela era a sua decisão.

— Mas eu estraguei tudo, mãe. — Choramingou.

— Dá para consertar, meu bem. — Sussurrou, começando a acariciar o rosto dele. — Eu tenho certeza que a Pi ainda tem sentimentos por você, assim como você tem por ela, só que você tem que colocar nessa cabecinha dura que foram três anos sem vocês trocarem um simples “Oi”. Com certeza não está sendo fácil para ela essa sua volta. Se você está nessa situação, e foi quem decidiu se afastar, imagina ela, que foi a abandonada.

— Mãe, não fala desse jeito!

— E eu estou mentindo, Júnior? — Retrucou. — Entendo o seu lado, filho, mas também entendo o lado da Pietra. Ela precisa de um tempinho.

— E enquanto isso eu faço o que? — Perguntou baixo, a olhando. — Choro?

— Se você quiser... — Deu de ombros. — Na minha opinião, você deveria sair desse quarto e aproveitar seus dias de férias. Vai sair com os seus amigos, comemorar a Olimpíada que ganhou, sei lá. — Acenou. — Ficar trancado nesse quarto quase congelando não vai servir de nada. Quer dizer, vai te deixar depressivo, provavelmente.

Destinos Traçados ━━ Neymar Jr.Onde histórias criam vida. Descubra agora