Quarenta e Cinco

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São Paulo, Brasil

O pé de Pietra levou apenas alguns dias para melhorar da torcão e durante esse tempo em que precisava ficar de repouso, ela não ousou sair debaixo das cobertas, considerando elas uma fortaleza que a protegeria de qualquer coisa que pudesse acontecer. Estava sendo mimada pela mãe e pela vó a cada cinco minutos, que aproveitavam para perguntar como ela estava lidando com o assunto que a fez chorar durante horas sem interrupção. Pi desconversava. Não queria tocar no nome de Neymar e tentava apagar de sua memória o reencontro, e aproveitou do noivo para conseguir o que queria de uma vez.

Gabriel foi até a casa dela para uma conversa. Pediu desculpas pela maneira que agiu na última discussão e por estar distante aqueles dias, mas a preta mal deixou ele falar, o puxando para um beijo e tentando sentir alguma coisa, nem que fosse uma única borboleta em seu estômago, aquele gostinho de quero mais, algo que chegasse pelo menos aos pés do que ela sentia quando beijava Júnior antigamente.

Mas não conseguia. E aquilo só fez ela se sentir pior.

Teve que fingir durante todo o dia que Gabriel ficou grudado nela, e assim que ele foi embora, chorou de novo.

Depois que o pé melhorou e ela conseguiu finalmente andar sem a ajuda de ninguém, decidiu sair do fundo daquele poço que se colocou nos últimos dias e fazer algo da vida. Não deveria estar tão preocupada com a volta de Júnior, eles dois não tinham mais absolutamente nada e agora eram desconhecidos um para o outro, então não deixaria que aquela situação afetasse sua vida pessoal e amorosa. Sabia que Gabriel não merecia alguém que só pensava em outro, por isso decidiu se esforçar um pouquinho mais ao relacionamento.

Talvez marcasse de uma vez por todas o tão sonhado, por ele, casamento.

Suspirou fundo com o pensamento e encarou o próprio reflexo no espelho, torcendo o lábio sem saber ao certo se aquela roupa estava boa ou se ela realmente queria ir jantar com o noivo em um restaurante qualquer da cidade. Teve seu momento interrompido quando batidas na porta do quarto chamaram sua atenção.

— Oi, vó. — Sorriu levemente para a mais velha.

— Oi. Eu vim ver como você está. — Falou, entrando no quarto da neta e sentando na ponta da cama. — Está melhor? Esses dias foram difíceis pra você. — Disse e a preta respirou fundo.

— Estou bem. — Respondeu após alguns segundos em silêncio.

— Mesmo?

— Tenho quase certeza. — Falou e Eva riu baixo, batendo no espaço ao lado dela. Pietra caminhou até lá e se sentou próximo a avó, deitando a cabeça no ombro dela. — Está tudo bagunçado aqui dentro. — Confessou baixinho. — Mas eu vou arrumar.

— Do jeito certo?

— Do jeito que der.

— Chocolate... — Começou e a mulher suspirou, sabendo que a avó daria um sermão. — Você não acha melhor pensar um pouquinho sobre tudo e depois tomar a decisão correta? Agir “do jeito que der” não é uma boa maneira de lidar com os problemas, porque isso só faz outros problemas surgirem e, quando você for ver, vai estar atolada de coisas. — Disse carinhosa e fez a neta olhar para ela. — Pensa. Sobre você, o que sente, o que gostaria de verdade de fazer, de falar... pensa sobre todas essas coisas. E depois sobre o Gabriel. E o Júnior. E tudo o que estiver afligindo esse coraçãozinho. — Colocou a mão lá.

Destinos Traçados ━━ Neymar Jr.Onde histórias criam vida. Descubra agora