Destinos Traçados ━━ Neymar Jr.

Oito

∾

São Paulo - SP, Brasil
três dias depois

Há três dias, Neymar Júnior só conseguia pensar em duas coisas: beijo e Pietra. Melhor dizendo, tudo o que passava em sua mente, a todo instante, todos os dias desde o ocorrido, era o beijo que ele e a amiga tinham dado após ela pedir para que ele a ensinasse.

Júnior não se arrependia do beijo, havia sido muito bom em sua percepção, mas tinha que confessar que ficou incomodado ao lembrar que foi apenas um beijo “teste”, para que Pietra pudesse beijar Victor sem medo de acabar fazendo algo errado e, como ela mesma disse “fazer papel de idiota” na frente do garoto. Por isso, não via a menina há três dias, evitando qualquer contato possível e pedindo para que Rafaella, sua irmã, mentisse dizendo que ele não estava em casa todas as vezes que Pietra fosse o procurar.

Vinha dando certo e Neymar estava feliz por isso. Mesmo amando muito a amiga e tentando não deixar que um simples beijo estragasse a amizade de anos, ele ainda não se sentia preparado para a encarar e ouvir ela dizer como foi seu beijo com outro.

Batidas na porta do quarto o fizeram se afastar dos pensamentos — sobre o beijo —, e olhar para lá.

— Rafaella, se for a Pietra, diz que não tô. — Falou, já que nos últimos dias a única que batia em sua porta era a irmã.

Neymar voltou a atenção para o teto, até pular de susto com a porta do quarto abrindo com força e batendo na parede, fazendo um barulho alto. Com os olhos arregalados, Júnior olhou para lá, encontrando Pietra em sua pose de brava: braços cruzados, peso do corpo apoiado em uma só perna e batendo um dos pés no chão.

— É assim, Júnior?! — Perguntou e ele fez careta, se sentando. — Estou vindo aqui todo santo dia e você mandando a Rafaella mentir, muito mal, vale ressaltar, que você não está?

— Os outros dias não era mentira. — Disse e a garota semicerrou os olhos na direção dele.

— Está mentindo!

Neymar bufou, soltando o corpo na cama mais uma vez e aceitando que nunca conseguiria mentir para Pietra sem que ela percebesse. Aquilo também acontecia quando era ao contrário. Os dois se conheciam bem demais para não saberem quando um deles estava mentindo.

Pietra apenas suspirou e fechou a porta do quarto com cuidado, caminhando até a cama e se sentando na ponta.

— Trouxe pudim pra você. — Falou baixo, colocando o pote ao lado de Neymar na cama.

— Hum, eu adoro o seu pudim!

— Eu sei. — Ela sorriu de leve.

Observou Júnior se sentar mais uma vez e pegar o pote, usando uma colherzinha dentro dele para pegar o primeiro pedaço do pudim e levar até a boca. Pietra seguiu todos os movimentos dele, encarando a boca de Neymar demoradamente e lembrando perfeitamente de quão bom foi a beijar.

Sentia vontade de repetir. Não sabia se aquilo era certo, até porque os dois sempre foram só amigos, e já tinha ouvido várias histórias de “amizades coloridas” que deram errado e, no fim, não teve nem beijos e muito menos amizade, e não era o que ela queria para eles dois. Pietra não fazia ideia de como viveria sem Neymar para a encher o saco e deixá-la feliz, sentindo-se a melhor garota no mundo, tudo ao mesmo tempo.