Capítulo 22 - Pais e Filhos

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Após voltarmos ao acampamento, descansei o que pude, e logo cedo fui me aventurar à procura do ouro que prometera mandar a Zalim, em nome de Cabeça de Porco

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Após voltarmos ao acampamento, descansei o que pude, e logo cedo fui me aventurar à procura do ouro que prometera mandar a Zalim, em nome de Cabeça de Porco. Aproveitei a caminhada na fresca e ensolarada manhã para espairecer a cabeça. Mas enquanto avançava pela floresta, algo chamou minha atenção.

Parei o passo. O som de risos acariciou meus ouvidos novamente como fizera na tarde anterior, na campina. Era como o som de uma criança correndo despreocupadamente numa colina e se divertindo. Mas não havia ninguém ali além de mim.

Ouvi o grito rasgar o céu, e notei o gavião, que sempre acompanhava o Fantasma da Neve, dar voltas em torno de mim antes de seguir um voo baixo rumo a montanha, quase como se me guiasse.

Segui-o pelo campo, pois a ave traçava o mesmo trajeto que eu parecia me lembrar. O perdi de vista em um pedaço de floresta, mas acabei chegando a um amontoado de ruínas, que dava com uma abertura conectada ao interior da caverna. Uma parte devia ter desmoronado com o tempo.

Na água que enchia o chão, cheio de lodo e tijolos de pedra, eu podia ver boiar algumas peças perdidas do ouro, que devia ter vindo de dentro em alguma enchente. Me aventurei pela água e comecei a guardar as peças na minha bolsa, adentrando a parte não desmoronada do amplo cômodo, encravado na montanha.

A bolsa já estava quase cheia quando ergui meus olhos e bem a minha frente, sentado em uma pedra, o gavião me observava, como se me fizesse companhia. Ergui meu corpo, guardando a última peça de ouro na bolsa, e encarei o bicho. Me prendi em seu olhar, e senti quase como se eu estivesse afundando.

A forma estranha como a ave me fitava parecia dizer algo nas entrelinhas. Me lembrava de como um gavião havia salvado a mim e a minha mãe de sermos vítimas de Farok. Naquela época, Hednir dissera que o Gavião nos havia protegido. Seria aquela ave, que seguia de perto o Fantasma ruivo, algo de especial?

Minha resposta veio cedo, quando os olhos do gavião brilharam um brilho azulado, e meu martelo de guerra respondeu, zumbindo e brilhando da mesma cor que os olhos da ave assumiram.

Ergui o martelo e volvi meu olhar dele para o gavião e do gavião para ele. Havia aquela lenda de onde eu vim... De que o Rompe-Muralhas era o martelo do próprio Gavião do Norte. Se o martelo respondia àquela ave à minha frente, seria ela uma representação do dito deus?

Tornei a ouvir a risada, e meus ombros se tencionaram. Eu sentia uma presença viva me cercando pouco a pouco. Uma brisa fez sacolejar as folhas da floresta e acertou meu rosto, com frescor. E após a brisa eu ouvi o riso no pé do meu ouvido. Me virei, pronto para atacar, mas não vi ninguém.

— Gunnar... — Ouvi a voz feminina chamar, como se bailasse no vento. — Gunnaaar. — Brincou, melodiosamente.

Girei em círculos à procura do que quer que fosse. O martelo ainda reluzindo, o Gavião ainda me fazendo companhia. Mas a voz feminina não possuía corpo.

O Martelo das Bruxas - Volume II: As Crônicas dos Guardiões do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora