Capítulo 33 - A discípula Myra Petris

61 3 13
                                    

         Quando Anna me chamou para sair e comprar ervas, achei que seria uma hora perfeita para me provar como sua leal cavaleira

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

         Quando Anna me chamou para sair e comprar ervas, achei que seria uma hora perfeita para me provar como sua leal cavaleira. Então qual não foi minha surpresa quando olhei em volta, e Anna não estava.

         Meu coração parou no peito. Como eu podia tê-la perdido?

         Me forcei contra a multidão, gritando seu nome, mas não obtive resposta. E se algo acontecesse com ela?

         Gunnar e o Ruivo nunca a teriam perdido. Eu já havia percebido que eu não era nada como eles. Eu estava bem longe de ser forte como eles eram. Como eu sequer podia me chamar de guerreira ou de cavaleira sendo tão ruim assim?

         Continuei a correr pela cidade, procurando-a esquina por esquina, mas não a vi em lugar nenhum. Um aperto se formou no meu peito. Eu não podia voltar sem ela! Mas se eu esperasse demais também, algo poderia acontecer. Eu teria que encarar a Gunnar e ao Ruivo e dizer-lhes a verdade: que eu nem sequer servira pra proteger a Anna.

         Eu corri pela rua, trombando em algumas pessoas pelo caminho, mas quando menos esperava, me senti sendo puxada pela gola da minha camisa para trás. Ergui o rosto disposta a derrubar quem quer que fosse no chão, mas o braço do estranho se apertou, e senti sua respiração tocar minha orelha:

         — Fique quieta, minha jovem... — Um homem murmurou com uma voz grave e suave. — Ou podem te punir.

         Não entendi do que ele falava, mas fitei a rua. Notei que as pessoas se afastavam e reverenciavam um grupo de três homens que usavam máscaras brancas em formato de animais, ornamentadas com traços vermelhos, e vestiam capas brancas.

         — Me punirem por quê? — Eu me vi perguntando. O homem me soltou devagar. Volvi meu olhar para trás para vê-lo melhor.

         Ele tinha longos cabelos negros, cobertos em parte por um chapéu de bambu cônico e grande, e a pele alva contrastava com os cabelos. Seus olhos eram puxados e negros como os das pessoas de Stoffel e Long Mu, mas ele possuía pálpebras duplas, diferente de muitos de seus conterrâneos.

         Usava um casaco negro com um desenho em branco, que se assemelhava a uma ave, e notei que em sua cintura ele levava uma espada com um pomo pequeno e redondo e com a empunhadura trançada.

         Nas mãos ele carregava um cajado, em cuja ponta redonda se formava um círculo de madeira, envolto em argolas de metal que criaram um som de sinos quando ele as mexeu.

         Reparei em seus ombros largos e no sorriso simpático que ele esboçava, diante de seu rosto bem talhado e pele perfeita. Era sem dúvidas mais bonito e delicado do que muitas mulheres, mas não deixava de ser masculino.

         — Não corra por aí como uma manada... — Ele murmurou, segurando a ponta do chapéu.

         Fechei a cara e o encarei, mas ele tinha um sorriso bonito no rosto amarelo.

O Martelo das Bruxas - Volume II: As Crônicas dos Guardiões do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora