Capítulo 72 - O coração de um homem Felkor

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Quando o Sol raiou, já estávamos todos reunidos ao redor do lago conforme ditava a tradição: o despertar de uma nova Era devia ser iniciado no despertar de um novo dia

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Quando o Sol raiou, já estávamos todos reunidos ao redor do lago conforme ditava a tradição: o despertar de uma nova Era devia ser iniciado no despertar de um novo dia. Apesar da celebração ter sido preparada em cima da hora, parecia que quase todo o reino viera acompanhar a minha posse.

Bisonte riria se visse a forma como tive que me vestir, com as roupas tradicionais dos primeiros nômades mahins que chegaram ao vale. Eram roupas leves, propícias para o mar e o calor, mas bem mais coloridas do que o preto que eu sempre costumava usar.

Haviam muitos rostos conhecidos na multidão, e alguns desconhecidos mesmo entre os líderes. Eu não havia tido a oportunidade de conhecer a todos em nível pessoal, mas pareciam estranhamente entusiasmados... Era difícil saber se pela celebração ou pela oportunidade de festejar.

A celebração em si era simples: lorde Felkor fez um discurso apaixonado que gerou lágrimas em alguns, mas não demorou a ceder lugar aos líderes de cada tribo, que me entregaram uma oferenda simbolizando seus votos de servirem sob a Casa Felkor, mas de também ajudarem a guiar o Vale no caminho da prosperidade.

Eu jurei meus votos de proteger o Vale com tudo de mim e evitei me prolongar. Minha cabeça doía um pouco e por algum motivo aquele dia me trazia muitas memórias desagradáveis da minha infância... E muitas perguntas sobre porque eu estava mesmo fazendo aquilo.

Uma voz dentro de mim apontava com fervor o cinismo daquela situação, repetindo as palavras duras que eu disse a Anna em Zalim, direcionando-as para mim mesmo. Coisas sobre liberdade e dever, que em algum momento pareceram se tornar caminhos completamente separados.

Me ajoelhei, repetindo palavras e a coroa pousou sobre a minha cabeça: parecia pesada demais... Talvez fosse o peso da responsabilidade que eu não queria ter. Havia uma grande parcela de mim pronta para sair dali à galope e nunca mais voltar.

Na minha discussão interior, nem mesmo meus avós pareciam mais ser consolo suficiente. A única coisa que me prevenia de dar um passo sequer para longe era o pensamento de que Anna não daria sua mão a um ninguém-ladrão. Até me perguntei se ela gostava mais de mim ou do lorde Felkor que eu acabara de me tornar, pois de alguma forma os dois não pareciam a mesma pessoa.

Meus devaneios foram interrompidos pelo som de palmas e tambores e a mão firme do meu avô empurrou minhas costas com cuidado para que eu me pusesse a andar até o trono no palanque que arranjaram. Os líderes de tribo vieram atrás, sentando-se metade de cada lado e precisei acenar antes que a música começasse a tocar e a festa começasse.

Valeses adoravam ter uma desculpa para festejar e beber o dia inteiro e aquela era uma das poucas ocasiões em que a Cidade Alta pagava um banquete aos membros da Cidade Baixa. Como alguém que viera das ruas de Zalim, me era bem mais natural me ver como alguém da Cidade Baixa, apesar de toda aquela celebração ter sido feita para mim.

Apesar de cansado, me mantive sentado no palanque com os outros líderes de tribos para que os moradores da Cidade Baixa pudessem nos cumprimentar.

O fluxo de pessoas diminuiu quando a música ficou mais agitada e os presentes ficaram bem mais interessados em ouvirem a apresentação do que cumprimentarem um bando de nobres. Torben tocou algumas músicas e as Saikhans prepararam uma dança.

O Martelo das Bruxas - Volume II: As Crônicas dos Guardiões do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora