Capítulo 15 - Pássaros e Dragões

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— Capitão

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— Capitão... — Eu disse, ofegante, enquanto os olhos impacientes dele ainda fitavam o horizonte escuro dos corredores. — O que acontece se alguém se perder?

— Provavelmente nunca mais achará o caminho de volta. — Água Negra respondeu. Virou-se, talvez depois de ver minha expressão de choque, apenas para contemplar o mesmo que eu: o profundo e assustador escuro, do longo corredor vazio atrás de nós dois.

— E se todos eles se perderem? — Eu insisti, fitando-o. E sua expressão pareceu tão preocupada quanto a minha, ao perceber que nosso grupo havia se perdido de nós.

Em algum lugar entre aqueles longos corredores, havíamos nos separado dos demais, e Água Negra era o único que sequer sabia o que estava fazendo ali, o que significava que os outros não conseguiriam encontrar seu caminho de volta.

Eu senti meu peito acelerar. Eu não tinha ideia do que fazer para ajudá-los naquela imensidão fantasmagórica... Ou sequer por onde começar a procurar. Água Negra, porém, se limitou a soltar um pesado suspiro antes de se virar novamente na direção para a qual seguíamos antes.

— Vamos. — Ele ordenou. Fitei-o, sentindo minha respiração pesada.

— Não podemos deixá-los! — Eu insisti, mas ele se pôs a caminhar. Segui em seu encalço, sem deixar de encará-lo, esperando que o homem pudesse ceder.

— Os encontraremos mais tarde. Estamos andando em linha reta, então era impossível de se perder... Não consegue sentir, Pássaro? — Ele perguntou, e eu não compreendi sobre o que falava. Meu silêncio o fez explicar: — Há outros do seu povo aqui dentro... Fizeram ninho neste palácio? Que ironia... — Ele murmurou, perdido em seus próprios pensamentos.

— Há outros Asas Místicas aqui dentro? — Eu perguntei, olhando em volta, à espera de notar aquilo que o pirata notara, mas nada vi.

— Devem ter feito os outros se perderem. — Ele comentou.

— Como?

— Você não sabe nada sobre o seu povo mesmo, não é? Que desgraça essa nova geração é para os antigos.

— Então me conte. — Eu pedi. Água Negra ficou quieto por um tempo, enquanto seus passos cada vez mais largos e rápidos ecoavam no corredor.

— Sabe... Você é muito poderosa, para uma Asa Mística da tribo da Terra, que perdeu as asas... — Ele murmurou.

Pareceu refletir sobre o que ele mesmo dissera, enquanto eu me mantinha em silêncio. Eu não podia permitir que ele descobrisse muito sobre mim. Ainda assim, eu estava curiosa, pois o homem podia ter as respostas que eu procurava. Deixei escapar um suspiro aliviado e discreto quando ele cedeu, e prosseguiu por conta própria:

— Os Asas Místicas eram majestosas aves no passado. Suas asas e seu brilho glorioso cobriam o céu de esplendor, e eram parte de seu orgulho. Mesmo as ninfas paravam para assistir a beleza sobrenatural que emanavam. Eles e os dragões dividiam o céu. Naquela época, os homens não eram nada. — Ele começou a contar, enquanto caminhávamos.

O Martelo das Bruxas - Volume II: As Crônicas dos Guardiões do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora